domingo, 19 de fevereiro de 2012

Uma entrevista que interroga

Ontem à noite entrevista de Maria Filomena Mónica no programa da SIC Notícias, "Portugal Sec XXI". É conhecida a sua tendência para as posições pouco alinhadas, para a controvérsia e a polémica. No palco mediático, onde um corropio de comentadores desfilam a dizer aproximadamente as mesmas coisas, ou as coisas que estão em alinhamento com a sua origem politica-partidária, vale a pena ouvir alguém que diz o que lhe vai na cabeça, assume contradições, tem uma visão transversal, e não se limita a amplificar o "deja-vu". Assim ficámos a saber, se já não sabíamos, que "não tem orgulho de ser portuguesa" e explicou, que "é de esquerda", embora em geral associada a boas famílias, que não concorda com o actual Governo "mas olha com expectativa para o que Passos e Gaspar estão a fazer para evitar o abismo", que "enquanto a lei eleitoral não se alterar, e possa saber quem é o seu deputado eleito, não vota", "que os portugueses esperam um déspota esclarecido", que embora concorde com o essencial das ideias expostas por Nuno Crato "receia que este seja triturado pelo polvo da máquina administrativa", que um director de escola lhe confidenciou que "o Ministro da Educação pode saber o que os alunos estão a almoçar na cantina, mas eu não tenho acesso ao menu nem sei a qualidade do que é servido" ( a menos que vá ver...), isto para exemplificar o grau de centralização sufocante que se vive, que considera a "liberdade" o principal factor que nos deve a unir, pelo que não sabe o que é o tão falado "neo-liberalismo", pois tem do liberalismo a melhor das imagens. Fala-nos de um país subserviente, em que o "dinheiro que demos ao Estado está a ser mal aplicado" o que nos condena a uma pobreza quase certa. Fala-nos da mentalidade de Zé Povinho, figura que faz um manguito pelas costas em vez de enfrentar quem o afronta. Não é optimista, mas a sua clareza e as suas assumidas contradições questionam.

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