segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Para quê o joio se temos o trigo ?

Num panorama livreiro marcado pelo advento das "estrelas" da televisão, arvoradas em "escritores" é bom nem entrar por aí... Para quê, se existem em Portugal homens como Virgílio Ferreira, quase esquecidos, sem reedições, mas que se podem encontrar nas Bibliotecas Municipais (ainda ... até que os arrumem nos fundos por falta de espaço, para pôr no seu lugar estas "estrelas candentes"). Comecei a ler ou reler "Aparição".

Breve passeio ao interior ostracizado ...

Santa Clara a Velha. Visitei ontem, procuravamos algo que existe, mas não se encontrou por falta de qualquer sinalização na estrada que indicasse essa unidade de turismo rural, junto à barragem (Quinta do Barranco da Estrada). Depois seguimos para a vila, uma indicação de outra dessas unidades, o Azinhal, acabou perdendo-se e só a pergunta a várias pessoas permitiria encontrar, mas acabou por se perder também a vontade. Depois quisemos ver a barragem de Santa Clara, linda a perder de vista, e junto à qual uma Pousada da antiga rede de Pousadas de Portugal, prometia uma pausa, após uma hora de curvas e estrada em obras de manutenção na sua parte final, mas ao subir a rampa da dita nem sinal de vivalma. Tinha fechado no dia 9 de Outubro e abrir só de novo lá para Abril, como estará nessa altura? Entretanto, o lago impõe-nos a sua vista deslumbrante, e junto à água quatro ou cinco auto-caravanas, todas de matrícula estrangeira, usufruíam do prazer da paisagem, roupa estendida, cadeiras na rua, grelhadores à espera da carne, sem pagar um tostão, a fazer por aqui o que nos seus países não se pode fazer, que é campismo selvagem. E a vila a passar ao lado, sem tirar partido das condições naturais de deixar a boca em forma de Óh !!! Ficam algumas fotos, da vila, do lago e da pousada, agora fechada.

Um apelo lamentável

A ser verdade é triste, é lamentável e não devia ser assim. Segundo li o Secretário de Estado da Juventude, Miguel Mestre, fez um apelo, numa conferência em S.Paulo, a que os jovens portugueses desempregados, em vez de esperarem, naquilo que chama, "zona de conforto" (vulgo a casa dos pais...), deveriam emigrar. Depois perora acerca das vantagens de levar o know how português aos confins do império, e outras aleivosidades. Ora longe de mim descurar as vantagens de conhecer países, novas experiências, novos contactos, espírito empreendedor, ver novas culturas, trabalhar sob outras formas de organização. Mas agora sugerir que emigrar é solução para o desemprego dos jovens é o que se chama "atirar a toalha ao chão", por parte do Governo. Emigrar, ficar, ir ou não ir é uma decisão pessoal, e não uma "orientação" política. Ao Governo compete tudo fazer para manter os cérebros, e já agora os braços! Exportar mão de obra como quem exporta mercadoria, isso não. Faz lembrar o célebre ditador Ceaucesco, que mantinha os romenos à fome para exportar as batatas que lá faziam falta. Que falta de censo ...

domingo, 30 de outubro de 2011

Mudança de hora

Entrámos no horário de inverno. Em breve as noites começam às 5 da tarde e de início amanhece um pouco mais cedo. Em breve vai começar a música insurportável do "djingle-bell", a época natalícia dos presentes, do consumismo desenfreado, da irracionalidade do quero, não posso mas compro. Agora com o corte de 50% do subsídio de Natal, talvez venham a refrear as "ganas" gastadoras dos portugueses. Deus escreve direito por linhas tortas.
Preparemo-nos então para cerrar os ouvidos, fechar os bolsos e apertar os casacos. Vem aí a Popota com o seu cortejo de consumo disfarçado de caridade, vem a união de todos os de "boa vontade" em torno do Toys'or Us, as filas do Continente e os preços do Pingo Doce. Deus nos dê força para suportar, e nos permita passar esta fase de pressão sobre a nossa sanidade.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Vinte anos e um dia

Terminei a leitura de "Vinte anos e um dia", romance de Jorge Semprun. Espanhol, francês, cidadão do mundo, Semprun talvez seja uma das personalidades mais fascinantes da Europa do século XX. Nascido em 1923, faleceu em Junho deste ano. Nascido em Espanha, viveu em França desde cedo por ser filho de personalidades políticas da Republica Espanhola. Fez um percurso político no PCE, foi internado em Buchenwald pelos nazis e sobreviveu; mais tarde veio a abandonar o PCE. Já no período da democracia foi ministro da cultura no final dos anos 80.
Este romance, que eu considero dos melhores que tenho lido, data de 2003, e entre a ficção e a realidade, está assente na recordação de um assassinato em 1936, de um filho de uma grande família rural, o qual, no final da guerra é reconstituido todos os anos com os seus participantes, ou descendentes, numa tenebrosa cerimónia de expiação. Mas Mercedes Pombo, jovem viúva, esposa do jovem assassinado, vai-nos recordar a relações eróticas escondidas, os rituais privados, o ambiente "espesso e violento" do pós~guerra em Espanha. Um romance excepcional, um autor que acaba ele próprio envolvido na trama.

A morte

Já me atormentou, já me preparei para ela, embora como diz o escritor Lobo Antunes "ninguém está preparado para a morte", já a imaginei na minha frente. Mas quando nos desaparece alguém com mais de noventa anos, fica-se a pensar, independentemente da intensidade dessa vida, o que o ser humano pode ter visto, pode ter vivido, se aproveitou a oportunidade que lhe foi dada. Deus dá a todos mas tira quando quer. E o que dá é enorme, é tudo e não é nada, depende do que fizermos com aquilo que ele nos dá.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Fumo branco

Parece que os líderes europeus finalmente encontraram bases de entendimento. Perdoa-se parte da dívida aos gregos, recapitalizam-se os bancos onde foi "ferrado" o calote, para evitar que com esse perdão se afundem, aumenta-se o FEEF mas ainda para um valor insuficiente, e espera-se que "os mercados" se acalmem, tudo isto pago pelos contribuintes europeus, pois os bancos vão ser ressarcidos de uma forma ou de outra. Basta ver o que se passou com o Dexia, banco franco-belga, que recebeu 90 mil milhões para compensar os calotes da Grécia, Itália e outros, enquanto os 10 milhões de portugueses receberam 78 mil a pagar em 3 anos com língua de palmo. Diga-se é melhor que nada. Mas, e se os mercados não acalmarem, e se a Grécia, agora a respirar um pouco melhor, apanha uma pneumonia, e se a Itália e Espanha são atacados pelo virus do endividamento, haverá dinheiro para socorrer ? Como dizia alguém, parece que com o Bucha e Estica não vamos lá...

O sr. deputado volta à carga

Na comissão de Economia, o sr deputado Paulo Campos ex-secretário de estado adjunto das Obras Públicas, quis defender a honra perdida e lá foi carregado de power-points para provar que de 2005 a 2011 as PPP nas autoestradas em nada derraparam, e comparou valor de OE de 2005 com os valores de 2012. E não é que os valores eram quase iguais! Que rica herança nos foi deixada pelo seu governo, concluiu. Só que houve um deputado que de máquina de calcular em punho fez as contas e descobriu a tramóia. É que os custos das PPP no OE 2012, já incluíam o pagamento de portagens nas SCUT, pelo que se tal valor fosse considerado a cargo do Estado iria aumentar o custo das PPP em 14 mil milhões de euros. Este é o real valor da diferença, que o sr Campos quis esconder. Mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo.

Por onde anda o nosso dinheiro

Ficámos a saber que o Estado se vai endividir mais 8 mil milhões de euros para assumir parte das dívidas das empresas públicas, nomeadamente as de transporte, à banca. A este valor soma-se a fatia do bolo para o BPN, que vai em 3 mil milhões, para cobrir as aldrabices do sr Oliveira Costa e comparsas, e ainda mais 4,5 mil milhões para refinanciar as empresas públicas. Já para não falar na dívida a Madeira. Assim são muitos subsídios de férias e de Natal, pelo que não parece credível voltar-mos a receber tal "benesse" nos próximos, muitos, anos. Certo as dívidas têm de ser pagas, mas para estas não contribuímos.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Adiar, adiar, adiar...

Parece ser essa a estratégia dos grandes lideres europeus. Deixar para a última, decidir em cima do arame, ver se algum milagre evita ter de tomar decisões. E entretanto a Grécia afunda-se na convulsão social, Portugal na embrulhada dos buracos financeiros e na austeridade sem perspectivas, e o euro parece cada vez mais dificil de salvar, face à incompetência de muitos e a voragem de alguns. Agora é na quarta feira que tudo se decidirá, mas há lugar a perguntar, de que mês e de que ano ?

Franz Liszt

Para recordar aqui os 200 anos do nascimento do grande compositor e pianista hungaro, que passou no sábado 22 de Outubro. Aqui remeto para o blog "A matéria do tempo" onde se pode ouvir trechos de Franz Lizst.

A Lâmpada de Aladino

Continua a minha incursão pela obra de Luis Sepúlveda. Talvez o mais realista dos escritores da América Latina, talvez por ser para mim uma descoberta recente, me está a entusiasmar. Chegou a vez dos contos. Deste autor chileno li agora uma colectânea de contos de 2008, "A lâmpada de Aladino". São histórias, ficções de locais, personagens que nos agarram, recordações do autor. Gostei e penso continuar esta incursão. Sepúlveda tem uma caracteristica muito própria, os seus textos estão ancorados numa realidade permanentemente datada, mas os textos não se desactualizam, permanecem, por outro lado há sempre um ligeiro humor na sua escrita, que nos torna a leitura agradável e sempre temperada pela obsessão do Sul. Apropriado para este blog.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Mais uma volta mais uma viagem ...

Nova ida a S.Marta ontem. De transporte público, agora com maior autonomia e mobilidade. Já sou conhecido de ginjeira naqueles longos corredores, esta mais uma, em dezenas de idas ao Hospital. O essencial está bem, o coração usado aguenta-se, as costas queixam-se um pouco, mas menos, o rim esse parece estar a ser sensível à medicação tomada, e o seu desempenho está em queda ligeira. Entretanto alguma da medicação tem sido retirada, a pensar nos rins. Veremos para a próxima como vai reagir. Esta ida foi um 4 em 1. Exames, consulta de cardiologista, endocrinologia, e até psicologia. Se juntar pequeno almoço e almoço oferecido, estamos bem de ver o valor que este dia custa ao SNS... mas enfim, para isso pagámos ao longo da vida, né !!!

A morte do ditador

Como quem com ferros mata com ferros morre, Kadafi teria de acabar assim, morto pelos "ratos"  que quis exterminar, arrastado pela multidão que durante anos escravizou, sem o apoio de todo o povo que ele dizia que dava o vida por ele. Agora está tudo mais simples. O novo poder pode respirar de alívio, o povo líbio liberta-se de antigos medos (e prepara-se para novos ?), o caminho para os poços de petróleo está aberto, agora sem problemas de consciência para as potências ocidentais, e as empresas de construção esfregam as mãos, nada melhor que reconstruir um país destruído, ainda por cima com muito dinheiro para pagar as contas (na Líbia a dívida externa é zero). Tudo  está bem quando acaba bem, muitos mortos depois. Claro que o povo mostrou que os ditadores também se derrubam, embora nos países onde o poder temporal e espiritual se confundem tudo é mais dificil, caso dos islâmicos. Outros que se preparem. Seria melhor ter entregue Kadafi ao TPI, sim seria, mas não era a mesma coisa. O povo quer ver sangue, embora para o ditador a humilhação fosse maior, ser tratado com a justiça que negou aos outros. Dificilmente se pode dizer "paz à sua alma".

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Regresso à origem

Amanhã nova consulta de rotina em S. Marta. É sempre um regresso à casa de origem, curioso este cordão umbilical que me liga ao Hospital, mas que torna este regresso periódico um risco de que me retenham por lá. Já sucedeu, mas nada leva a que suceda agora. Uma destas rotinas passa-se com a chegada antes das 8h00, já estão de seringa em riste para retirar sangue, a seguir a urina para urocultura, depois o pequeno almoço, pois chego em jejum, um raio X toráxico, um electrocardiograma, um ecocardiograma e uma consulta para verificação dos valores obtidos e correcção da terapia se for caso disso. Esta consulta apenas tem lugar de tarde, pois há que esperar o resultado das análises feitas. Faço também uma consulta com a endocrinologista, para analisar o estado dos diabetes. è um dia inteiro, com muitas esperas, e onde em geral acabamos convivendo com outros transplantados, 2 ou 3, que ou estão internados ou nas suas rotinas também. De periodicidade mensal é mais aceitável, e menos cansativo. Esta a situação que deverá manter-se no próximo ano ou anos, depende de como as coisas evoluirem. Melhor será que dure muito tempo assim...

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Uma agulha no palheiro

Publicado em 1951, "Uma agulha no palheiro" é considerado uma das grandes novelas americanas, um verdadeiro clássico, e antecipa em muito uma geração de jovens inadaptados que haveria de caracterizar o que se passaria mais tarde, já na década de 60. Terminei a sua leitura, e a figura do seu protagonista Holden Caulfield, caracteriza bem uma juventude crítica relativamente ao que a rodeia, que não se revê na cultura de vida vigente, e que está em ruptura com um mundo que lhe querem impôr como seu. Apesar do tema ser de sempre, o tipo de ruptura aqui retratada é bem marcada no tempo, tendo já pouco a ver com os dias de hoje. O que ali se trata é de um jovem que não cresce, hoje cresce-se mas mal. Todos querem ser adultos cedo, mas viver como crianças retardadas, recolher o melhor de dois mundos...

O autor J.D.Salinger é ele próprio uma estranha personagem, que publicou muito pouco, embora o sucesso deste livro permaneça por décadas. Viveu num isolamento quase total, recusando uma vida pública, tendo vindo a falecer em 2010.

Os bombos da festa

O ministro das Finanças deu ontem mais uma entrevista à RTP. Desta vez não anunciou novos impostos porque entretanto já o tinha feito na apresentação do OGE que ontem mesmo entregou. Ficamos a saber que o próximo ano será o "cabo das tormentas", e mais uma vez os bombos da festa serão os funcionários públicos e os pensionistas. Sobre eles recaírá o principal dos cortes, desde o 13º e 14º mês, verão também os seus impostos aumentar, seja directa ou indirectamente pela via do corte das deduções. A isto se junta a austeridade que afecta a todos, com aumentos de IVA em produtos básicos, com a reformulação das comparticipações nos medicamentos, aumentos de custos de energia, entre outros. E não se vê o fim da linha, pois o ministro foi muito evasivo na duração do esforço. Verdade que o país não aguenta, mas a alternativa, a bancarrota, parece ser ainda pior. Enquanto há vida há esperança, e agora está tudo com esperança na reunião do dia 23 em que os chamados "lideres europeus" vão tomar decisões históricas... Será que é desta ?

Manuel da Fonseca

Passou no passado dia 15 de Outubro cem anos sobre o nascimento de Manuel da Fonseca. Poeta, romancista de pendor neo-realista, escreveu entre outros os romance "Cerromaior" e  "Seara de Vento" estando também compilada a sua "Obra Poética". Está um pouco esquecido, injustamente, do grande público, o que partilha com muitos outros escritores portugueses. Reli alguma da sua poesia enquanto aguardava o novo coração.

domingo, 16 de outubro de 2011

O sobrevivente

Chegar aqui foi uma odisseia. Este blog é testemunha das diversas etapas dessa odisseia e dos vários estados de humor, de espírito e de capacidade física pelos quais fui passando. Desde uma grande debilidade física, ao cardiograma no monitor, que mais parecia uma construção clandestina, sequência de arabescos sem lógica, até à esperança de acordar pelo menos no dia seguinte. Para ocupar a cabeça por vezes tentava imaginar que música poderia acompanhar os meus restos mortais, ou nos dias de óptimismo, como seriam as portas da sala de operações no 3ºandar. Afinal, há um ano não imaginaria posar para a foto que a Maria Augusta tirou ontem e que aqui apresento em estreia. Menos vinte e tal quilos, alguma tendência para entortar, mas a esperança reforçada. O risco permanece, mas o ponto de partida mudou. Obrigado a quem tornou tudo isto possível. Infelizmente o contributo principal foi dado por alguém a quem foi retirado o direito de prosseguir a sua vida. Mas esta é mesmo a lei da vida.

Exposição do grupo Giracôr



As anfitriãs, a Manuela Vale, nossa orientadora, e a Drª Clara responsável da BML


Os artistas reunidos, poucos portugueses e poucos homens...
O público presente
Como já tinha aqui referido num post, foi inaugurada ontem a exposição do grupo onde me incluo, e onde tento aprender alguma coisa das técnicas de pintura. Foi no átrio da Biblioteca Municipal de Lagoa, e correu bem, como habitual, muita gente, lá estavam os "artistas", os seus quadros, nos quais estão dois da minha autoria. É sempre um incentivo poder mostrar trabalhos, se bem que numa exposição colectiva se perde sempre a lógica e o sentido de projecto, neste caso ainda pior por não haver um tema único. Mas enfim, temos uma oportunidade e a Drª Clara fica com a sua Biblioteca bem mais interessante, com cerca de 30 quadros a preencher as paredes bancas. Podemos ver algumas das fotos.



Janela em Alcarias

Janela em Ourique

O meu contributo foram duas janelas, obtidas a partir de "pesquisa" em Ourique e na aldeia de Alcarias, também no concelho de Ourique, sendo que nesta procurei um estilo mais "naif", enquanto na anterior estamos num registo naturalista.

sábado, 15 de outubro de 2011

Choque e pavor

Após a comunicação do primeiro-ministro o país entrou em estado de choque. Pior do que se poderia imaginar, nem no pior dos cenários se teria imaginado dois anos sem subsídio de férias e 14º mês. Recuaram nos 5% de diminuição das pensões mas as novidades são de aumentos de IVA, corte das deduções fiscais e outras tantas malfeitorias; bombos da festa são neste caso os funcionários públicos, os pensionistas. No entanto mais meia hora de trabalho por dia e redução de feriados parecem medidas sem impacto real nos resultados pretendidos. Espero ainda para ver exactamente os cortes na Saúde, que me afecta em particular. O pavor instala-se e a esperança murcha. Estamos na hora de resignação ... enquanto alguns ex governantes seguem para novas aventuras filosóficas... Não sei se Portugal por este caminho vai pagar as suas dívidas, o que sei é que os portugueses, desta forma, não vão conseguir pagar as deles.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Orçamento para o inverno soviético

O Governo aprova hoje a proposta de OGE para 2012. As piores das piores hipóteses confirmam-se. Os buracos sucedem-se, as receitas ficam aquém, pudera esticam a corda e acabam por matar a galinha dos ovos de oiro, as despesas continuam dificeis de controlar, até porque as medidas têm sido anunciadas mas poucas aplicadas, aguardando para OGE 2012. Assim aumento em todos os impostos, introdução de taxas, portagens, privatizações, cortes em regalias sociais, tudo vai valer para passar o défice de 5,9 (já se sabe que é artificial, com receitas extraordinárias, que não são receitas mas manips contabilisticas, pois o défice real vai aos 8%), para 4,6% valor final de 2012. Pior a economia vai retrair-se, a expectativa de novas receitas é nula, e atá a Grécia parece querer "ajudar à missa". País deprimido, povo resignado, governo sem soluções, troyca de espada afiada, sindicatos a falar de "aumentos salariais" (.....), patrões sem dinheiro para matérias primas, mesmo havendo clientes e encomendas, créditos reduzidos ao mínimo, bancos a escaparem pelo buraco da agulha, e todos os dias 9 milhões de euros são transferidos para off-shores, ouvi dizer pois nunca os contei, economia paralela com tudo para disparar. É de fujir !!!

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Andar ou chegar a uma meta ?

Fazer aquilo que eu chamo "ir buscar o jornal", parece-me que tem sido uma boa solução. Perceba-se, uma coisa é caminhar sem objectivo, outra é sair de casa com uma finalidade e saber-se que tudo se fará para tentar cumprir essa finalidade, dentro das capacidades disponíveis. Assim sinto-me "obrigado" a ultrapassar os obstáculos que surgirem, de forma a chegar lá. Não é andar por andar, não é caminhar, é ir cumprir uma meta estabelecida. Esse movimento tem sido benéfico, apesar de continuar a haver queixas na coluna, mas sem fazer asneiras, cerrando os dentes, descansando as vezes que forem necessárias, escolhendo trajectos mais amigáveis acaba-se sempre por chegar a porto seguro, acaba-se por "levar a carta a Garcia". Agora tem sido assim todos os dias. Vamos continuar.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

O velho lia romances de amor

Escrito em 1992, lançou Luís Sepúlveda como escritor reconhecido, também em Portugal. Quase 20 anos depois acabei do ler, nesta descoberta da obra do escritor chileno, agora que o Chile até já passou de moda. Romance no qual a ficção se centra sobre a relação com a natureza agreste, com o que é vil, com o equilibrio entre o homem e o seu meio. Numa vilória da Amazónia equatoriana um predador (uma onça), luta pela vida, mata para cumprir um destino tão real quanto o dos homens, movimenta-se pela mesma pulsão vital. Mas para sobreviver o homem tem também de matar. O velho encontra aqui uma lógica, uma justiça, onde outros apenas encontram vingança, diversão ou negócio. Pequeno romance para ler ou reler e retirar lição para a vida.

Sacrificios iguais... regalias iguais

Neste momento o Governo dá os últimos retoques no OGE para 2012, que se adivinha será dos mais penalizadores de que há memória. Todo o menu das medidas de austeridade lá está representado. Aumentar impostos, baixar salários e pensões, aumentar preços de bens essenciais como a electricidade, transportes, aumento de impostos indirectos, caso do IVA, aumentos de taxas moderadoras, corte de regalias sociais, portagens em todas as SCUT, entre outras "malfeitorias". Nisto o "gorila" da Madeira diz que "recusará fazer mais sacrifícios que os outros". Pois é e quando tem mais regalias ? também recusa ? Vejamos, a título pessoal acumula uma reforma com o salário de Presidente de um Governo Regional, de uma região que tem o dobro da população da freguesia do Algueirão... coisa que no continente já há anos que é interdito. Nessa região o IVA é 16%, aqui é 23%; não se pagam taxas moderadoras; a palavra "portagem" não existe; muitos dos transportes públicos são "de borla"; os funcionários públicos ganham mais para compensar os "custos da insularidade"; os transportes aéreos para o continente têm desconto de 50% para residentes entre outras benesses. E agora vem falar de igualdade. Que topete !!!

Exposição em Lagoa

O grupo a que pertenço, nas aulas de Pintura, vai fazer uma exposição colectiva a partir do próximo sábado 15 de Outubro até final de Dezembro, na Biblioteca Municipal de Lagoa. Tenho lá dois quadros meus que depois mostrarei aqui, bem como fotos do evento, que decorre sábado próximo pelas 16h30. O grupo chama-se Giracôr, daí o título da exposição. Alguém que tiver lido este post fica convidado.

Exposição de Pintura em Ourique

Pode-se ver na Biblioteca Municipal Jorge Sampaio, em Ourique,  uma exposição em pastel do pintor Luis Athouguia. Fui ver, cores quentes e fortes, estilo surrealista, imagens geométricas. Verdade que não é o estilo que mais me entusiasma, mas vale a pena dar uma vista de olhos, pois aqui as oportunidades são poucas. A frieza de alguns dos quadros afasta-me um pouco, mas devemos ver também aquilo que eventualmente nos interessa menos. Fica aqui um exemplo. Os valores dos quadros andam dos 800 aos 2000 euros ...

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Comprar o jornal

Agora arranjei um pretexto para andar mais um pouco. Um objectivo fixo, ir comprar o jornal. Com esse pretexto vou de casa ao centro da vila e regresso, sendo que este regresso é a subir e tenho de me sentar, naqueles bancos onde os mais velhos se sentam aqui no Alentejo à espera, da espera. Quando regresso as pernas começam a negar-se e só vejo o banco para me sentar, mas acabo por chegar a casa depois de duas ou três etapas vencidas, e com 45 minutos de caminho nas pernas. O coração agradece e os diabetes recomendam. Os donos dos jornais também não se queixam...

Amarga maioria

O Vice-Rei da Madeira conseguiu a sua 45ª victória eleitoral, em 33 anos. Perdeu votos ? perdeu, mas que importa, ganhou e pensa poder continuar a governar através dos malabarismos, da chantagem, dos truques de cartola, das chapeladas e outras coisas até que o deixem. Penso que agora tem um problema, acabou-se o dinheiro e o crédito, e não há mais buraco ou cratera onde esconder as dívidas, e o povo da Madeira, quando a factura vier vai ver como foi enganado. Aí é ele que tem de arranjar um buraco onde se esconder, pelo menos de vergonha (se é coisa que tenha). O discurso de victória de ontem foi um verdadeiro churrilho de disparates, de alguém que ganhando, se calhar preferia perder, para poder iniciar já a sua estratégia de victimização, em que é perito. Esta maioria é amarga, pois vai obrigar a fazer uma coisa para a qual não está preparado, governar sem dinheiro.

Sérgio Godinho (com) sentido

40 anos depois de "Sobreviventes", eis mais um disco do sobrevivente, Sérgio Godinho. Mantém o mesmo estilo de sempre, embora o fulgor por vezes seja intermitente. Canções bem escritas, letras com muito sentido, arranjos bem feitos para os quais contou com apoios de peso. Este album, "Mútuo Consentimento", foi muito promovido, e teve um marketing raro neste autor, e julgo que está a vender. Com algumas pérolas dentro, desde logo "Bomba relógio", escrita para Cristina Branco, e agora gravada pelo seu autor, embora prefira a versão da CB; "Dias consecutivos" também contando com a participação de Bernando Sassetti, que fez a música, "Faz Parte (o retorno das audácias)", que conta com coautoria de José Mário Branco. Acredito que não será com este disco que SG conquista novos públicos, nem precisa, mas para os "de sempre", nos quais me conto, é um trabalho a ouvir, com atenção. É o 14º CD de SG na minha prateleira, e garanto que não tenho todos...

Vila Galé Club de Campo


Fica aqui um local onde se pode passar uma manhã numa esplanada, ler um jornal, um livro, tomar alguma coisa, e regressar. No meio do Alentejo, em Albernoa (a 6 km), rodeado de vinhas, e o sol do sul, quando lá estiver, e agora até está para ficar. Outros voos se podem fazer como almoçar, caro para o que é oferecido, estadia, spa, etc. Mas para já tomar uma água ou um café, chega para usufruir de uma calma que enche a alma. Claro que a qualidade das instalações é ao nível do grupo Vila Galé de que faz parte. Ficam algumas fotos para abrir o apetite.

Um campo do Alentejo em Ourique

Mais um quadro que fiz acerca deste tema. Não me agrada totalmente, estive para o destruir, escapou, calhando vou alterar algumas coisas. Mais uma vez a paisagem é primaveril. Tem cerca de 2 meses de vida e é mais um acrílico. Fica aqui para atirar pedras à parede.

sábado, 8 de outubro de 2011

Este senhor está-me a irritar... (2)

Paulo Campos, ex-Secretário de Estado Adjunto das Obras Públicas, Transportes e Comunicações dos dois governos Sócrates, deixou-nos uma herança pesada. Empresas Públicas de Transportes falidas, ausência de alguma estratégia nesta área, portos em estado moribundo, obras faraónicas e inúteis, projectos irrealizáveis, Fundação das Comunicações Móveis carregadinha de dívidas quando devia gerir contrapartidas, etc, etc. Ora era este mesmo senhor que ontem se ria a bandeiras despregadas na Comissão de Obras Públicas, enquanto o ministro apresentava a situação catastrófica a que o sector chegou, e que todos nós vamos ter de pagar. Não que seja o único responsável, muitos houve em vários partidos, mas um pouco de recato, uma vontade de discutir sériamente, em vez destas atitutes despropositadas, como se tivesse de orgulhar da obra feita. O Partido Socialista tem de analisar  a forma como se quer relacionar com o passado recente, sob pena de perder os portugueses, e tomar consciência do papel que quer ter. Assim não senhor deputado.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Uma semana fora da rede

Já há uma semana que não venho ao blog. Ausência prolongada por não estar junto de uma ligação. Dá para avaliar como as coisas correm durante uma semana. E várias ocorreram. Para já estou um ano mais velho, pois mais um aniversário se passou. Um igual a tantos outros, agora talvez com o sabor de uma nova esperança, dado que faz um ano estava na cama dos cuidados intermédios de S. Marta cheio de interrogações, mas muitas esperanças também. Hoje as esperanças são mais realistas e as interrogações mantêm-se. Normal ! Nesta semana desapareceu alguém que deveria viver mais anos, embora nos anos que viveu, marcou mais o mundo que a maioria de nós (todos juntos). Refiro-me a Steve Jobbs, que me permitiu por exemplo, ouvir alta fidelidade enquanto esperava por um novo coração. Obrigado por isso. Nesta semana Isaltino foi preso, mas logo solto. Singularidades da justiça portuguesa.

Mas coisas não mudaram na semana. O "Bokassa" da Madeira, como alguém se lhe referiu em tempo, permanece a sua peregrinação pela asneira, pela demagogia mais rasteira e pela falta de vergonha.Até quando?  Imaginemos este político de uma república das bananas a dirigir este país, como seguramente já terá sonhado. Enfim, felizmente este fim de semana termina a campanha na Madeira, mas certo de que não terminará a carreira deste profissional da batotice. Que pena certos políticos não saberem retirar-se a tempo... não podem não é ?