quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Zeri i popullit ...

A banalização das manifestações relembra os melhores (ou piores consoante o ponto de vista...) dias do PREC. Banalizar, desvaloriza, e torna já indiferente a presença de uns rapazolas ( alguns alcoolizados) em frente da AR, mas desvaloriza as verdadeiras ondas de expressão da vontade das pessoas, como o 15 de Setembro. Claro que, a CGTP, passando a imagem de esquerda ordeira, também se vai servindo indirectamente, para criar clima para a greve geral já convocada. Não gosto de ver o que se passou hoje depois da aprovação do OE. Primeiro uma manif da CNA (????), a seguir vêm os portuários, que agora não trabalham nem lutam, e estão a usufruir do seu fundo de greve há cerca de dois meses perante um país a ver as exportações a "apodrecer" nos portos, depois vem a CGTP, e o inevitável Arménio, bota discurso, baza, e deixa lugar aos radicais, para fazerem o trabalho sujo, atirar garrafas e deitar fogo a 2 ou 3 caixotes do lixo . Parabéns à nossa PSP, que apesar de ter agentes bem mais enpobrecidos e explorados que muitos dos manifestantes, tem dado provas de capacidade de encaixe, profissionalismo, bom senso e moderação. E muito cuidado com o mito do "povo ordeiro", não é do povo que vem o problema...

PS está Seguro

Seguro diz que tem um caminho alternativo, "o do crescimento e do emprego". Só é pena não nos dizer concretamente, com medidas alternativas, como seria esse caminho. Como faria se tivesse de conviver com a troyca, como, infelizmente Sócrates e outros políticos recentes do PS e PSD nos obrigaram. Para além da demagogia, há um dia em que vai ter de explicar quais as "cartas" que tem na manga, pois para já parece que não tem coisa nenhuma, apesar do seu ar indignado. Que falta faz António Costa neste PS. Pois precisamos que nos sejam apresentadas soluções políticas e não apenas proclamações grandiosas. E já que falam tanto de pedidos de desculpa, quando é que este PS apresenta de vez pedido de desculpa pelas suas políticas entre 2005 e 2011, e assumem os erros, pois não deixa de ser confrangedor ver tanta exigência da parte de quem tão mal conduziu o país. Assim ninguém acredita, nem neste Orçamento, mas esse ao menos existe e sabemos o que é e o que nos espera, mas menos ainda nas alternativas que ninguém conhece.

Orçamento 2013

Segui com alguma atenção pela RTPIn o debate do OE. Centrou-se mais na ideia de qual o papel do Estado, o que levou a que o OE fosse pouco referido, para além das declarações genéricas e proclamações altissonantes. Mas cada vez se vê menos interesse do Governo em aceitar alternativas, e pouco interesse das oposições, em particular do PS, de as propor. A discussão está para lá das ideias, e pessoaliza-se, em certos momentos chega-se ao nível da "conversa de café". Para um debate parlamentar é pouco.
Quanto à discussão do papel do Estado, estamos falados. Pretende-se cortar 4 000 milhões e as chamadas "gorduras" ou já foram ou não se querem encarar. Assim ataca-se a carne !!! Vamos discutir qual a Saúde que o Estado vai deixar cair, qual a Educação que pode ser passada a privados (onde pelos vistos os custos são menores), quais as prestações sociais não contributivas ( dádivas do Estado...) que se vai deixar de pagar. É disto que se trata, e julgo que é muito importante para todos que esta discussão seja feita com todos. Já agora, se é verdade que há uma diferença de 400 euros por aluno entre ensino público e privado, se no ensino básico e secundário estão cerca de 700 000 alunos, então 280 milhões de euros podem ser retirados ao orçamento do ensino público. Certo ?

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Refundar

A linguagem de PPC foi enriquecida com um novo verbo, refundar. O problema é que quando este verbo se aplica ao "memorando da troyca" ninguém percebe nada do que se quer dizer. Pois PPC deixou claro que refundar não é renegociar. Pois não, para mim é mais do que renegociar. Se é, que tenha cuidado, pois para Seguro isto será musica celestial, pois é o pretexto perfeito para saltar definitivamente fora do memorando, e dizer "nada comigo", tinhamos assinado mas era o outro documento... e cortar as poucas amarras que ainda o prendem. Agora não seria melhor cumprir aquilo a que nos comprometemos, e nada mais do que isso, e se querem alterações nas ditas "funções do Estado", o melhor é dizerem claramente o que querem e em próximas eleições pôr à consideração dos eleitores, depois decidimos. Agora, depois de ignorar o PS durante meses, de faltar à verdade com a ilusão de tudo estar bem, vem agora querer colaboração, é um pouco tarde, não !

domingo, 28 de outubro de 2012

Manifestação no Baixo Alentejo

Ontem manifestação em Beja, autarcas, empresários, população em geral, buzinão a favor da construção do IP8 e do arranjo do IP2, pois "Beja é das poucas capitais de distrito sem acesso a auto estrada", diria que talvez a "unica".
Vamos  por partes. Quem foi que disse que todas as capitais de distrito têm de ser servidas por uma auto estrada ? O que devem ter é boas acessibilidades, auto estrada ou outra. Ora é manifesto que os acessos a Beja são péssimos, e eu sei bem do que falo. Várias vezes tive de me deslocar do hospital de Beja a Lisboa em ambulância, e não vos digo nem vos conto a experiência, dado o estado miserável da estrada que liga Beja à A2, com raízes das arvores a migrarem para debaixo do alcatrão e a fazerem enorme lombas. Agora não se poderia fazer uma boa estrada nacional, bem dimensionada e com bom piso? Custaria um décimo de uma AE e já estava feita. O embuste do aeroporto de Beja, e a tal teoria da capital de distrito, juntando a megalomania de Sócrates levaram a que agora não exista nada. Depois ainda pior, as obras iniciaram-se e gastaram-se 35 milhões em obras incompreensíveis. No IP2, que liga Évora, Beja, Castro Verde e A2, meia dúzia de enormes viadutos foram construídos, que ligam nada a coisa nenhuma, dando origem a nós que não servem para nada, nem para os borregos atravessarem, em Albernoa, Trindade, Penedo Gordo entre outros, destruiram a piso do IP2 nesses locais, onde as obras entretanto pararam e agora incomodam e são risco de segurança, sobretudo de noite e não se vislumbra quando se concluam pois a Tecnovia não consegue financiamento e o Estado fechou a torneira. Em resumo, as ilusões e o logro em que caímos, agora paga-se com juros. A ambição da AE leva agora a quase só ter caminhos de cabras. Entretanto a planicie alentejana está rasgada com grandes estradões, restos mortais de mais um projecto gorado do socratismo. Triste destino...

sábado, 27 de outubro de 2012

Pela manhã

Hoje pela manhã, na "capital do porco alentejano", sede do "congresso do presunto", o que nos "enche de orgulho", a chuva e as nuvens permanecem sem trazer a água prometida. Entrevista na Antena 1 com o Presidente do Município, a pretexto da TDT e dos 6 meses do seu arranque, e 6 meses de mau serviço. Parece que Ourique foi dos Municípios prejudicados do que mais se mexeu, chegando a uma oportuna queixa ao Provedor de Justiça que terá tido algum resultado. Depois disso a PT tem actuado, e parece que as coisas melhoram ( no meu caso noto melhorias, embora com falhas pontuais). O Presidente diz que agora é a cara dele que está em causa. Ainda bem que ainda há quem dê a cara pelos munícipes. Só espero que quando chegar a altura de definir a taxa do IMI, a cara não se esconda... pois nós não queremos a taxa máxima !

Gaspar nas jornadas

O PSD e CDS decidiram fazer umas jornadas parlamentares comuns. A ideia é boa, mas aproveitam para a transmitir em boa parte na televisão, para uma promoção das suas ideias. Ontem, depois do jantar, veio a sobremesa, o ministro suporífero. Desta vez, no lugar de um discurso monocórdico e tecnicista, um discurso político, embora ainda monocórdico. Mas para quem o ouviu com atenção, ficamos sem perceber nada. Embora falando que o processo de "ajustamento" é uma maratona, não deixou de dar a imagem de que tudo está bem, 2/3 do trabalho está feito, vamos ter superavit na balança com o exterior ( dado que as importações baixaram pois o consumo caiu, não é de admirar ), as exportações aumentam, a confiança está a regressar, e no final vamos ter cortes 61% na despesa e 39% aumento de receitas, como contributo para o equilíbrio. Só não explicou, se tudo está bem como é que os indicadores estão mal, se tudo está dentro do previsto, porquê o "enorme aumento de impostos" ? Alguém está a faltar à verdade.

Soares é fixe ?

Em artigo de ontem e em entrevista na RTPIn Soares diz que o Governo se deve demitir "honradamente", ou ser demitido pelo PR (não diz com que pretexto). Acrescenta que não quer eleições, pois demoram a realizar, e tudo ficaria na mesma, pois o PS ganharia sem maioria. Quer dizer, registo, que lhe é indiferente o PS ser o partido mais votado, pois sabe que, de uma maneira ou outra, a política seria aproximadamente a mesma. Então porque é que o PPC se deve demitir ? Para gerar uma crise ainda maior e ser o principio de um segundo resgate, o que já parece inevitável, mesmo sem qualquer crise política. Soares é fixe ? Nã...

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Círculo perfeito

Ontem na Quadratura do Circulo, SIC Notícias, o debate perfeito sobre a situação que vivemos. Excelentes intervenções dos 3 participantes, Pacheco inteligente como nunca, Costa claro e incisivo, Xavier lúcido e pedagógico. Opiniões para todos os gostos, e Costa nem é  deles o maior critico da actual "governança". Não podendo aceder a tudo, saliento um aspecto, talvez nem o mais importante. Gaspar, o ministro suporífero, veio dizer que os portugas têm de dizer qual o Estado Social que querem pagar... ora, é a propósito do corte de 10% ou 6% no subsídio de desemprego que isto é dito !!!!  não é óbvio que queremos que os minimos dos minimos se mantenham ???  Não é este o Estado Social que não queremos pagar, mas sim o Estado Social que não controla os seus gastos, que dá pensões despropositadas a alguns que pouco descontaram, que atribui RSI sem controlo eficaz, etc. Mas a propósito deste assunto foi dito, e eu concordo, que todos pensamos que pagamos muito e recebemos pouco. Por este caminho dos cortes, e do aumento de impostos, vamos pagar cada vez mais e receber cada vez menos. Só se sai deste ciclo pelo aumento da riqueza, ie, produzindo mais, exportando mais, consumindo mais daquilo que nos é essencial, e é produzido no país, e isso não é compatível com um ambiente de recessão como aquele para onde vamos sendo conduzidos.

Remodular

Sedentos que estão de dar notícias, ontem toda a comunicação social, comentadores, opinadores, "leaders de opinião", senadores e outros senhores, opinaram sobre uma coisa a que chamaram eufemisticamente ou por vergonha a mini-remodulação. Na realidade nem mini nem micro. Saiu um secretário de estado, por motivos alheios, e entrou um novo, ao que parece, por necessidade de preparar com atenção o regresso aos ditos mercados e para reforçar acompanhamento das privatizações. Nada que tenha algum impacto político significativo. Mas as notícias são as que temos. E os opinadores também. Para mim, mais significativo foi o Dr Marques Mendes "anunciar" ao país que até final do ano serão "de certeza" extintas 1150 freguesias. Claro que os números redondos são sempre falsos...  Mas espero que não seja como a Parque Expo, extinta há ano e meio e ainda lá está.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Há quem se preocupe com o meu pé

Estranho titulo o deste post. Parece que o pé é qualquer coisa que está tão lá em baixo que não merece atenção. Tão rente ao chão que é como se não existisse, a menos que doa. Não é verdade... Fui convocado para uma consulta para analisar o pé, coisa que para um diabético é muito relevante. E lá fui. Bom atendimento, atenção e recato. Tudo bem, mas sem que tenha de fazer nada, e ainda, sem pagar nada, pois tenho isenção. Posso dizer mal do SNS? Não posso. Posso pedir mais a estas pessoas ? Não posso. Posso medir mais ao ministro Macedo ? Não posso ? Posso pedir ainda mais ao país que se preocupa comigo e gasta comigo o dinheiro dos contribuintes ? Não posso. Sei que nem todos terão estas "atenções" e não ignoro o sofrimento de muitos, mas que eu tenho a sorte de estar nos sítios certos com as pessoas certas, tenho !!! e a elas devo a saúde... e sem dúvida anos de vida !

Subsídio de desemprego em baixa

Baixar, mesmo em 6%, o valor mínimo do subsídio de desemprego é imoral, e servir-se dos mais pobres para contribuir para o pagamento de uma dívida para a qual não foram verdadeiramente chamados, nem dela usufruiram nem das infraestruturas realizadas, é uma decisão cruel e sem sensibilidade social, sim senhor !!! Tem razão quem o diz, mesmo que seja o pobre Seguro. É verdade que o Estado não pode pagar tudo, claro. Mas o minimo do subsídio de desemprego, não deveria ser ainda mais baixo do que é (julgo que 419,22 euros passando a 394,06 euros). Não é digno e penso que com facilidade se arranjaria alternativa, pois a poupança é mínima. E não venham com a conversa de estimular a procura de emprego, pois se as pessoas não o encontram é apenas porque... não há.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Era possível acabar com a crise se "eles" quisessem

Hoje no Jornal i, para quem quiser ler aqui, um artigo de Paul Krugman, Nobel da Economia, retirado de um livro recente, ao que julgo, em que mais uma vez nos indica um caminho que poderia ser seguido pela UE para conduzir ao fim  da crise. Claro que para isso seria necessário a Alemanha prescindir, ou ser obrigada a prescindir, daquilo que está a ganhar com a crise, ou seja, financiamento sem juros, ou mesmos com juros negativos, e deixar de preconizar políticas luterano-punitivas aos "pecadores", sem no entanto se perder o rigor orçamental. A ideia, já exposta por Krugman, seria de utilizar as diferenças salariais entre Norte e Sul, para estimular o Norte a comprar e o Sul a exportar, de forma a equilibrar as economias dos países em dificuldades.

Finalmente

Alguma chuva forte no Alentejo ressequido. Vem para ficar, parece que sim. Depois de uma madrugada chuvosa o cheiro dos campos parece devolver-nos uma alegria pela dádiva.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

A tempestade perfeita

Vem a notícia de que as receitas fiscais já caíram 4,9% só este ano. Apesar do aumentos de impostos, nomeadamente IVA, as profecias auto realizaram-se. Quem falou em fadiga fiscal, acertou. Agora, a receita cai, a despesa não desce (ainda ontem Medina Carreira pôs a nu que a despesa orçamentada para 2013 aumenta relativamente a 2012 ), o deficit aumenta em valor, e mais ainda em % do PIB pois este está a reduzir devido à recessão. Se deficit aumenta, mais medidas de austeridade (quais ???), mais recessão, mais quebra de receitas, e voltamos ao principio. A isto chama-se uma "espiral recessiva", ou no mar "uma tempestade perfeita". E nós, os nossos empregos, pensões, filhos, netos, salários, depósitos, quem os tem, casas, bens, no meio dela. Nada bom augúrio. E á frente um Governo em desnorte. Podemos confiar ...

Há uma janela aberta

Inpirada numa janela da vila de Garvão, aqui mesmo ao lado, uma janela esquecida aberta e o cortinado saiu à rua aproveitando a abertura, escapou-se e juntou-se à "voz da rua", que agora é tão popular. Fica aqui mais uma janela a juntar à vasta coleção. Qualquer dia convenço-me de que não sei fazer mais nada do que janelas, e daí ... nunca se sabe.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Diz a toda a gente... que é segredo !

Continua a grande "palhaçada" nacional chamada segredo de justiça.  Tal como aconteceu a Sócrates, e a tantos outros, agora PPC. Ainda o CD com as escutas não tinha saído da PGR, e já estava nas capas dos jornais, a vender os poucos que se vendem, e que se julga que com estes truques se aumenta tiragens. Mas o que dizia era pouco ou nada, como convém para aguçar apetite para os próximos episódios. Uma vez julgado na opinião pública, é dificil  recuperar, pois todo o fim de semana a notícia abriu os telejornais, para afundar na lama a imagem de um político que deve ser julgado por outras razões, as políticas. Prioridade para a Drª Joana Vidal é mesmo limpar o Ministério Público desta e doutras pragas que envenenam a Justiça, e corroem a democracia. Será assim tão complicado seguir o rasto do CD, ou pura e simplesmente não há problema e estas situações contam com a complacência dos elementos do MP ?

As greves e a economia

Os trabalhadores portuários (vulgo estivadores), estão de greve em alguns dos portos nacionais desde inicio de Setembro, quase há dois meses. Também os pilotos das barras. Pergunta-se como é possível? É, porque, sendo uma mão de obra de elite, que em tempo souberam negociar, e prenderam as mãos das entidades empregadoras, a esquemas de remuneração mirabolantes, transformando a imprevisibilidade do tráfego no seu maior aliado, e conseguindo formas de pagamento incompatíveis com essa inprevisibilidade, que lhes permite receber sempre, trabalhem ou não, com horas extra e alcavalas de todas as espécies. Esses níveis de remuneração permitiram que constituissem um fundo de greve, coisa rara, que lhes paga os salários quando em greve, pelo que a greve pode durar meses sem problema. O país é que não aguenta tais dislates. Claro que as greves têm sempre impacto negativo na economia, senão não teriam eficácia, agora tudo tem limites. Os limites do bom senso, os limites da razoabilidade, que neste caso já foram ultrapassados. Antes não seria possível pararem para pensar um pouco. Assim aonde vamos parar ? Vamos destruir tudo, incluindo os empregos destes senhores e os dos outros. Haja juizo !

sábado, 20 de outubro de 2012

Poortugal

Parece que o último número da "The Economist" faz eco de uma graçola, de que á imagem do "Allgarve", cujo nome foi "mudado" para atrair turismo, o próprio nome do país poderia passar a ser "Poortugal" dadas as circunstâncias. Ora, para quem quer fazer crer na imagem da credibilidade externa aumentada, trata-se de uma piada de "britcom". Mesmo assim, segundo analistas, a imagem externa melhorou mesmo, porque os decisores financeiros estão-se nas tintas para o sofrimento dos povos, para quem governa ou não governa, para as desavenças do CDS com o PSD (coisa normal em vários países, bastando ver Cameron e Nick Clegg sempre à "estalada"), o deficit, o crescimento, etc, tudo coisas para consumo interno. Apenas lhes interessa se o risco ainda permite comprar dívida, e a forma como se implementa o memorando da troyca dá.lhes essa garantia,  e quanto se ganha com essa compra e posterior venda, ie, qual a mais valia, e aí ninguém se queixa, pois os ganhos são da ordem dos... 40% num ano. Mesmo que a dívida não seja paga, é um excelente negócio !

A minha velha escola

O Presidente do IST encara a hipótese de fechar temporáriamente alguns serviços, ou até a própria escola por tempo indeterminado, devido a cortes no seu orçamento. Antigo aluno desta escola, de 1971 a 1978, é com um nó na garganta que ouço esta novidade inesperada que espero não se confirme. Claro que o Técnico de hoje nada tem a ver com a "minha velha escola", pobre de meios, repressiva, palco de confrontos permanentes no pré e no pós 25 de Abril, mas local vivo, boa escola, que me ajudou a ser quem sou, e que hoje é uma verdadeira escola de referência. Esperemos que Crato ponha a mão na consciência, e conte que façam cortes noutras coisas pois, sendo certo que estamos a formar pessoas para emigrar, se pararmos de o fazer estamos a "investir" na ignorância, o que se irá rever no futuro. E este país não é para desaparecer.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Manuel António Pina (1943-2012)

Há bem pouco tempo tive comigo "Todas as palavras" que reune a poesia de Manuel António Pina. Alguns poemas li, muitos não consequi ler, outros fotocopiei, como os doze poemas de "Cuidados Intensivos". Era um poesia dificil, estranha para mim e melancólica, dentro daquilo que me tocou. Era um quase desconhecido, embora popular como cronista do JN, quando o ano passado recebeu o Prémio Camões, pela sua obra poética, e restante obra. Morreu hoje com 68 anos.

Como é que aqui chegámos ?

É uma pergunta que faço a mim mesmo todos os dias e não encontro uma resposta, mas muitas respostas. Nem tudo se resume ao agora vulgarizado jogo do "tiro ao Sócrates". Vem de mais longe, e o desgraçado "apenas" puxou o rabo, mas deu um grande contributo. Vemos agora mais um caso, a rede de carregamento público para automóveis elétricos. Existem 1300 postos de carregamento normal (6 a 8 horas) e 50 de carregamento rápido para um parque circulante de 230 automóveis eléctricos. Claro que hoje estão ao abandono, sem préstimo, um investimento feito no quadro do projecto Nissan, que também se gorou. Imaginamos quanto custou este disparate, e quem paga. Se a isso juntar-mos os projectos gorados, as autoestradas inúteis e que agora pararam, como a Beja Sines, Túnel do Marão, já para não falar da Ota, Alcochete, TGV, o Magalhães, os excessos das eólicas, pago pelos consumidores, tudo megalomania, que arrastaram um país já cansado, para a ruína, quando a crise tornou o endividamento, que escondia estas realidades, impossível. Foi com decisões destas, e não foram só de Sócrates, que chegámos aonde estamos. Claro que o consumo privado, superestimulado pelos bancos também ajudou... é isso que quer dizer "viver acima daquilo que podemos".

Uma janela de inspiração medieval

Na vila de Ourique existem algumas janelas com aspecto que têm algo de medieval. É o caso desta, cuja caixilharia arredondada tem essa inspiração. Para variar encontra-se num prédio em mau estado, claro que lhe fiz algumas "melhorias". A foto está torta, mas isso já é normal.

Sem almoço

Numa escola do Agrupamento de Quarteira foi negada a refeição a uma criança, que ficou a comer lanches todo o dia, por falta de pagamento de 30 euros por parte dos pais. Sem defender estes pais, nem atacar ou defender a presidente do agrupamento, julgo que este o estado a que chegámos, já não se aplicam as regras da austeridade, mas cada um aplica a "sua" austeridade, crueldade gera crueldade, e pelos exemplos que vêm de cima, aplica-se com cegueira regras que se julga existir, adivinha-se o que será esperado, e é por aí que vamos. Crato mandou a IGE, que julgo já analisou o caso, e fez bem, mas fica este clima de constrangimento que poderá gerar mais decisões monstruosas.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Conselhos para quê ?

Decorre mais um Conselho Europeu. A Srª Merkel já disse que esta cimeira não é para tomar decisões. Assim dezenas de cimeiras depois a UE continua sem rumo certo, e decisões vão sendo adiadas. Fala-se nas soluções, mas estas nunca mais são aplicadas, nem aquelas com as quais a senhora concorda. Então para que servem estas cimeiras ?

Portas no seu melhor

O Dr PP veio hoje anunciar ao país e ao mundo que vai votar favoravelmente o Orçamento. Esta é boa !!! então ele não faz parte de Governo, o que se esperaria, que votasse contra ???  Afinal sempre havia coisa... e este anuncio abstruso a isso nos conduz.

Agustina

Não sou ninguém para falar desta Mulher, a maior escritora viva da língua potuguesa. Fez 90 anos a 15 de Outubro, data em que não estava com acesso ao blog. Apenas essa referência me move. A par de Manoel de Oliveira é um exemplo de longevidade criativa, e logo os dois que têm tanto de comum, sendo que o cineasta fez diversos filmes baseados na sua obra, nomeadamente "Vale Abraão" para mim o seu melhor e mais "digerível" que realizou, e talvez um dos maiores do cinema português. Apresentam o Norte no seu melhor, a mim sulista inveterado, provocam-me o maior apreço pela coragem, talento e honestidade dos percursos artisticos. Li pouco de Agustina, apenas a "Sibila" e "Fanny Owen", dela existem muitas ideias pré concebidas, uma das quais a de que é uma pessoa de orientação política de direita. Não sei nem me interessa. O que interessa é que do pouco que li, escreve o português mais belo que jamais li, e traduz a alma humana de um forma tão profunda que nos deixa marca. Não sei se pode, mas se puder que continue a produzir a sua extensa obra, e que ela seja mais conhecida dos portugueses, pois no ensino dá-me ideia de ser muito pouco referenciada. Nós somos tão bons a desprezar os nossos maiores talentos ... e o complexo Agustina é assim uma espécie de complexo Saramago, mas ao contrário.

Mais uma visita, mais uma viagem

Após mais uma visita à minha "segunda casa", penosa e complicada, embora com todos os parâmetros dentro de lugar, no que mostra algum desvio entre o que dizem os exames e o que sentem os pacientes. Mas enfim, aceito que os exames podem ter que prevalecer. Agora retomo os meus posts. A chuva apareceu e parece que ficará uns dias, aqui no Baixo Alentejo agradece-se, mas ontem em Lisboa incomodou. Interesses contraditórios.

domingo, 14 de outubro de 2012

A rua continua a falar

A rua fala, o problema é que não sabemos quem fala quando a rua fala, daí até entender o que D.José Policarpo quis dizer  quando alerta para o facto de não ser na rua que os problemas se resolvem.
Claro que estamos muito próximo ou a ultrapassar o limite do suportável. Que esta barafunda, avança e recua, não abona nada o Governo e seus ministros. Que há ministros insuportáveis na sua pesporrência e falta de sentido político, sendo que outros confundem política com "malabarice". Claro que com estas (in)decisões o país pode afundar e nós com ele, e aí a rua pode dar uma ajuda, num ou noutro sentido, mas é bom que nunca nos esqueçamos que a democracia faz-se com base em eleições livres e justas, e que os Governos que mentem devem ser demitidos pelo PR, pois está em causa o "normal funcionamento da instituições" , e marcadas novas eleições. Estes são os caminhos da democracia, o resto não se sabe o que é.

sábado, 13 de outubro de 2012

Nobel da Paz

Atribuir o Nobel da Paz a uma organização como a União Europeia é uma notícia que não poderia deixar de comentar. Numa Europa à beira do colapso, entende-se como um "balão de oxigènio", não me parece. Não precisa nem seria suficiente. Agora, relembrar que a Europa teve duas Guerras Mundiais nascidas e criadas no seu Centro, esteve dividida pela Cortina de Ferro, perdeu a democracia em muitos dos países, viveu o maior drama que a Humanidade alguma vez viu produzido pelo Homem, falo do Holocausto, viveu a tardia guerra dos Balcãs, e apesar disto tudo, no espaço da União, desde 1945 vive-se em paz, em democracia, e em relativo bem estar, é caso para salientar. Apesar das críticas, apoesar das quebras de solidariedade, apesar dos riscos ainda hoje vale mais ser europeu do que outra coisa qualquer. Compara-se com o prémio atribuido a Obama... mas Obama quando o recebeu não tinha dado provas de nada, enquanto a história da UE fala por si.

Todos


Tenho estado a ouvir o CD Intendente da Orquestra Todos. Este projecto nascido em Roma, e trazido para Portugal pelo maestro Mario Tronco, reune músicos de diversos países, tendo em comum serem emigrantes em Portugal, embora todos eles músicos de mão cheia. O projecto nasceu no Sport Club do Intendente. O resultado é uma música que reflecte o mundo, e o carácter cosmopolita de Lisboa. Será música portuguesa ? Porque não, muitas das canções são em português, tem alguns músicos portugueses, e funde a lusofonia, numa sonoridade única. Gosto. Ficam aqui alguns exemplos da sonoridade.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

A frota do grupo parlamentar do PS

Certo que a demagogia tem limites, e cada vez que contratualmente se termina um contrato de locação financeira de um automóvel, se a necessidade se mantém, há que trocar por outro, e quatro carros para um grupo parlamentar de 78 deputados, não parece exagero. Por isso me parece "estranho" este tipo de comentários na imprensa, parecendo que não há mais que noticiar. Também comparar o aluguer de Audi A5 com um Renault Clio, julgo que não colhe, vistas as coisas de forma isolada, pois poderia haver uma orientação global para baixar a gama de veiculos, isso sim seria uma boa decisão, agora não para uns e sim para outros. Também aqui a imagem do Estado está em causa. O que também não entendo é porque é que a presença de VW Sharan, na frota do Estado é tão pequena, quando é construido em Portugal, e com elevada integração nacional, criando muito postos de trabalho no país.

Ovos por sardinhas

Um homem de idade avançada, roupas velhas, hoje de manhã na peixaria onde vou fazer as compras, conversava. Olhou-me fixamente, como sempre fazem as pessoas de cá perante aqueles que consideram não ser "gente daqui", e esse é o meu caso, pois só estou "aqui" há dez anos, e isso não é tempo suficiente para adquirir direito de pertença. Aviei-me, e o homem continuava, agora calado, esperando não sei bem o quê. A dona perguntava quanto lhe devia, mas não havia resposta. Percebi que, provavelmente para tornar o final de vida mais suportável, ía vendendo uns ovos a conhecidos, talvez até perante maior necessidade, a própria galinha. No final pediu duas sardinhas. Lembrei-me da conversa dos meus pais que recordavam a sua infância, e o almoço com "uma sardinha para dois", e perguntei-me para quanto tempo seriam as sardinhas, pois com os ovos já não contava...

Janela velha vira nova

Uma janela velha  aqui da vila. Ficou talvez nova demais, os anos faziam-lhe bem, mas está tão abandonada como o prédio em que se integra, exemplo de como se encontra o património aqui em Ourique, e não é excepção, as regras de mercado, a interioridade, o abandono, a dificuldade em manter um património que já não tem uso nem rendimento, quero ver agora com a actualização do IMI como vai ser com estes prédios com proprietário mas sem dono...

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Visão

Dentro dos inumeráveis dias mundiais hoje é o Dia Mundial da Visão. Hoje de manhã recebi logo más notícias, acerca da influência de outras patologias sobre a visão, bem como do impacto de medicações tomadas para outras patologias sobre a mesma. Na cabeça da lista estão a diabetes, como doença que pode actuar sobre a visão, e na caso dos medicamentos estão os corticóides, embora haja outros. OOppss !!! tenho ambos cá em casa...

Veneno mata

Então não é que  Christine Lagarde, presidente do FMI, e antiga Ministra das Finanças do inevitável Sarkozy, veio afirmar alto e bom som, que a austeridade não é solução, e que é necessário que os países em crise (caso de Portugal..) se preocupem menos com o deficit e mais com a competitividade e o crescimento. Não é que a ideia seja original, mas até agora a austeridade era dada como um dos santos que estão no altar do FMI, e a ela fazemos todos os dias genuflexão. Agora dizem que estamos a venerar um falso santo !!!!  Nós já tinhamos percebido que a coisa não ía bem, mas embora valha mais tarde do que nunca, é pena que tenhamos de experimentar tanto veneno para se provar que o veneno afinal mata...

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Aumentar impostos e despedir

Que vai haver o tal enorme aumento de impostos já ninguém nos tira. Agora para "mitigar" (quer dizer, abrandar, suavizar, atenuar...)  esse aumento, tomem lá despedimento  (ou não renovação de contrato) para uns, de 40000, para outros "muito inferior", mas nada de dúvidas, será sempre uma coisa "mais" a outra e não uma coisa "ou" outra. Tudo isto nos atira inevitávelmente para sermos mais uma Grécia. Já agora, poupar a este "arrastão" social a educação, a saúde ou as forças de segurança, até se entende, agora nas autarquias, porque carga de água, se em muitos casos as autarquias tornaram-se em verdadeiras agências de emprego local. E já agora que se fala de equidade, porquê os contratados e não os efectivos, só por ser mais fácil, por ser legal, por serem os desprotegidos e precários do costume independentemente de serem melhores ?

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Vale tudo ?

Vamos a ver se eu entendo... o Estado queria contabilizar um valor que baixaria o deficit em 0,7%, relativo a uma "concessão" à privatizável ANA de uma actividade que já desempenha desde que existe, seria assim uma receita extraordinária "maquilhada". Ora como se sabia que que as receitas das privatizações, podem abater na dívida pública mas não no deficit ( diferença entre receitas e despesas, e a receita de uma privatização não é considerada "receita do Estado", como são os impostos,por exemplo), fizeram uma manipulaçãozinha, que foi, agora "concessiona-se", (ou seja arrenda-se pelo seu valor), "encaixa-se" contabilisticamente o valor que nem chega a entrar, e como não se trata de venda, poderia abater-se no deficit, que baixa 0,7%, mais tarde, até final do ano ao que dizem, privatiza-se, e com o dinheiro da privatização, cobre-se o valor já contabilizado mas ainda não pago. Assim se transformava numa receita elegível para abater ao deficit aquilo que na realidade não o era. O problema é que parece que o Eurostat não anda a dormir e veio avisar hoje que já "topou" a jogada do experto Gaspar, e seus assessores. Se é para nos poupar a alguma austeridade até alinhava, mas estas "malabarices", como dizia o outro, pagam-se, pois afinal trata-se apenas de adiar o desastre, ou a solução. Será que até eu, um ignorante em contabilidade, entendi bem ???

Apenas simples coincidência

Dia 9 de Outubro foi marcado por milhares de nascimentos e milhares de mortes, é um dia como os outros em que a luz se apaga para uns e se acende para outros. Mas 9 de Outubro é especial. Viu nascer em Liverpool, em 1940, estavamos em plena Segunda Guerra Mundial, alguém que pela sua forma de estar no mundo o tornou melhor, falo de John Lennon. Liderou aquele que foi o grupo rock mais famoso, rentável, ouvido, de sempre, The Beatles, se bem que sei que existem os do "outro lado", aqueles que guardam estas palavras para outro grupo, os Rolling Stones, mas para mim não, Beatles são inegualáveis no que tiveram de bom e de mau, e Beatles, que apenas duraram 10 anos, quanto a mim ainda permaneceram enquanto Lennon viveu (até 1980). Depois apagou-se a chama.
Mas este nono dia de Outubro reservava mais. Em 1967, La Higuera, na Bolívia, era morto (diria executado)  Ernesto Che Guevara. Não diria o mesmo que de Lennon. Do poeta urbano, do músico talentoso, da pessoa que passou os ultimos anos de vida no possível anonimato, passamos ao exuberante guerrilheiro, ao protagonista na revolução mundial, a um tipo novo de marxista, que se demarcava da visão dos marxismos de Leste, da burocracia soviética e do Gulag, apresentando a revolução dos que nada tinham, dos sem terra contra as tiranias da América Latina da altura. Lembro que para mim foi uma inspiração, para os que em finais dos anos 60 chegaram ao Che, muitos já depois da sua morte recente, e de forma apaixonada aderiram ao seu perfil de guerrilheiro romântico, embora, sabe-se depois, muito do que se passou em Cuba teve "muito pouco romantismo" e acabou como agora se vê, num regime anquilosado, tirânico, explorador, negando o mais básico ao seus, em nome de ideologias já fora de prazo e do poder pessoal de uns tantos "iluminados". Fica o Che da nossa juventude, que "felizmente", não assitiu ao desmoronar dos regimes comunistas que a custo engolia...
Se compararmos estas duas figuras fica claro que, quase certo, o mundo mudou mais, e melhorou mais, com a acção de uma estrela da música pop do que com a acção do revolucionário mais mediático de sempre. Dá para pensar...

Vem aí o cheque

Depois de tantas trocas e confusões a UE aprovou o cheque para Portugal, e deu como "brinde" mais uma ano para atingir a meta do deficit, o que quer dizer mais um ano da troyca. Parece uma vitória mas é a imagem de um certo falhanço, de incompetência nas previsões, e de incapacidade de cumprir os planos, mesmo com tantas certezas à partida. Agora impõe-se que pensemos ao que chegou a nossa dependência, pois respirarmos em função da possibilidade de receber esses "balões de oxigénio", e só com esse dinheiro se pode honrar os compromissos. Qual a margem de manobra, pouca ou nenhuma, como vamos chegar ao crescimento, sabendo que este depende da capacidade de investir, e neste momento não há como. Há quem diga que outra política é possível, pois é, mas como pagá-la ?

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Quem tem medo compra um cão

Foi uma boa resposta, dada por Mário Soares, cujas opiniões nem sempre partilho, á fuga que vemos os nossos "governantes" fazerem face ao povo em geral. É verdade que muitas das manif são bem encomendadas e organizadas, é verdade que o poder ser "abandalhado" não é bom para o regime democrático, é verdade que há que assegurar a segurança dos eleitos pelo povo, é verdade que há que ser preventivo para não termos de lamentar curas dificeis, é verdade que os ministros já não têm cara para sair à rua, mas se era assim não fossem para o governo, nós não os chamámos, eles é que se candidataram, tudo é verdade mas as forças de segurança existem também para, de acordo com as regras democráticas, garantir a segurança das instituições, para que elas funcionem normalmente, e funcionar normalmente é ser público o que é público, privado o que é privado, os governantes conviverem com a população, e não fugirem dela pela porta de trás, por mais complicado que seja. Não podem fugir amedrontados sob pena de, se não vão junto do povo o povo vai junto deles, da pior maneira.

sábado, 6 de outubro de 2012

Sessenta

Dos acontecimentos diários, de ontem e de hoje é dificil fugir ao facto de há sessenta anos ter nascido numa pequena "parte de casa", um quarto interior, lá para os lados da Penha de França em Lisboa, numa altura em que ainda se nascia em casa. Um nascimento em si mesmo é algo de banal, acontece todos os dias, muitas vezes por dia em todo o lado, no mundo, excepto o nosso! É uma verdade à "Monsieur de La Palisse", mas é uma verdade, mesmo assim. Só acontece uma vez, é um acto único, fruto de uma vontade de Deus, dos pais, do acaso, ou de todos ao mesmo tempo. E não se repete, excepto nalguns casos muito excepcionais, em que é dada essa possibilidade, não diria de o acto se repetir, mas pelo menos de renovar-se o "mandato". É também o caso. Dessa forma, entre nascer e renascer, se passaram sessenta anos e entra-se agora numa nova década que encaminha sabe-se para onde, não se sabe é como nem quando. Obrigado.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Feriado pela última vez

Já se foi. Para já este o último 5 de Outubro feriado. Se não temos datas para comemorar não temos história, por isso as comemorações devem manter-se como até agora. Outra conversa é se tem de ser feriado... Penso que não necessáriamente. Claro, como diz o outro, falo de barriga cheia, pois para mim todos os dias são feriados, embora preferisse ter condições para trabalhar todos os dias. Enfim escolhas que nos escapam.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Acordar no inferno fiscal

Acordo estremunhado, ainda baralhado pelo manancial de informação de ontem. Em todo o lado se falou do mesmo, o tal aumento de impostos para 2013 que o próprio ministro suporífero classificou de "enorme". Hoje é a ressaca, fazer contas não podemos porque ainda não sabemos as contas do rosário. Só depois do OE apresentado. Mas do que se suspeita vai ser uma tragédia para a classe média. E esta começa muito cá em baixo. Pelos vistos nem é preciso ganhar 1000 euros para estar na mira desta gente, debaixo do fogo das Finanças. E que são 1000 euros, embora saiba que muita gente não os ganha ?

Pergunto, porque é que o Estado, que sem o menor cuidado rompe os contratos que tem com os seus funcionários, com os pensionistas, com os eleitores, quando se trata de outros que não o "mexilhão", está a "desenhar" as medidas, vai "negociar", vai fazer uma  "análise", enquanto que para aqueles é forte, feio, diz quanto é, e envia logo a "factura" ?

Ainda existe o Inter Rail ? (14 e último)

Ía agora iniciar a derradeira etapa do meu Inter Rail. A viagem de Paris a Lisboa já perdera o interesse, já a tinha feito, mas no sentido contrário. Por ali tinha começado e ali terminava. Tinha-me despedido de Paris na noite anterior nos luminosos Campos Elísios. A cidade deixou uma marca em mim de forma indelével, mas só em 1983, 10 anos depois voltaria. Pelo meio veio o 25 de Abril, e tudo o que se seguiu, deu outras prioridades à minha vida, mas a ligação manteve-se.

Atravessei França durante o dia, o comboio vinha quase vazio, nada do que se passara cerca de um mês antes agora se repetia, tudo era mais calmo, não estavamos já em altura de retorno de emigrantes. Chegámos a Hendaye pelo final do dia, e repetia-se a operação de mudar para o comboio português, que me traria a Lisboa. A qualidade era a mesma. Ao entrar naquele comboio já se percebia donde viera e para onde ía. A travessia de Espanha fez-se durante parte da noite, e desta vez quase não dei por nada. O compartimento trazia uma ou duas pessoas, podia dormir à vontade enquanto o comboio deslizava, rumo a Vilar Formoso, onde me esperava os procedimentos do costume. A PIDE a controlar as entradas, a ver tudo à lupa, havia que esconder um ou outro livro que tinha comprado, dissimular, ser um "patriota" como se preconizava na altura dos "oito séculos de história."

A entrada em Portugal fez-se já na madrugada, e faltava agora aquele caminho ronceiro até Lisboa, onde acabei por chegar pelo inicio da tarde. Não havia ninguém à espera, só tinha mesmo de pegar na tralha, pôr tudo às costas e ir apanhar um barco para Cacilhas e autocarro até casa, tudo normal, como se acabasse de vir das aulas no Técnico, num dia habitual.

Agora, já tinha visto como era. Antes de sair já sabia o país onde estava, o regime que o dominava, a iniquidade da guerra, a repressão, a falta de liberdade, a moral ridícula que dominava os costumes, as peias que entorpeciam quem se deixava entorpecer pelas verdades oficiais. Agora, embora de forma superficial, conhecia um pouco do que se passava no exterior, as possibilidades que existiam. A viagem tinha sido muito mais do que uma viagem, era uma lição, o Inter Rail era mais do que um simples bilhete de comboio, era um passaporte para uma outra realidade, que existia mesmo, por muito que o regime, depreciasse sempre o que se passava "lá fora".

Por isso pergunto, no mundo actual onde viajar se tornou quase um vício, devoram-se cidades, vilas, locais, praias para torrar, estancias "tudo incluido", não se pode passar sem fazer férias "lá fora", mas agora na Tunísia, na Rep Dominicana, ou na Riviera Maya, e aos vinte anos já se foi a todos esses locais, mas sabe-se menos do mundo e do país do que se jamais se tivesse saído de casa e se visse o mundo pelo canal de cabo, pergunto-me, pensando na minha viagem de há 40 anos, ainda existe o Inter Rail ?

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Estamos anestesiados... aproveitem para mexer nos bolsos

Já se previa que o IRS ía ser o bombo da festa nisto que o ministro chama, pois sabe do que fala, "um enorme aumento de impostos". Enquanto ele fala nós adormecemos, enquanto adormecemos, ele aproveita para mexer nos nossos bolsos, enquanto mexe nos bolsos, taxas, sobretaxas, taxas de solidariedade, retenções, e outras formas "soft" de fazer um agravamento "hard", nós vamos ficando mais pobres, enquanto empobrecemos mais dificil é pagar impostos, quanto mais dificil maior o incumprimento,  quanto maior o incumprimento menores as receitas. Depois queixam-se... do desvio nas receitas.
Não diz se é transitório, pelo contrário, enquanto a dívida da "desbunda" não estiver controlada, o melhor é manter a mão no bolso dos portugueses.  Só não diz claramente quanto vai taxar as transações financeiras. E nada é anunciado que estimule o crescimento, o que quer dizer que cada vez mais o pagamento da dívida parece ser uma miragem. E eu até penso que o ministro suporífero nem é o maior responsável.

Ainda existe o Inter Rail ? (13)

Ía ter agora pela frente dois ou três dias para conhecer Paris, antes de regressar a Lisboa. Aquando da anterior passagem pouco tinha dado para ver, para além da zona de S.Michel, Quartier Latin, emblemática para qualquer jovem de 20 anos que estivesse informado acerca do mundo. Agora pocurava conhecer o que a cidade tinha para mostrar e era muito. A partir daí passou a ser uma cidade de referência para mim, e a coincidência de anos mais tarde trabalhar numa empresa francesa trouxe-me de novo a Paris muitas vezes, mas isso só se passaria dez anos mais tarde.

Assim pela primeira vez visitei aqueles locais emblemáticos que apenas conhecia dos postais, a Torre Eiffel, o Arco do Triunfo,  as margens do Sena, as esplanadas, os alfarrabistas, que na altura eram muitas dezenas, e posteriormente quase desapareceram, o mercado dos Halles, na altura já desactivado, tudo muito limitado pelo pouco dinheiro que tinha, agora que a viagem caminhava para o fim, ainda menos. Tudo tinha de ser pensado, e o dinheiro contado, não havia multibancos, para alguma eventualidade.

Comecei por visitar o museu do Louvre, e lá passei um dia e não deu para ver tudo. Era uma sensação deslumbrante ver agora ao vivo aquilo que só conhecia dos livros de História. E de novo lá estava espantado com tanta coisa que havia para ver no Louvre. Da Gioconda, à coleção de peças do Antigo Egipto, a Victória de Samotrácia, enfim procurei retirar o maior partido desta primeira visita, pois sabia que não poderia tudo observar, tudo registar. Já nessa altura verdadeiras hordas de visitantes, percorriam as salas e amontoavam-se em frente das peças principais.

Visitei pela primeira vez Montmartre, e o Sacré Coeur, Pigalle e o Moulin Rouge (apenas por fora claro, que o dinheiro não dava para mais, só muitos anos depois lá entraria), e os ambientes boémios da cidade, a Sorbonne, as livrarias que me fascinavam por tudo o que encontrava lá, e a rua, sobretudo a rua era um espectáculo, pelo que se encontrava, pela variedade do que se via, músicos de rua, raças, vendedores, pedintes, hippies, gente de todas as proveniências. Paris já era uma cidade do Sul, quando se comparava com o ambiente organizado da Suécia, da Dinamarca ou Alemanha. Á noite vinha até aos Campos Elísios, hábito que mantinha muitos anos depois sempre que çá voltei. Aí parecia que estávamos no centro de mundo. Regressava a Place d'Ítalie para dormir e tomar o pequeno almoço, no meu albergue "de jeunesse", mas lá nada me interessava. Os dias passaram rápidamente, e amanhã dia 4 de Outubro teria de regressar, e poria fim a esta pequena aventura pelo mundo real.

Retornei á Gare de Austerlitz, para marcar o meu bilhete para Lisboa. O comboio partiria ao final da manhã, e chegaria a Lisboa pelo final da tarde, mais de 24 horas depois. Regressava ao "rame rame", de que não tinha nem saudades.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Censurar para nada

O BE e o PCP vão censurar o Governo. É preciso saber que isso já as pessoas tinham feito na rua, e estas moções para além da sua inutilidade e oportunismo, retiram valor e não acrescentam nada ao que já foi dito. Por outro lado a manif de 15/9 pelo menos teve um efeito útil, permitiu que o Governo pensasse bem se seria aceitável retirar 7% nos salários, e reviu a sua posição, embora não tenhamos ilusões, vai arranjar forma de repor a mesma receita que foi perdida. Estas moções o único efeito é o de cavalgar o movimento das pessoas, daí eu chamar oportunistas, e por outro, procurar encostar o PS às cordas, procurando pô-lo na posição de "ou nós ou eles", retirando-lhe assim autonomia como oposição credível. Bem esgalhado, mas o método já é conhecido.

Zambujo V


Não que tenha descoberto agora pois já tem uns meses, mas este album de António Zambujo só agora pude ouvir por inteiro. Alentejano, tido por fadista, aqui ultrapassa as barreiras dos estilos e oferece-nos excelentes canções, letras muito bem feitas, ironia, encanto, intimismo, arranjos que vão longe do rigido fado (de que gosto pouco como já aqui referi várias vezes), até ao jazistico. Sucesso nacional sem ceder ao fácil ou ao "deja vu", e a fazer carreira internacional, na semana passada na Brasil, lançando no Rio e S.Paulo, agora está na Coreia do Sul, passará por Espanha, França, Bélgica. A voz/interpretação é um dos seus pontos fortes, pois a tonalidade melancólica e intima que introduz naquilo que canta encanta. A canção mais divulgada "Flagrante" é de uma ironia que cativa, mas o CD tem muitas outras pérolas como este "Milagrário Pessoal", que toca três continentes, com letra de José Eduardo Agualusa.

Ainda existe o Inter Rail (12) ?

Prosseguia a minha viagem pela Europa dos inicios dos anos 70. Estavamos a 1 de Outubro de 1973. Pela primeira vez saira da familia, da cidade, do país, sem rede, com pouco dinheiro, e muita esperança de ver a vida no exterior, até eventualmente encontrar uma alternativa à guerra, coisa que acabou não sendo necessária, pois esta acabou primeiro, só iria mesmo durar mais um ano, nem tanto, e eu não fazia a menor ideia, que um ano depois a guerra teria desaparecido, como a conhecíamos, embora a pacificação demorasse um pouco mais. Não poderia advinhar o futuro, embora suspeitasse que mais ano menos ano, a situação se iria resolver.

Encontrava-me em Genebra, e iria prosseguir, pois teria de chegar a Lisboa antes de 6 de Outubro, quando expirava o meu bilhete Inter Rail. Quando no inicio da viagem tinha passado por Paris, tinha pensado lá voltar antes de  regressar, e assim fiz. Pensei então rumar agora de Genebra até Paris. Marquei o bilhete, e preparei-me para o regresso. Genebra, sendo uma bonita cidade, não justificava muito tempo. Tinha pela frente um dia de viagem, e desta vez de novo viajaria de dia. Teria de tomar um comboio de Genebra a Lyon, e aí tinha uma correspondência para Paris, onde chegaria no final do dia. De novo regressava ao esplendor dos Alpes Suiços, e sobretudo Franceses, pois Genebra situava-se praticamente na fronteira com França. Os comboios era confortáveis, e neles descansava-se, espreitava-se a paisagem, comia-se, enfim vivia-se no comboio. Lia-se, tiravam-se fotos, conversava-se se houvesse com quem.

Ao chegar a Paris fiquei num albergue na Place d'Italie. Deu para uma longa viagem de Metro, desde a Gare de l'Est até ao destino, que se situava já próximo dos limites da cidade. O movimento do Metro maravilhava.me, pela dimensão da rede, as composições, em especial aquelas que tinham umas rodas de borracha, que faziam pouco ruído, pois as restantes eram do inicio do século, pelo movimento das pessoas, gente de todas as cores, origens, classes. raças, e jamais uma composição franco-francesa.

As pessoas liam, o Metro andava cheio, jornais de todas as cores, direita, centro, esquerda, comunista, trotskista, tudo estava disponivel, contrariamente a Portugal onde tudo era cinzento, único, triste, opressivo, depressivo, repressivo, invariávelmente mais do mesmo durante décadas.

Ali tudo era vivo. Haveria problemas, a sociedade se calhar não era justa, os emigrantes eram explorados, havia relatos disso, viviam em condições sub humanas, mas, mesmo assim preferiam viver ali, do que no Portugal interior, cinzento e sem horizontes. E agora percebia porquê. As condições económicas eram outras, o ar era respirável, havia esperança, apesar de tudo. Enquanto ía pensando nisto tudo, o Metro parou na minha estação e rápidamente tive de sair com a minha tralha nas costas.

Procurei o albergue, era um edificio enorme, mas escuro, era um grande pavilhão, entrei e arranjei alojamento, o local era pior do que encontrara no inicio da viagem, ao qual não regressei por estar completo. As zonas de dormida eram grandes tinham muitas camas de ferro, havia uma zona de restauração que parecia a cantina universitária em Lisboa, e as preocupações de limpeza e arrumação que tinha encontrado mais a norte, ali estavam ausentes. Mas, enfim estava-se bem.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Afinal quem manda ?

A UE anunciou que terá dado o seu acordo às medidas alternativas às que o Governo teve de retirar, tais como a redução da TSU, e tudo o que envolvia a seu financiamento. BE e PCP, rasgam as vestes, porque acham que a soberania está em causa. Verdade, está !!! mas poderá ser de outro modo ? Como poderemos decidir o nosso destino se não temos dinheiro para o pagar ? Seria possível aplicar alguma medida que fosse sem um aval prévio de quem está a financiar ? Claro que não !! portanto o melhor é calarem-se para não fazerem figuras ridiculas. No entanto, se Seguro e os parceiros sociais também não conhecem, já é mais grave. Pois sendo parte de um consenso alargado, o Governo deveria tudo fazer para não dar pretextos de rompimento do consenso, o que aparentemente é inevitável desde o desleixado dia 7 de Setembro, quando PPC falou ao país. Afinal quem manda ? Não é óbvio ?

A forma e o conteúdo

O Governo anuncia que vai baixar 15% no valor das portagens das ex-SCUT para "todos os utilizadores". Esta a forma do anúncio. O conteúdo, no entanto é, o Governo vai baixar 15% para alguns utilizadores, dos quais a maioria não é utilizador habitual, pois reside a léguas, e vai aumentar 85% para utilizadores que habitam na proximidade, e eram utilizadores habituais dado que a condição de discriminação positiva implicava a residência no local. E esta ?