sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Densificar

O enriquecimento do linguarejar político parece ser uma das tarefas exaltantes que este Governo escolheu. Para isso recorre à importação de termos da física ou das ciências em geral. Assim dá uma ideia de que as medidas que toma são "científicas", e nada como a ciência para provar que não há alternativas, e por outro lado ao "travestir" as palavras lança uma maior complicação e consegue que ninguém entenda. "Densificar" os critérios de despedimento é a última. Densificar, tornar mais denso, isto é mais peso na mesma massa, o que se obtem misturando um produto mais denso com outro, desde que miscíveis. Mas cuidado, pois pode também significar tornar mais escuro, mais opaco, mais dificil de distinguir. O que quererão dizer é talvez, aumentar a rede de critérios de despedimento, torná-la mais pormenorizada e detalhada, mas será assim ? Mistério. O que sabemos é que se a preocupação desta gente é melhorar e aumentar os critérios de despedimento numa altura em que as energias deveriam ser canalizadas para criar condições de empregabilidade, podem densificar o que quiserem mas através da rede, por mais densa, nós estamos a topá-los !

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Kirch

Fazer da janela um exercício "kirch", de uma cortina um quadro exposto, é uma das característica deste povo que aprecia o que as mãos sabem fazer. Está bem, está mal, é assim e mais nada. A janela é desporporcionada mas a cortininha é mesmo para dar no olho, e vê-se à distância. Ainda em Garvão hoje de manhã, em que o fotógrafo andou por lá.

Janela e porta

Conjunto simples, casa modesta mas a que não faltam as bonitas cortinas que ajustam o aspecto exterior limpo, claro, contrastante, da casa das aldeias alentejanas. Neste caso em Garvão hoje pela manhã esta janela, que não sei a quem pertence, mas a quem peço desde já desculpa pela intromissão, já foi objecto de uma tela que fiz e está em Garvão, na Unidade. Gosto muito da simplicidade desta arquitectura, e do colorido que sublinha as linhas rectas, assim um "eye liner" pensando que as janelas são os olhos da alma que revive em cada casa habitada. Recuperar e manter, não destruir nem introduzir valores "acrescentados" que nada trazem de bom, de bonito ou de confortável. Ficamos assim que ficamos bem.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

O pai foi em viagem de negócios

A vantagem de ser utente das Bibliotecas Municipais é poder ver sem custos pequenas maravilhas, ou ler excelentes livros. Trouxe para ver o filme "O pai foi em viagem de negócios" de Emir Kusturica, filme de 1985, vencedor do Festival de Cannes desse ano, e primeiro sucesso do realizador na altura joguslavo, agora é bósnio. Uma maravilha, que embora já conhecesse ainda nunca tinha visto. Diremos não é actual, a Joguslávia já não existe, o comunismo como se conhecia é agora uma peça arrumada no museu da História, mas as pessoas, a sua mesquinhez, a sua dor, e sobretudo as  ilusões, desejos, sentimentos, rostos, olhares, disfarces, traquinices das crianças são eternas, e as "fitas" dos homens-criança sempre a cair no mesmo erro (o erro chama-se "mulheres") são intemporais e não têm credo, raça, ideologia.ou opção politica. Verdade que todos os regimes têm os seus podres, mas nenhum ultrapassou em cinismo, degenerescência e hipocrisia, o regime comunista, basta ver o que é hoje a China, para perceber quão longe se pode ir. Por isso os filmes dos antigos "paises de leste" sempre foram tão bons, pois os argumentos tinham muito que explorar, até os realizadores terem de se "pirar".
Um filme belíssimo, emocionante e divertido, que confronta o "homem novo" com os velhos hábitos do "velho homem". Se alguém puder ver que veja, não perderá o seu tempo, e é melhor que estar a ouvir debates acerca das praxes..

Nascer de um dia de inverno

Via-se logo, pelo nascer o dia ia ser cinzento, chuva miuda e frio. Enfim, o tempo normal para a época. O que não é normal é que um país afundado nas dificuldades financeiras, na dívida e no desemprego, seja arrastado pelas agendas políticas ou mediáticas, para temas  tão prementes como "as praxes académicas" ou "o referendo sobre a adopção por casais do mesmo sexo". É um país bipolar, resta saber quando é maníaco ou quamdo é depressivo. Agora são as praxes, e é uma torrente de asneiras, o povo em delírio e os meios de comunicação a dirigir a banda, todos a falar do mesmo e tudo aquilo que a semana passada era importante passou à história. A obsessão de um povo manipulado pelos políticos e pelos jornalistas. Tanto esforço para "fazer" a cabeça das pessoas.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Matança (momentos gourmet)

 
 
Não quero deixar de referir aqui algumas das iguarias arrasadoras presentes hoje no almoço. Todas a banir de qualquer candidato a estrelas Michelin, e "empratadas" como agora se diz, à bruta. O sabor não era o da comida requentada, mas da coisa acabadinha de fazer, Fiquem lá com as estrelas Michelin e esqueçam o gourmet. Por ordem de entrada em cena podemos ver a moleja, as migas, e até a arrepiante mesa de sobremesa com tudo o que faz mal a rir-se para nós ali tão à mão.

Matança

É agora a altura de matar o porco e os grunhidos dos pobres animais são audiveis por muito lado. É então o momento de organizar o almoço da matança, que a Associação Futuro de Garvão prepara, numa intenção  solidária de recolher fundos. Lá estive hoje, dando umas belas facadas na dieta, e usufruindo de pratos cujo nome assusta e fazem tremer os diabéticos sentidos do gosto. Assim da cachola à moleja, das migas ao cozido de grão, passando pela orelha os torresmos ou as febras grelhadas, tudo de muito, tudo de bom, tudo pecaminoso. E para concluir a vasta mesa de sobremesas preparadas pelas senhoras especialistas. O pessoal da Associação a dar o seu melhor a cozinhar e a servir para que nada faltasse a mais de duzentos convivas. Muito bom, estão de parabéns, agora vamos ver as consequências...

sábado, 25 de janeiro de 2014

Catos

O título não fica bem mas de acordo com o novo Acordo Ortográfico é como se escreve. Mas o que importa é a ideia de criar uma marca aqui em Ourique, onde parece que nada se passa, para comercializar catos, preparados em matérias recicladas, pedras, vidro, pedaços de madeira, latas de conserva, que pintadas servem de vaso para esses catos, fazendo arranjos muitos bonitos que são vendidos. Original, bonito e muito atrativo, e a marca tem nome sugestivo " Cactos do Monte" ficando aqui uma foto. Já comprei algumas latas de atum com catos, que é uma oferta com muita graça. Boas ideias não faltam no interior "ostracizado".

Rita Dias


Ouvi hoje no meu apreciado programa Hotel Babilónia, mas já tinha ouvido por diversas vezes na Antena 1. Mais um talento, cantora e escritora de letras que lhe saem como um verdadeiro jorro de palavras certeiras. A música tem alguma coisa de musica portuguesa brasileira e a menina é determinada, positiva e muito talentosa, o que se quer neste país que parece condenado a uma punição eterna, "Rita Dias e os Malabaristas", e o seu primeiro album "De pés na terra". A ouvir.

Praxes

Agora que a pretexto da tragédia do Meco, se voltou a falar de praxes e da sua irracionalidade, que é tanto maior quanto menos tradição têm as escolas onde são praticadas, recordo os meus tempos de universidade. Foi em Novembro de 1970 que entrei no IST, e nessa altura as praxes era tradição de Coimbra, não me recordo de em Lisboa haver qualquer desses espectáculos circenses à força, que hoje chamam praxes, nem no Porto, únicos locais onde na altura existiam Universidades. Recordo no entanto o meu primeiro dia do Técnico. A praxe foi uma prova de fogo mas à séria. Já conto.
Cheguei ao IST logo de manhã, e pelas paredes exteriores do Instituto estavam pendurados cartazes que diziam "Abaixo a Repressão", "Abaixo o fascismo", etc, escancarados para o exterior. Estávamos ao que soube depois numa vaga de encerramentos de algumas associações de estudantes, coisa que se fazia sem pré aviso, nem autorização de nenhum tribunal. Entrámos, mas  os novatos, após uma ou duas aulas fomos convocados para uma reunião na AEIST, onde vi pela primeira Mariano Gago, presidente da associação de estudantes. Essa reunão visava fazer a "praxe" de informar o "macacal" do que se passava na Universidade de Lisboa. Durante a reunião fomos informados também que a policia de choque tinha cercado o Instituto e exigia que todos os cartazes colocados no exterior fossem retirados, sob pena de invadirem a escola e retirarem pelas suas mãos, e dar umas bastonadas, ou mesmo prender alguns dos "agitadores", isto é, nós caloiros, no primeiro dia de escola. Comentava com os meus botões, "está a começar bem". Braço de ferro, uns não queriam tirar, outros insistiam, e acabaram por encerrar os portões, ninguém entrava nem saía, e lá estávamos nós a ser "praxados" mas o Dux, era o capitão Maltez, temido chefe da Policia de Choque. Chegou o almoço, nada se alterava, a estudantada não cedia, e nós os caloiros cada vez mais à rasca, pois os outros já estavam habituados a estas andanças, a que eu proprio depois me habituei. Tudo terminou com a polícia a arrancar os enormes cartazes, não identificou ninguém, embora tivesse entrado para falar com o director, na altura o Prof Frausto da Silva, e pelas 15horas, levantou o cerco e aí pudemos regressar a casa. A partir daí todos os caloiros fizeram a sua "integração", e eu próprio vi os sinais do que, não desconhecendo, nunca tinha visto ao vivo, o "rosto da repressão" num país autocrático e sem liberdade. Grande praxe, melhor que "rastejar com pedras presas nos pés" ou "passear colheres de pau ridículas". No final não morreu ninguém, e saímos mais conscientes, hoje até se morre e sai-se mais humilhado destas praxes idiotas !!!

Mercado

Hoje foi dia de mercado e lá estive com as minhas peças de artesanato. Fui pintando ao vivo como gosto de fazer, no que sou o único, todos os outros limitam-se a procurar vender, eu procuro mais dar a conhecer. É uma manhã agradável para mim, mas que começa sempre por um " se calhar não vou lá fazer nada", isto é pela negação. Na realidade é um esforço suplementar, um esforço para o qual nem sempre me sinto preparado, pois é preciso levantar cedo, o mercado começa às 8 horas, levar o material todo, organizar o local, que acaba por ficar bonito, e acaba por me dar muito retorno, são pessoas que vêm , que comentam, que apreciam ou não, é mesmo uma manhã diferente de tudo. Aproveito para fazer pequenas compras, um pão alentejano, umas popias (bolos em forma de argola caracteristicos daqui), couve, tangerinas, tudo biológico, ou caseiro como se queira. Gosto de mercados, não gosto dos "mercados", como agora se diz. Mantê-los já é uma tarefa complicada, uma tarefa para carolas, e uma grande carolice. Sem peneiras acho que a minha presença lá acrescenta valor. Outros que pintam já por lá passaram e desistiram, se calhar porque a única motivação é vender, se assim fosse já teria desistido também, no entanto sobrevivo. Hoje havia muitos "mercadores" e razoável numero de visitantes, mas só animou a partir das 11 horas. Na foto estou pintando ( a foto não é de hoje pois a bateria da máquina pifou...)

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Matriz

Passa a maior parte do ano de porta fechada. Poucos devem ser os que se possam gabar de a ter visto por dentro, mas pelo exterior é linda, e bem caracteristica do que o sul tem de bom, e das igrejas do sul, bem diferentes dos mamarrachos que são algumas das igrejas das aldeias do norte de Portugal. Hoje em que saí para aquecer as pernas, fazer voar o pensamento e desobstruir os neurónios, parei, vi e tirei-lhe o retrato quando espreitava por entre as sebes, do alto da sua provecta idade, pois data do sec XVIII. Uma bela idade que mostra quanto as raízes são profundas.

A propósito

A propósito do que é antigo, faria hoje 92 anos o meu pai. Recordo aqui o seu perfil apaziguador, tranquilo e resignado que o caracterizava, e de que herdei muitos aspectos. Herdei também, menos bem, a tendência genética para um coração preguiçoso, quem sai aos seus ...  Enfim o que conta é a sua imagem amiga e colaborante, sempre disposto a ajudar e ter uma palavra amiga.

Voltar

Após mais uma visita de rotina ao meu hospital preferido, quase um hotel, de novo regresso a esta parede, onde encontro o apoio para não ir ao chão. Muito sol, mas muito frio, sobretudo dentro de casa, enquanto o calor da salamandra não chega à pele a atravessa rumo aos ossos. De resto tudo bem, mais medicamento menos medicamento, mais picada menos picada, fica um dia que apenas peca por ser demasiado longo. Assim voltar é sempre muito bom e reflito nesta parede onde o tempo deixa as suas marcas, a solidez de um recato, o conforto do que é antigo.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Ausente

Para revisão, estarei ausente no dia de amanhã, regressando apenas 5ªfeira, Espero não trazer de lá nenhuma oferta viral. Dispenso.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Gripe

Em breve vamos ter um pico de gripe, temos de nos proteger, eu em particular terei de ter cuidado, ainda por cima vou na próxima quarta feira ao meu Hospital preferido, espero que não me pregue nenhuma partida, pois hospitais e centros de saúde são locais a evitar. Máscara, evitar contactos com maçanetas das portas, nas casas de banho muita atenção com os secadores de mãos, conto com a proteção da vacina, com a laranja diária que como há três anos todos os dias e se tudo isto não chegar, Deus há-de valer, pois já mostrou não me querer já lá pelos seus domínios. Conto ainda com o apoio do Tó Zé Seguro, que consegiu, apenas com uma pergunta ao PPC que os centros de saúde abrissem até às 22 horas, e anda agora a arriscar a sua saúde em visitas a hospitais, para desejar as melhoras a senhoras velhinhas, para quem ele é o neto que gostavam de ter, e para mostrar o que fará de diferente quando for primeiro ministro, isto é, nada !!! Bem haja, mas já agora tenha cuidado, a gripe espreita, e não se resolve apenas com palavreado.

domingo, 19 de janeiro de 2014

Contramão


Para quem gosta, eu por mim gosto mas não "adoro", Pedro Abrunhosa tem um novo trabalho,   "Contramão". que estou agora a ouvir. Está na linha dos anteriores, excelentes palavras do autor que escreve excelentes letras, continua a declamar mais do que a cantar, mas isso toda a gente sabe, e produz um trabalho interessante, que se ouve com prazer, mas para quem gosta, pois este artista não procura unanimidades. Tem uma grande canção chamada "Quero voltar para os braços da minha mãe", alusiva ao recente fenómeno de emigração dos jovens deste país, numa visão talvez demasiado melancólica, mas é o seu registo. Deixo aqui para que ouçam, se quiserem, se gostarem e se tiverem os ouvidos abertos, senão não vale a pena. Vá lá ....

Sunny happy sunday

Sol, vento, terraço, céu azul, frio, condições perfeitas de pressão e temperatura para secagem da roupa. Não atrasar que o sol está-se a perder na aldeia da roupa branca.

Momento gourmet

Se em todo o vão de escada existe um momento gastronómico, um canto gourmet, um corredor da comidinha, porque não aqui ter um "momento gourmet", agora que o novo riquismo elevou ao nível da arte, a cozinha "requentada". Pois neste momento gourmet partilho aqui o almoço de domingo de um diabético adiabático que se auto-alimenta. Hoje domingo é dia de frango assado, acompanhado das também assadas no forno, cebolas, beterrabas, tomate e do feijão cozido na panela de pressão, se quisermos requinte poderemos ao mesmo prato chamar, " peito de frango em cama de legumes, tomate caramelizado e feijão no vapor perfumado de azeite de Moura " enfim ficará mais atractvo. Um naco de pão alentejano e um copo de vinho completa esta "coisa" gourmet que afinal é um almoço delicioso e bem baratinho. Bon apetit !!!

sábado, 18 de janeiro de 2014

18 de Janeiro

Na iconografia das esquerdas em Portugal uma data que sobressai, o 18 de Janeiro de 1934, 80 anos sobre a revolta operária dos vidreiros da Marinha Grande, a coisa mais parecida com a revolução bolchevique que teve lugar em Portugal, já no tempo do estado novo e que hoje se comemora. Comemorar é uma forma de expressão pois quem quer agora saber dessas lutas do passado, numa altura em que muita gente ainda pensa que o dia 25 de Abril foi o dia em que o Salazar morreu, para não se dizer pior. Bom fica aqui a memória para os muitos que acreditavam, numa altura em que havia quem desse a vida, em nome de uma fé, de uma ideologia, de uma causa. Hoje o dinheiro fala mais alto, e estamos perante uma política de interesses, higienizada e anti-sética, despida de alma, e trampolim para o "pote" como dizem os nossos politicos realistas, ou para uma "nova normalidade" como disse ontem PPC. Daí recordar aqui a pureza dos ideais e o 18 de Janeiro bem encarna esses princípios esquecidos nos tempos dos nossos avós.

Chuva

Foto de Aivados hoje de manhã. Procurava andar um pouco, tirar a moleza das pernas, mas só foi possivel andar na minha "capoeira", refiro de forma carinhosa o Clio Societé que agora tomou o lugar das minhas pernas, um pouco pesadas e preguiçosas. Assim sim, deu para sentir o cheiro húmido da erva, a terra molhada, o orvalho, granizo aqui não, só na Avenida de Roma, e outros lugares comuns que se dizem de um passeio no campo e que convém referir para sermos uns "ambientalistas" encartados. De resto o céu cinzento e o verde a perder de vista da planicie com a pequena aldeia a espreitar no horizonte. Dizem que não há sábado sem sol, domingo sem missa, segunda sem preguiça. Começa já mal pois hoje sol nem visto.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Jotas

Se até aqui as "jotas" em geral tinham posições um pouco mais avançadas que as dos partidos a que pertenciam eis que nos últimos dias duas ideias peregrinas tiveram origem nos "jotinhas"; estou a falar da ideia da JC de propor a redução da escolaridade mínima do 12º para o 9º ano, proposta logo retirada por vergonha, por outro lado a JSD apadrinha este referendo hoje aprovado à força, que toda a gente sabe nunca se realizará e só serviu para travar o processo legislativo que estava em curso. Se estes "jovens" são assim na juventude imagine-se o que farão quando chegarem aos 40 ou 50. Esta a juventude que não emigra. É pena!

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Porquê ?

Quando se pretende distrair as atenções do povão em Portugal, a regra é "tiramos do bolso um tema fracturante". Tal como Sócrates fazia, embora num sentido diferente, agora o PSD volta ao mesmo. Cá está a adopção e a co-adopção no meio da berlinda, para que o pessoal se ocupe do osso que os políticos lhes lançam, pois , já se sabe, a chamada homofobia não é apenas uma palavra vã. Assim agora pretendem referendar, isto é, condenar, uma lei já aprovada na generalidade e que confere alguns direitos a conjugues acerca da adopção dos filhos do companheiro /a, e que na prática protege crianças que sendo adoptadas pelo conjugue, ficam sem qualquer apoio se  ao pai ou mãe adoptiva acontece algo de mal (morte por exemplo...)  Revolta tanto cinismo, revolta esta gestão de agendas, revolta este chutar para o meio da rua uma bola que devia ser acarinhada. Isabel Moreira tem razão quando diz,que não se referenda assuntos de direitos humanos. O problema é que isto não é um referendo é um embuste.

Luz


Hoje na SIC reportagem feita aqui no concelho, não disponho das imagens mas em breve talvez se arranje. E pelos melhores motivos, pois a "luz eléctrica" chegou a alguns dos montes isolados do concelho, a reportagem era em Monte Novo dos Espigos (belo nome), para alguns que já não a esperavam em vida. Claro que podemos sempre perguntar porque é que essas pessoas insistem em viver assim isolados, mas a resposta é simples, porque nasceram lá ! E teremos a obrigação de levar a luz a esses locais, sim, temos , não temos é obrigação de levar a rede como a conhecemos, pois pode-se instalar equipamentos alternativos que permitam o mesmo desempenho. Tudo vale a pena para ver o olhar sorridente de pessoas que já pouco esperavam, que guardavam a carne em salgadeiras, como fazia a minha bisavó que ainda conheci, e que estavam dependentes de meios muitos primitivos de iluminação ou de acesso ao mundo exterior. Felizmente, apesar da crise ainda se pensa nessas pessoas e nisso os municípios têm tido um grande papel. Será que alguém se imagina a viver sem luz eléctrica ?

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Passou-se ?

Para quem acompanha a SIC Notícias, como é o meu caso, não pode deixar de acompanhar com tristeza o processo de degenerescência a caminho da total imbecilidade do "jornalista" Mário Crespo. A questão é esta, ele está no ecrã para moderar, ou para ser ele a fonte da noticia, a origem da opinião, e o actor principal em que os seus convidados não passam de figurantes dando-lhe pretexto para expor a sua opinião ? Desde a execrável Manuela Moura Guedes e seu Jornal Nacional travestido  da TVI (como dizia Sócrates) que não se via semelhante despautério. O homem opina, comenta, faz-se centro das atenções, dá palpites, interrompe e fala de uma forma mal educada por cima dos convidados, interrompe, vende aqui os seus ódios de estimação, a RTP é um deles e todos sabemos porquê. Já não há pachorra para o aturar, e ontem, com a ministra da Agricultura, que foi por ele submetido a um autentico processo de tortura ao vivo, sem possibilidade de defesa, pois o Sr. Mário jamais a deixava completar uma frase, pois apenas queria que ela confirmasse as imbecilidades que ía dizendo. Direitista reconhecido, seria o menos, queria ultrapassar a ministra pela esquerda, dando-se ares, e ela afinal mostrando categoria jamais fez o que ele estava mesmo a pedir, "duas lambadas no focinho", falando mal e depressa. Tenha juizo !!!

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Surpreendido

François Hollande não pára de surpreender, e Seguro que se cuide, pois podemos ali ver uma antevisão do que se passará com ele mesmo quando for primeiro ministro em 2015. Isto é, tal como PPC, um discurso na campanha outro no poder. Hoje na esperada conferência de imprensa Hollande  diz que se tem de baixar impostos às empresas, para isso tem reduzir despesa, e para a reduzir a palavra mágica de Hollande, como PPC, é a "austeridade". Pensavam que iria falar de outros aspectos  da vida do senhor presidente mas não, terá direito à sua privacidade, e está furioso por se ter descoberto as escapadelas, mas isso não surpreeende pois tudo se espera de alguém que faz o milagre de nos provocar saudades de Sarkozy.

Novo dia

"Tomorrow is another day" são as palavras de Scarlett que fecham as várias horas de "E tudo o vento levou", para mim o maior monumento cinematográfico jamais produzido. Acredito que esta imagem seria próxima daquilo que Scarlett imaginaria. Um novo dia que nasceu hoje próximo da chuva miudinha, e que para mim, "business as usual", se tornou num dia de todas as consultas. A ida a médicos, enfermeiros, bruxos, curandeiros, centros clinicos, centros de saúde, consultórios, farmácias, centros de análises, de RX e de ecografias, hospitais, e outros que tais, tornou-se o meu turismo preferido, só não dá para tirar retratos e fazer um blog de viagens com tais eventos, como outras pessoas mais viajadas. Ainda houve tempo para tirar o retrato ao sol que ainda não tinha nascido, pudera era 7h15, e preparar para iniciar o dia, com algumas picadas e uns comprinidos, uns "ludes" como dizia ontem o lobo, que tudo fazia para alimentar a sua louca dependência, Embora não perguntem, correu tudo pelo melhor e agora digo eu, "tomorrow is another day".

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Lobo

Depois de uma ausência de quase ano e meio voltei hoje a uma sala de cinema. Com o encerramento dos cinemas da Guia, ficou mais dificil e depois da sua reabertura fiz agora a estreia, e logo com um grande filme, "O lobo de Wall Street" com uma grande interpretação de Leonardo DiCaprio, que também produz, com realização de Martin Scorcese. Filme longo, mais de 3 horas, e um argumento baseado na vida real de Jordan Belfort, tal como o próprio a escreveu, um corretor criador de uma empresa de corretagem onde acoitou as suas práticas de manipulação de mercado, fraude e branquamento de capitais, associadas a consumo de drogas, deboche e excessos, tendo acumulado uma fortuna imensa, até ser preso e condenado. Num registo de comédia negra, o filme apresenta de forma clara como um jovem ganancioso e sem escrúpulos, associado a meia dúzia de pacóvios sem qualquer formação e sem principios ou ética de qualquer espécie, transforma uma corretora que funciona num armazém, numa grande de Wall Street, enganando autoridades e clientes. A ver neste momento em que muito se fala da "economia de casino".

domingo, 12 de janeiro de 2014

Segredos

Vi ontem o documentário "Roubamos Segredos", está candidato aos Globos de Ouro deste ano, como melhor documentário, e se calhar aos Oscares, veremos. Trata-se de um documentário de 2013, acerca de Julian Assange e do site Wikileaks, e merece bem ser visto, pois já está em DVD, e disponível na Biblioteca de Castro Verde, por exemplo. O documentário entrevista os actores principais desta enorme "bomba" que mudou a forma como vemos os segredos de estado, e abriu portas a uma nova, a de Edward Snowden e do escândalo NSA. Julian Assange não surge como herói, mas é traçada uma visão que nos permite escolher entre herói, visionário, pirata, terrorista, pervertido, guerrilheiro, militante da liberdade, cavaleiro andante ou bombista. A sua personalidade é complexa mas o que fez mostrou ao mundo o lado escuro dos EUA, e muitas coisas que estavam escondidas e que se fizeram contando com esse secretismo, e o secretismo é quase sempre totalitário. Acompanha-se ainda o soldado Bradley Manning, uma estranha personalidade, frágil, efeminado, inconstante, carente de notoriedade, que se apoderou de quase um milhão de ficheiros classificados do Departamente de Defesa dos EUA e os proporcionou ao mundo. O documentário não faz a apologia de nada, é muito factual, não deixando de lado o lado obscuro de Assange, nomeadamente as acusação de violação de duas suecas que acusam o australiano de "sexo desprotegido sem o seu consentimento". Sendo acusações oportunas não deixam de ser sérias. Assim é um bom documento que nos explica aquilo que se passou e ainda não terminou, Bradley está preso mas não conhece pena, podendo ir à pena de morte, e Assange está há dois anos, no minimo, confinado a um quarto na Embaixada do Equador em Londres donde será preso e extraditado se puser um pé do lado de fora da porta.

Porta nova vida nova ?

Sempre achei aquela porta da sede do município uma coisa de envergonhar. Sei que o dinheiro não é muito, mas a porta de entrada é fundamental para receber com respeito os visitantes, funcionários e até o senhor presidente, ilustre vereação e estimados membros do "parlamento" municipal que com frequência por lá passam. Agora, eu só vi agora, foi tirada aquela "coisa" a descascar a tinta, e colocada uma porta nova ( ou reparada a anterior, já não sei), que termina a obra de pintura e reparação da fachada. Assim sim ! Porta nova, vida nova, o concelho merece, e os seus autarcas também, os municipes agora aguardam contunuidade da obra e melhorias noutras "portas".

Flores

Hoje de manhã no jardim do Miradouro onde faço um passeio matinal para que as pernas não ganhem moleza, as flores rasteiras, simples e resistentes num Inverno cinzento, domingo que nasceu tristonho mas que tem a vantagem de ser domingo. Para mim, reformado militante o domingo seria um dia igual aos outros, mas não, respeito o domingo e dedico-lhe outra ocupação, outra roupa e até outra comida (hoje recaiu no frango de caril a minha escolha). Entretanto deixo aqui as flores que ofereço aos meus hipotéticos leitores, que saúdo, pois têm-me acarinhado com a sua presença.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Congresso

Este fim de semana Congresso do CDS. Um fogo fátuo. Nada há a decidir, nada a discutir apenas um ensaio de auto elogio, os jornalistas todos excitados bem procuram encontrar rasquicios de alguma oposição interna, que alimente as suas intrigas e ajude nas audiências. De resto nada a assinalar, e o fim de semana politico vai ser um enorme bocejo.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Ser pensionista

Dizem que pensionista e reformado não é o mesmo. Parece que não, o reformado adquiriu direitos para si, o pensionista adquiriu de terceiros, mas para PPC é tudo a mesma gente. Mas o que é ser pensionista? É ser alguém que vive à custa do estado, embora tenha contribuido com o seu dinheiro para isso. É alguém que não tem direitos pois os seu "contrato" não está formalizado, não podendo defender-se ou invocar incumprimento, como fazem os detentores de concessões em regime de PPP. É ser alguém que é tido por um peso morto, daí o estado quando corta pensões diz que "esta a reduzir a despesa", ser pensionista é ser "uma despesa", um "desperdício" na contabilidade ultra-liberal. É ser alguém que é tido por detentor de um privilégio, pois nunca descontou o suficiente, e é desconsiderado todos os dias por ministros energúmenos, nomeadamente o primeiro deles, isto porque este senhor conhece alguns colegas de partido (e de outros partidos ou sem partido)  que usufruem de pensões adquiridas com meia dúzia de anos de trabalho, e espera que no futuro possa ele próprio usufruir dessa bemesse, mas não o pode confessar publicamente. É ser alguém que quando come, pensa, "estou a comer os impostos dos portugueses". É ser alguém que pertence a um grupo social que os governantes veriam com agrado ser extinto. É alguém que já foi, mas já não é. É ser alguém que conta apenas como mais um ratio na percentagem do PIB, e como tal é visto, e sobre quem são estabelecidos objectivos de redução, mas é para quem tudo se volta quando é preciso tapar buracos, nos orçamentos dos netos, dos filhos, ou do governo. É verdade será isto tudo mas afinal todos serão pensionistas um dia. Por isso o que aconteceu hoje, em que os pensionistas que recebem pensão no banco SantanderTotta, não a receberam, é um péssimo prenúncio, pois diz-nos que ser pensionista pode ser também alguém a quem se paga quando houver possibilidade, e a qualquer reclamação sua se responde "tenha paciência".

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Solidão

Não que se queixe mas o sentimento que associamos a esta imagem é mesmo a solidão, embora haja quem diga, com alguma razão "la solitude, ça n'exist pas". Pois só estamos "sós"  se assim queremos. Ontem no meu percurso deparei com este sobreiro, forma elegante e no meio da paisagem acompanhado do tapete verde e do céu profundo e cinzento, a imagem de uma natureza que renasce num ciclo que vem dos tempos sem tempo. Gosto do inverno.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Tapete

Primeiras flores, as brancas. Parece uma tapete gelado mas são flores, as primeiras do inverno e muitas se seguirão até ao apogeu da primavera. Hoje na Aldeia dos Fernandes, aqui pertinho, mas já no concelho de Almodovar, onde uma estrada plana, recta e esburacada nos conduz com muitos sobressaltos.

Aurora


 
Ser pobre não é defeito
Ser rico não é fineza
Tudo é trabalho feito
Pela lei da natureza

Ao romper da bela aurora
Sai o pastor da cabana
Vem gritando em altas vozes
Muito padece quem ama
 
Hoje pelas 7h30 vi bem o que significa esta bela aurora. É a riqueza do dia que nasce onde "ser rico não é fineza tudo é trabalho feito pela lei da natureza". Tirei a foto na certeza de que o dia não estaria à altura  do que aquela aurora anunciava. Mas os dias são o que queremos fazer deles, são apenas a matéria prima que amassamos na mão como um oleiro. Bela aurora na planície, hoje.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Inverno

Os campos adquirem agora uma estranha tonalidade acinzentada, onde algum verde também desponta devido à humidade. Há uma indefinição no horizonte e o frio da manhã parece ter côr. Entretanto mais uma cegonha, acabada de chegar, enquanto o seu par procura alimento ou mobilia para a casa, vai fazendo as limpezas e procurando espaço, onde em breve porá ovos e nascerão os filhotes. A calma é total, mas só aparente. Para além do silêncio muita vida aproveita o inverno para despontar. A foto é desta manhã-

Caríssimas


"Carissimas canções" é o mais recente registo de Sérgio Godinho autor por quem nutro uma enorme admiração. Mas não sou fã incondicional. Por exemplo não gosto deste disco, onde me parece um peixe fora da água, e a única de que gosto é a única do próprio. "Ultima sessão". De resto o disco é composto por versões de canções que sendo de outros autores Sérgio Godinho considera serem as "da vida dele", e eram 40 na versão em livro. Depois no CD, que é gravado ao vivo juntou apenas 13 a uma da sua autoria e ficam 14. Mas penso que as interpretações ficam muito aquém dos originais, e ele não lhe acrescenta nada, na minha opinião, e o resultado é algo artificial que não aprecio. Assim passaria bem sem este registo, eu que muito gostei do seu anterior "Mutuo consentimento", e que não acho nada que esteja a perder as suas qualidades de autor de canções. Para o provar deixo aqui mesmo a canção "Ultima sessão", que julgo estar neste disco mas ser já antiga. A confirmar.
Após confirmação é uma canção de 2000 do album "Lupa", mas é muito boa como se pode ouvir, e ter atenção à letra. Para quê, rapazes de camisola verde, vendavais ou pessoas estranhas ?

domingo, 5 de janeiro de 2014

Mine (take 2)

Um banco de jardim pode ainda acolher a bebida oficial, no conforto do suma-a-pau. Desde que o "vasilhame" se parapeite...

Mine

É a bebida oficial da Républica Popular do Alentejo, e está por todo o lado, até no Café Central, não interessa em que vila pois em todas há um, e este vende "mines", tomadas na mesa, ao balcão, ou na rua. Todas as horas são boas, todos os locais são adequados, todas as companhias são consideradas, até um banco de jardim ou uma janela, desde que tenha um parapeito para deixar o "vasilhame". A noite aconselha que se deixe para no dia seguinte serem recolhidas pois não são "tara perdida", ou se forem o "vidrão" não está no vocabulário. A "mine" não é apenas a bebida dos idosos de boné na cabeça, mas dos jovens e das mulheres que não se ensaiam nada para beber duas ou três pela garrafa. Não vem mal ao mundo, e este post não é critico apenas documental. Vai uma "mine" ?

Casa

O ciclo renova-se e as primeiras cegonhas estão de regresso a casa. Hoje de manhã já algumas procuravam fazer a reparação e a limpeza dos ninhos que deixaram no inicio do Verão passado e preparam-se de armas e bagagens para a procriação aqui pelas terras alentejanas. Pelos vistos não receiam nenhuma crise, nem a alta dos juros ou os cortes as impediram de considerar estas terras suficientemente seguras para ter os seus filhotes. Sabem que estes estão condenados a emigrar, nada que as assuste nem fazem drama com isso, é sempre o mesmo ritual da viagem e do regresso e perante o destino traçado não o contrariam e procuram vivê-lo à sua maneira sem interferir. É uma visão determinista que nos devia fazer pensar.

Eusébio (1942-2014)

Morreu Eusébio, com uma insuficiência cardíaca, onde teve menos sorte do que eu, que durante quatro anos convivi com ela até á beira do desfalecimento. 1966, com 13 anos, o futebol não se via em casa, pois poucos dispunham da caixinha que mudou o mundo, via-se em casa dos vizinhos, nas montras dos estabelecimentos, ou nos cafés, snacks, cervejarias, tascas e tabernas. Decorria o campeonato do mundo de futebol em Inglaterra, eu ía com o meu tio Zé Pereira ver os jogos no café do Bairro da Mina, na Amadora, onde morávamos, ele pedia um café e uma Mosca, eu bebia uma Laranjina C, e assistiamos aos jogos quase sempre a meio da tarde, os jogos à noite só mais tarde, e foi assim que conheci Eusébio, as suas jogadas mirambolentes, os seus golos convincentes e a sua capacidade de jamais se render e de acreditar na vitória, de se dar completamente ao jogo. Embora integrado nos três F's do regime ( Fado, Futebol e Fátima), ele foi a maior vitima desse regime que não lhe permitiu uma carreira internacional, quase nacionalizando as suas chuteiras. Era o maior, foi o melhor, e só teve a sombra de Pelé. Nos meus 13 anos iluminou aquele meu Verão de 66, que ao terminar deixou a todos um amargo de boca, o regresso a um país cinzento e sem alegria, a alegria que nos transmitiu nesse Verão quente. Obrigado.

sábado, 4 de janeiro de 2014

Castro

Procuro reproduzir aqui o Castro da Cola, paisagem icone desta região, no meu estilo naturalista e sem nada de especial. Não é arte mas artesanato, e será para oferecer quando pronto, só que não decidi a quem... é uma tela pequenina 40x30, chinesa e reaproveitada, é a gama baixa da baixa gama... mas prova de que na natureza nada se perde tudo se transforma.

Planicie

Vista de um ponto alto vemos mais longe, como nesta foto de ontem (claro, pois hoje é só chuva), onde a planície se vê por muitos quilómetros.  Descemos à terra e aí vemos só detalhes, os detalhes que importam, as pessoas, as casas, os animais e as plantas e os seus dramas e as suas alegrias. Muitas vezes os nossos governantes sobem tão alto que só vêm distancias, nomeadamente a data das eleições que desponta no horizonte. Os individuos não lhes interessam, o particular aborrece-os, o detalhe enfada, pois esquecem que uma votação é uma soma de muitas votações individuais. Assim eles também não nos interessam, pois se os nossos problemas são ignorados, porque nos havemos de preocupar com os problemas deles ??? mas como dizia aquele comentador socialista, Pedro Adão e Silva, "para cada desempregado a taxa de desemprego é 100%" e tinha carradas de razão. Assim vejam a pessoa por detrás de cada cifra ou racio, ou arriscam a ficar suspensos no ar da irrelevância e a falar para as paredes, como já é o caso.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

As três mentiras e o temporal

Nas medidas de substituição ao chumbo do TC, foi recuperada a taxa das três mentiras, isto é, a Contribuição Extraordinária de Solidariedade, que vai ser alargada, apanhando alguns pobrezinhos onde ainda encontraram vestígios de ADN de dinheiro que um dia receberam, e já agora carregam nalguns com pensões fabulosas, acima dos 1350 euros, uma fortuna que não merecem. O governo não está obececado pelos pensionistas, nada disso, eles é que estão obececados por comida, por roupa, por medicamentos, enfim obessessões pouco saudáveis. Peguem lá com as três mentiras, isto é a Contribuição que é um imposto, a Extraordinária que é permanente, e a Solidariedade que é imposta à força. E se fores pensionista do Estado ainda levas com a taxa da ADSE que é mais caro que um seguro de saúde privado e dizem, o melhor negócio do Estado. Caso para dizer vem aí temporal.

Calibração

Entrou definitivamente mais uma palavra do linguarejar "troyquiano", e como sempre mais um embuste "tecnocrático", a palavra "calibrar" e seus derivados. Nos meus tempos de engenheiro na indústria, quando tinha responsabilidades na qualidade, calibragem era um conjunto de procedimentos a que um equipamento de medida tinha de ser submetido de forma a garantir a sua "repetibilidade", isto é, uma medida executada nas mesmas condições de uma outra deveria obter o mesmo valor, a menos um erro dependente do nivel de precisão do aparelho de medida. Estas operações eram feitas em laboratórios um pouco mais modernos que o da foto, mas enfim, também serviu no seu tempo...
Agora os nossos políticos, foram recuperar a palavra, aconselhados pelas agências de comunicação que contratam com o nosso dinheiro a peso de ouro, e com o objectivo de nos baralhar. Pois usam a palavra para nos dizer que os "larápios" apropriam-se do nosso dinheiro mas com critérios "científicos", assim elevando ao nível de ciência aquilo que não passa de preguiça, pois cortam onde é mais fácil, mais rápido e mais simples, claro naqueles que não têm poder que não seja o do voto, e isso só em 2015. Nessa altura vamos querer esquecer que um dia conhecemos estes senhores,  mas o mal já está feito, e o país já está "salgado" como diz Pacheco Pereira, e só dará erva daninha.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

"Viena" do Alentejo

Pois à imagem de Viena, tivemos por aqui um Concerto de Ano Novo, com tudo o que de festivo estes concertos têm, pela Orquestra Clássica do Sul, que tem um excelente desempenho. Uma bela prenda de Ano Novo, pois aqui mesmo no Baixo Alentejo, onde dizem que nada se passa, tivemos direito ao Danúbio Azul até à Marcha Radetzky, com palminhas do público e tudo. A sala não encheu, mas estava quase a três quartos, apesar de ser pago (eu pelo menos paguei quatro euros, uma ninharia....) Esta a diferença entre ter uma boa sala de espectáculos e não ter, entre querer trazer cultura (mesmo festiva, o que é bom para um público a construir) ou não querer fazer nada. A OCS também alargou agora o àmbito a todo o Sul de Portugal e à Andaluzia. Gostei.

Angola

Agora que se fala tanto de Angola, angolanos, petróleo, cleptodemocracia, e outras coisas de um sistema que parece dar-se mal com o seu povo, e preferir o trafego, os casinos, a apropriação dos meios de produção por alguns, faço aqui uma sugestão de leitura, que estou a seguir eu próprio, e que vale ler, é grande mas de leitura fácil e até divertida, mas dando uma verdadeira imagem de Luanda e Angola, que eu nunca conheci. "Os transparentes" de Ondjaki, um excelente livro que ganhou este ano o Prémio Saramago, sucedendo a outros vencedores tão fortes como JL Peixoto, Gonçalo Tavares ou João Tordo. Li cerca de um terço do livro, e para quem leu Pepetela, pode comparar pois é o mesmo estilo mas onde algum humor alisa o áspero dramatismo da vida daquelas personagens que vivem todas no mesmo prédio na Luanda do suburbio. Quando acabar digo um pouco mais.

Gisela João

Mesmo para quem gosta pouco de fado, como é o meu caso, devido a "um trauma de infância", dificil é ficar indiferente a esta verdadeira coqueluche, que surgiu em 2013, e que arrisca ser a grande revelação do ano na música portuguesa. Canta muito bem, acompanha-se melhor, escolhe bem os temas, tem uma imagem excelente  (nada fadista...)  e sabe como fazer o marketing cultural, coisa rara. É Gisela João, e fica aqui um exemplo do que é capaz de fazer, com um texto de Ary dos Santos e música de Alain Oulman. Uma bela canção, mesmo sendo fado... e vale a pena ouvir o resto do CD, o que estou a fazer agora.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Coragem

A mensagem do primeiro dia do ano tinha de evocar a "coragem" pois é o que vamos necessitar para encarar 2014 e sobreviver ao ano que a mim me parece vir a ser o mais depressivo de todos os que vamos vivendo desde 2010, pois a tudo o que já vivemos no aziago 2013 se soma o pior orçamento de que há memória o que só augura mais sofrimento, desemprego, pobreza, e desprezo dos governantes pelo bem estar do povão. Em termos pessoais também a coragem é precisa para encarar a falência pessoal na saúde e a inevitável perda de de autonomia que está no horizonte onde paira como ameaça permanente, real ou potencial. A coragem para se estar bem numa vila da provincia onde no ano que termina ainda houve possibilidade de mudar a cara de muitas casas e torná-la mais atraente, apesar da crise, o interior "ostracizado" ainda mexe, com a tal coragem, e os piores dias vivem-se talvez com um pouco mais de "ar", respira.se e ainda bem. Bom Ano,