terça-feira, 13 de março de 2012

O primeiro dia

Um domingo de Março de 1978, começaram as primeiras dores e algumas indicações de que a criança estava cansada da sua "zona de conforto", como se diz agora. Tinha sido um dia de domingo de sol, no subúrbio mais suburbano de Lisboa, a Reboleira, e a gravidez aproximava-se do seu final.
Perante tais sinais, decidimos que seria altura de ir até ao Hospital, com calma e sem preocupações. Final do dia, descemos do 8ºandar, e a pé percorremos os dez minutos que nos separavam da estação dos comboios da Damaia, para apanhar comboio para o Rossio. Aí de táxi até ao Hospital Particular onde o acompanhamento tinha sido feito, e onde a médica iria assistir ao parto como combinado.
Avaliada a situação, o caso ainda estava por horas, mas dado que teríamos de retornar, ficou logo ali decidido internar para prever o que se poderia passar no dia seguinte, isto após avisar a médica, que desde logo "marcou" para a manhã seguinte o parto, já nessa altura os médicos e não os bébés escolhiam o dia e a hora que mais lhes interessava.
Voltei a casa pelo mesmo trajecto e usando os mesmos meios de transporte.
Manhã seguinte, segunda feira, quando retornei ao Hospital já se estava a finalizar o parto. Pelas 8h00 nasceu, era uma menina, coisa que só se soube naquele momento, pois nessa altura as ecografias eram ainda uma miragem. Até já tinha nome. Após algum tempo já foi possível vê-la no berçário, tinha um colar no pulso, respirava com muita calma, e ao final da manhã já se pôde ver a mãe, após um recobro sem surpresas. Era dia 13, mas tinha sido sinal de sorte. O dia acabou por ser passado por ali, entre mãe e filha, pegando num peso tão leve, que parecia ainda não ser de uma pessoa. Tudo simples, tudo calmo, sem ambulâncias, urgências, dramas ou cuidados excessivos.
Vivia-se a outra velocidade e tudo acontecia com muita naturalidade, tínhamos ainda todo o tempo do mundo.

2 comentários:

  1. E depois foi uma trabalheira essa miúda! Para mim valeu e vale a pena todos os dias, por ti, pela mana, e por todos os que fazem ou fizeram parte do meu mundo e o tornaram melhor.

    Beijinho pai, obrigada por teres decidido sê-lo!

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    1. Foi de facto uma decisão assumida. Naquela altura era assim, as coisas tinham um tempo próprio, nem demais nem de menos, e tudo corria com a velocidade do transporte público. Não se ía a correr se se podia apenas andar...

      Beijinho

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