sexta-feira, 29 de novembro de 2013

A familia telegrafo-postal

Trabalhei 12 anos nos CTT, o meu pai mais de 40 anos, um dos meus tios outros 40, por isso se percebe que na altura se utilizasse este nome para designar essa grande empresa onde os pais colocavam os filhos e estes os netos, e sempre se incentivou esta política. Quando em 1970 se transformou a Administração Geral dos Correios Telégrafos e Telefones na emoresa pública CTT, a empresa tinha um ramo postal e um ramo de telecomunicações, excepto na zona de Lisboa e Porto, onde uma empresa chamada Anglo Portuguese Telephones, detinha uma concessão que ao terminar se transformou nos TLP. Mais tarde as telecomunicações autonomizaram-se e junto com os TLP deram origem à PT. Acontece que a parte postal sempre deu prejuizo,  e as telecomunicações, lucro. E como o que dá lucro privatiza-se, eis que a PT foi privatizada já há muitos anos, ficando o Estado apenas com as tais 500 ações de ouro.  A familia respirou de alívio, até porque o pessoal das telecomunicações sempre teve pouca empatia com os dos correios, e bateu palmas à privatização da PT, pois assim julgavam libertar-se do peso de uma empresa que só dava prejuizo, e assim melhorar a sua situação, e o pessoal dos correios contente no Estado, pois ele pagaria quaisquer prejuizos em nome do serviço público. Os próprios sindicatos assim pensavam. Entretanto  a mudanças na gestão, melhorias da eficiência, abertura a novos negócios, encerramento de parte da rede, colocaram os CTT Correios, na senda dos lucros. E como  "o que dá lucro privatiza-se" cá estamos perante a privatização desta "jóia da coroa" depois de acabado o pesadelo dos prejuizos e feito todo o trabalho de a "endireitar". Agora a família ficou triste com a privatização e tem razão. Ela não se justifica. Ela lança uma empresa rentável num tunel sem luz ao fundo, pois nem sabemos quem a compra. E assim se vai destruir mais uma família.

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