segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

O adeus à fera, benvindo o monstro

Estamos a dizer adeus à fera, que foi 2012, e temos de dar as boas vinda ao monstro que será 2013. Na realidade já o temos entre nós. Diria mesmo que 2013 já começou, foi no dia 7 de Setembro de 2012, aí começou 2013, e terminou 2012, que se tinha iniciado a 5 de Junho de 2011. Confuso, não !

Julgo que 2012 começou com a eleição de PPC. Nessa altura muitos não tinham dúvida do que iria ter de ser feito. Estávamos, não diria de acordo, mas resignados a que sacrifícios íam ser pedidos e teriam de ser feitos, até já vinha da governação de Sócrates, e só podia ser pior, mas sempre se pensou que PPC, embora inexperiente, sabia ao que vinha, parecia sério, as suas palavras tinham alguma credibilidade, em oposição ao fala barato de Sócrates e seus acólitos, para quem com um pé no abismo estávamos no melhor dos mundos.

Daí até 7 de Setembro, fomos aceitando, murros no estômago, desculpando inépcias, algumas incompetências, previsões erradas, políticas que se anunciavam, avançavam, recuavam, resultados que não se obtinham porque ainda não tinha entrado esta receita, ou teria sido contabilizada uma despesa extraordinária. E fomos aceitando até as diatribes de Relvas, a postura aparvalhada de Gaspar, ou as palavras pouco medidas de Álvaro, bem como as metáforas de mau de gosto de PPC. O bom senso dos Macedos, o credibilidade de Crato, o estilo "british" de Aguiar, a experiência de Portas, compensava um pouco, a pequenez de Cristas ou de Veiga. E aí chegamos a 6 de Setembro, e deu-se a passagem de ano.

A mensagem de Ano Novo lida por PPC em 7 de setembro, mostrou outra coisa. Um governo que não foi capaz de acertar qualquer previsão, que não previu o que era óbvio e toda a gente avisava, assumia um rosto que não lhe conhecíamos antes. Ainda há menos de um mês PPC no Pontal dava sinais do mais positivo. Mentia e sabia que mentia. Afinal de repente a imagem de Sócrates reapareceu. A mentira afinal fazia parte dos genes de PPC também, e um governo eleito tornou-se assumidamente num governo ladrão, e é o que temos agora. Propor-se retirar 7% ao salário para dar aos patrões é algo mais do que uma medida de política fiscal ou contributiva, é um roubo, e um PM que não tem consciência da dimensão de tal proposta, que até os patrões recusam, não está moralmente preparado, nem tem dimensão para governar. A partir dessa "passagem de ano" jamais haverá confiança nestes eleitos, e este já é um ano novo, e um ano em que todas as injustiças podem ser cometidas sem vergonha nem arrependimento. Sabemos que cada um terá de tratar de si, e a confiança foi-se. O ano de 2013, que já começou em 7 de Setembro vai ser um longo inverno soviético, só esperamos que os enviados para o Gulag acabem sobrevivendo.

Mais tarde, daqui a muitos anos, este ano 2013 vai ser recordado. Durante dezenas de anos muitas alterações houve no país, mas mantendo a superestrutura ideológica, de raiz social, ou social democrata. E em muitas coisas as mudanças de governo não mexiam. Neste ano temos alguém que corta com essa raiz. Corta pensões, salários, reduz pagamentos extra, acaba com feriados, torna os impostos insuportáveis, procura roubar aos pobres para dar aos ricos, "brinca" com as leis, desrespeita a Constituição, ignora a oposição, ignora a voz dos sindicatos, mas também se apresenta contra os empresários de pequena dimensão, sob a santíssima trindade das exportadoras, das privatizações e das grandes empresas, um dia deste faz como Ceaucescu, que exportava as batatas necessárias a matar a fome do seu povo, para equilibrar a "balança externa". Da mesma forma se enbandeira em arco com esse equilibrio, pois não tem de admirar, não há dinheiro (nem crédito) para importar, e não estou a falar importação de bens de consumo mas matérias primas e equipamentos para produção. Alguns governantes brincam com a economia como se se tratasse de um jogo de "Monopólio", com a impreparação de iniciados. Mas atenção não estamos num tabuleiro, e sim no país real.

Deus nos livre e guarde destes salteadores e das suas políticas para "salvar" o país.

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