segunda-feira, 24 de março de 2014

O meu 25 de Abril (28)

Íamos entrar em 1972, e este ano seria de grande viragem e contestação, seja por motivos académicos, ou políticos, pois uns e outros estavam sempre muito ligados. Em geral tudo começava por motivos académicos, um exame, umas aulas, um professor que exacerbava o sem campo de acção, ao que se juntava numa segunda fase mais um motivo de solidariedade com algo que se passava noutra escola, o que conduzia a situações de entrada em aulas para "dar" informações, e isto era assegurado pelas "comissões de curso", depois fazia--se reunião de curso, ou se se justificava, RGA, reunião geral de alunos, onde se aprovavam moções, propostas ou formas de luta se se justificava, que depois se tinham de pôr em prática, e assim a "panela" ía tomando pressão, até que um pequeno acontecimento era o pretexto para saltar a tampa, numa panela que já fervia. Claro que diversas forças políticas estavam presentes, de forma clara ou mais ou menos encapotada, e faziam do meio universitário seu campo de actuação, vistas as liberdades de que ali se usufruía, conquistadas pelos estudantes, mas também cedidas ao abrigo da já falada autonomia universitária. Claro, quando o molho entornava, lá se ía a autonomia, e a polícia entrava com ou senm informação prévia, o que levou a muitas demissões de Directores e Reitores. Aconteceu aqui onde o Prof. Fraústo da Silva, acabou por sair após uma invasão da polícia, que ficou instalada uns dias no interior, procurando controlar e apanhar alguns "agitadores" como na altura se chamava. O ano de 1972 fica ainda marcado pela morte de Ribeiro Santos, de que apenas tive notícia, a nada assisti, na altura trabalhava e muito do tempo aproveitava-o para isso. Deu-se em Económicas, na sequência da "detenção" pelos estudantes de uma pessoa que retirava apontamentos dos cartazes expostos, tido por "bufo", o que levou a que uma brigada da PIDE lá se deslocasse para identificar e levar o himem (era um pide também, provavaelmente). Perante a presença da brigada os ânimos agitaram-se, nomeadamente pela facção do MRPP, na altura com presença forte em Direito e outras escolas, e os pides ao se sentirem ameaçados sacam da arma e dispsrsm város tiros, e um deles atinge mortalmente e à queima roupa Ribeiro Santos, estudante e dirigente associativo de Direito, e fere José Lamego. Esta morte, pela primeira vez dava-se um caso assim na Universidade, ocorreu a 12 de Outubro de 1972, mudou de forma definitiva a relação já degradada das autoridades com a Universidade e teve reflexos em todas as escolas. O MRPP tirou o maior partido que pôde, até hoje, pois ainda existe (!!!), A partir daí o ambiente torna-se irrespirável. Meetings, RGAs, Plenários, a propósito ou não, tudo acabaria por desiquilibrar o equilibrio instável que se tinha vivido nos últimos anos. Eu ía entrar já no 3º ano. em 72/73, e estava agora na comissão de curso do" terceiro de electricidade" como se dizia. esse ano lectivo iria ser anulado, e o Técnico encerrado devido às condições de total instabilidade que se iriam viver na Escola. O novo director Sales Luís, iria conseguir reabri-la mas pagaria caro a ousadia. De facto esta morte haveria de ser o detonador de tudo, pois na altura o que sucedia numa escola reflectia-se logo em toda a academia.

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