terça-feira, 14 de junho de 2011

Pausa


Fiz uma pequena pausa, por um lado porque tenho ocupado algum tempo com a pintura, que depois colocarei aqui, e tem sido difícil, pois a posição de pintar provoca-me fortes dores lombares, que continuam a atazanar... Tenho tentado manter assim a cabeça bem ocupada, mas as costas não querem que me esqueça delas, e manifestam-se através da dôr.

Terminei a leitura de "As três vidas" de João Tordo, romance com que ganhou a Prémio Saramago em 2009. este já é o terceiro romance do autor, tendo também já lido o quarto chamado "O bom Inverno". Trata-se de uma obra de ficção com um enredo forte, absorvente e rara. Digo rara porque não me parece que o sentido da escrita vá neste sentido em Portugal. A sua carga de suspense, o facto de ir buscar uma personagem ficcionada, embora, mas com raízes na história do século XX, e simultâneamente ter encontrado uma carga intimista sem deixar de nos contar uma história. António Augusto Millhouse Pascal, personagem chave do romance é alguém que atravessou o que o século passado tem de pior. Torcionário, filósofo, psicólogo, mercenário, homem de cultura, é o homem para quem o nosso narrador trabalha. E à medida que vamos descobrindo aquela personagem, o narrador descobre-se a si próprio, como no romance "O bom inverno". São pontos em paralelo entre ambos, esta descoberta de nós no outro.

António Augusto é uma personalidade de ficção poderosa, que desejamos ir descobrindo. O autor vai-nos conduzindo, com a sua escrita clara e muita mestria, pelos caminhos dessa descoberta, que vão do Alentejo a New York, dos primórdios da Segunda Guerra Mundial, à Guerra Fria e aos seus resquícios.

Quem ainda não descobriu João Tordo deve fazê-lo. Esta é uma boa obra para nos dar esse pretexto.

Na imagem João Tordo e José Saramago.

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