quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

O meu 25 de Abril (3)

Quando a dúvida se instala a resistência começa, mesmo a simples resistência mental. Ficamos abertos a outras visões, a outras leituras, e a minha passagem pelo IIL, Instituto Industrial de Lisboa, durante apenas um ano, marcou essa diferença. O IIL, embora fosse aquilo a que se chamava um "curso médio", que dava acesso a ser "agente técnico de engenharia", funcionava em muitos aspectos como as universidades e era envolvido nas suas lutas, nas mesmas leituras da situação política, pelo que foi um ano de acelrerada formação política para mim. As condições da escola eram deploráveis. Funcionava num velho edificio meio arruinado, tinha um pátio enorme onde se construiram anexos em "platex", que estavam cheios de alunos, chovia no interior, laboratórios quase não havia, nas salas de aulas, os profs, em geral apenas o eram em part time, e as aulas eram um debitar de matérias, para as quais não havia "sebentas", pelo que as aulas eram uma espécie de ditado, e nós limitavamos a tirar notas. A insatisfação era enorme, caldo de cultura para a revolta. Todas os dias eramos matraquilhados com invasões das aulas, para convocar uma RGA, uma greve, informar as últimas da "repressão estudantil", ou dar notas da "guerra colonial". Não queria passar ao lado disso, mas tinha apenas 15 anos, e comecei a ver que esta não era uma escola para mim. Não tinha nem maturidade nem preparação. Eram raros os estudantes que tinham entrado como eu, apenas com o chamado 5º ano do liceu. A maioria tinha o curso industrial mais dois anos de preparatórios pelo que tinham mais de 18 anos. Tudo era confusão, improviso e mal estar !!! Dali, de qualquer forma não se saía da mesma maneira como se tinha entrado. E isso aconteceu comigo. Mas não iria sair sem o melhor ter acontecido, E aconteceu mesmo, e eu estava no sitio certo para ter noticias acerca de um evento de grande dimensão e que quase passou ao lado deste país triste e cinzento. Deixo uma musica desse ano, de um autor que lá me foi "apresentado" e que jamais ouvira na Emissora Nacional ou noutro lado, de seu nome Adriano. Só podem ouvir, a imagem é negra como era Portugal em 1968.

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