quarta-feira, 9 de março de 2011

As novas rotinas

Recomeço tudo de novo. Já o tinha tentado fazer há um mês atrás, mas tantas complicações impediram que as tornasse as rotinas sustentáveis.
Temos da rotina muitas vezes a pior das opiniões ( como antigo engenheiro da área da Qualidade não posso pensar assim, pois passamos a vida a pregar as vantagens da repetibilidade dos processos), no entanto são as rotinas que nos dão o esteio em que apoiamos os pés sem cair em falso, e nos permitem entrar na banheira, alimentar, deitar, acordar, estar a horas, etc. É sobre essa base que se constrói a criação. Certo, as rotinas vêm do mais básico, mas quando alguém decide por nós as rotinas, quando as fazemos, ou deixamos de fazer, quando outros decidem, então estamos no grau zero da vida....

É desse grau que estou a sair. Assegurando, após dois dias de casa, algumas coisas básicas, sequências de tarefas para as quais a minha força já me deu autonomia. Também, fora do nivel da rotina procuro outras coisas menos "automáticas" como manter este blog "egocêntrico", em que falo sobretudo de mim, para quem de mim quiser saber, manter o diário escrito no qual tudo o que se passou comigo está registado, bem como outras impressões laterais... ler, ouvir música (coisas que há 2 meses não era possível), sobretudo escrever é para mim uma grande "fisioterapia", pois a coordenação neuro-motora carece de treino, pois está um pouco afectada, e o uso de medicamentos imuno-supressores, fazem-me tremer as mãos, pelo que tenho de fixar bem a mão no acto da escrita. Só desenhar ou pintar não me aventurei, mas tudo na sua vez.

Agora nestes dois dias sinto melhoria dia a dia, embora haja coisas a controlar. Tenho tido o apoio do Centro de Saúde de Ourique, médica de família, enfermagem, fisioterapia, em que concelho da periferia dos grandes centros tal se passaria?

E sobretudo tenho tido um grande apoio da Maria Augusta, que que faz o máximo que pode, sem no entanto abandonar algumas das suas obrigações no Instututo Piaget, no que faz bem. Não se pode ajudar os outros, apagando-se a si própria, embora saiba quanto lhe custa. E reduzir a vida ao papel de cuidador é muito redutor, e não sei se seria aquilo que espero.

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