domingo, 18 de outubro de 2015

Quarenta

Se tudo tivesse corrido da melhor maneira faria hoje quarenta anos da minha primeira ida ao altar ( primeira e única, como manda a Santa Madre Igreja ) . Estávamos no ano santo de 1975, um verdadeiro vulcão sobre as cinzas do qual decidimos dar o nó. Na altura pensámos um casamento dispensando cerimónia religiosa, estávamos nos anos quentes, e a Igreja fazia parte das "forças da reacção". No entanto, ameaçados pela sogra de não visitar mais a filha, e de se tratar de um casal "amantizado", como na altura se dizia, pensámos que não valeria a pena tanta celeuma por tão pouco siso, e fizemos a vontade à família e lá fomos ao Convento dos Capuchos, ali sobranceiro à Costa da Caparica, para uma cerimónia afinal bonita, à qual o noivo se apresentou sem gravata, apenas com camisola de gola alta, e a noiva foi vestida de verde, embora até aos pés, pois o casal na altura era militante da extrema esquerda e certas coisas não nos eram próprias. Daí apareceu a Inês e a Joana, uns anos mais tarde, e quando tudo parecia bem, afinal as coisas acabaram por correr mal. O cancro da mama acabou por pôr ponto final de forma prematura, dezassete anos depois deste dia. Houve "copo de àgua" e no final os noivos foram apanhar a "camioneta", o barco e o comboio para a sua "lua de mel" que foi perto, pois não havia nem carros nem carta de condução. Outros tempos, 23 anitos, como se diz "éramos jovens e tínhamos sonhos..."

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