segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Madrid

É dificil falar de uma cidade onde há pontes e não há rio com água, onde há presunto e não há porcos, onde há castelhanos e não há espanhóis. Por isso é melhor falar daquilo que tem a rodos , por todo o lado, arte, artistas, museus, e um dos mais ricos patrimónios do mundo. Mas aqui apenas quero recordar um quadro um artista, sobretudo um momento que me fez ir às lágrimas. Já lá vamos. Esta foi a última viagem que fiz fora de Portugal, a partir daí a minha saúde tornou estas aventuras inacessiveis. Estava em Novembro de 2007, já lá vão 8 anos, e fomos a Madrid com um único objectivo, ver a exposição retrospectiva da obra de Paula Rego, que estava no Museu Rainha Sofia, ele próprio inaugurado havia pouco tempo. E assim foi, de avião até Barajas, hotel Ibis, acessível, e no dia seguinte de metro para o museu que fica para os lados da tristemente célebre estação de Atocha. Na exposição centenas de quadros da artista portuguesa radicada em Londres, desde os seus primeiros anos em Portugal, anos 50, dos primeiros tempos de Londres, até à celebridade consagrada nos quadros que agora todos podemos desfrutar, as suas histórias infernais, com as personagens brutais, que nos causam um impacto inesquecível. Uma maravilha, de técnica, inspiração e trabalho. Saliento o quadro, "O baile", julgo que é o nome, em que um casal desliza, quase sem os pés tocarem no chão, no meio de outros casais. Terminada a visita , e uma vez que ali estava decidiu-se ir ver o resto do museu, pois a Paula Rego tinha uma exposição temporária. De repente entramos numa porta e levamos um murro. Um murro artistico diga-se. Na nossa frente de carne e osso, a "Guernica" de Picasso !  Reconheço a minha ignorância, mas desconhecia que o quadro se encontrava ali, naquele museu. e o impacto foi maior. De frente da enorme tela de alguns metros por outros metros (3,49 metros por 7,76 metros), fiquei esmagado e não pude conter as lágrimas. Jamais poderia imaginar, perante aquelas figuras saídas de um inferno na terra, a reação que me provocava. Percebíamos ali ao vivo o que é uma "obra prima", algo que num ápice nos faz compreender tudo aquilo que já sabíamos mas ainda não tínhamos "integrado". Uma coisa é olhar numa reprodução, outra ver, tocar (não se pode...), cheirar, respirar do mesmo ar !

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