quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O compromisso

Vai aí uma barreira de contra-informação relativa ao chamado "Compromisso para o Crescimento a Competitividade e o Emprego", mais conhecido por "Acordo" entre a UGT e as entidades patronais, barreira essa centrada numa comunicação social ávida de "desacordos", de "polémicas", e onde a CGTP tem sempre "boa imprensa". Asneiras, inverdades, para não dizer mentiras...
A primeira delas é que a componente laboral deste "acordo" representa  menos de um terço do seu conteúdo, e tudo o resto acerca de temas tão relevantes como financiamento, energia, transportes, etc, é pura e simplesmente ignorado. Depois dizem que os "trabalhadores" nada ganharam. Pois é, fazer um esforço para ter empresas mais competitivas, baixar custos para se conseguir exportar mais e assim manter ou aumentar emprego, implementar o banco de horas, quando muitas empresas, sobretudo no sector automóvel, já o têm há anos, com impacto positivo na estabilidade do emprego (casos Autoeuropa, Salvador Caetano, HUF, etc), substituir algumas pontes por dias de férias, fazendo aquilo que se chamava no passado, "transformar 1 dia de férias em 4 dias", e evitando o custos associados ao arranque e paragem das instalações na indústria, é "contra os trabalhadores"... permitir acumular subsídio de desemprego com salário, de forma regulada e legal, prática corrente no mercado negro de trabalho, em que o conluio empregador-trabalhador permitia esconder um trabalho não declarado com o subsídio, também é uma medida "que prejudica o trabalhador", baixar a indemnização por despedimento, é uma medida que protege o empregador porque "por definição" a coisa que um empresário mais adora fazer é despedir trabalhadores. Francamente !!!!  Tenham juízo e vejam em que país estamos, e como está o país aonde estamos....
Vem ainda a tese da CGTP que a meia-hora foi "derrotada" por eles. Vão mas é dar banho ao cão !!!! Quem é que derrota uma medida destas sem dar nada em troca ????  O que deu a CGTP em troca, ausência, incapacidade de negociar, pois nada tinham para negociar porque o partido que a comanda não o permitirá jamais, pois assim podem ter as maõs livres para o seu programa de acção. Coragem sim a da UGT, e de João Proença, que com a sua minuciosa capacidade de negociar, de dosear greve com negociação, permitiu que medidas que, seriam aplicadas por força do "memorando", viessem a ser substituidas por outras.
Quer dizer que tudo é bom? Não, claro que não. A baixa da remuneração extraordinária parece-me exagerada, o que penso é que com o banco de horas já se tinha reduzido muito a necessidade deste tipo de trabalho. Retirar incentivos à assiduidade parece-me mal, embora eu julgue que muitas das empresas privadas bem geridas os vão manter, pois o risco de perder esse incentivo impede muita gente de faltar.
Regresso ao feudalismo, dizem os gurus da CGTP, tenham senso!!  Assim estão a transformar-se aos poucos no único papel que vos está reservado, que é, canalizar os trabalhadores para manifestações e depois, procurarem conter a sua "raiva" dentro dos limites do aceitável. Se isto é que defender os trabalhadores, não vejo para que é que estes hão-de pagar as suas quotas para serem encaminhados como força de choque de uma clique de profissionais da política que nada obtêm de útil para eles, e para o país em geral.
Dizem que este acordo pode ser o suicídio da UGT, vamos ver a prazo quem sai mais descredibilizado deste filme, mas para mim é a CGTP que caminha para o abismo da irrelevância.

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