segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Dia de cão

Fico a tomar conta deste canídio durante uns dias, e este é daqueles a que a terminologia "dia de cão" não se aplica, ou aplica mas de outra maneira. Basicamente este cão tem uma boa vida, aquela a que todos os animais, incluindo os humanos deveriam ter. Aqui na foto a acordar de uma noite dormida. Qual casota, relento, ou rua do desconsolo, nada menos que o sofá da sala e a cabeçorra nas almofadas do "papá". O primeiro, e único latido da manhã, foi quando apareci estremunhado na curva do corredor. Nada de ladrar a carros, motorizadas ou gatos vadios. A refeição da manhã não foi obtida em nenhum caixote do lixo, mas sim da saqueta do Royal Canin, que trincou de uma só vez. Depois saída para as necessidades, e primeiro desentorpecer das pernas no jardim aqui ao lado, onde escrutinou todas as esquinas dos muros para escolher a mais mal cheirosa para deixar a sua marca, que repetiu em vários locais. Nada de vaguear ao acaso, mas tudo programado pela trela extensível. Daí para o carro foi um salto, onde descobriu a enorme proteção para bancos onde se instalou. Depois enquanto carregava o carro assistiu de camarote, com a patorras sobre as costas do banco e a cabeça feiosa e espreitar pela mala entretanto aberta. Uma alegria, que se adensou quando foi recebido no local do atelier como a estrela da companhia. Claro ficou preso num pé de mesa, a vida não é perfeita. Regresso, mais passeio, e sorna a tarde toda. "What a perfect day " !!!

O velho

Procurando ajudar a Rosário na sua busca da "perfeição", por vezes estrago mais do que ajudo, mas tem de se arriscar e "o velho" procura sempre não interferir com o estilo que cada um quer imprimir ao trabalho que faz. Muito repeitinho é bonito assim todos ficam satisfeitos. Cada um tem de fazer o seu caminho, caminhando. Mais uma tela terminada. Apenas precisa de um pouco mais de arrojo e
não ter medo de tentar e errar.

Estatuto

Do alto dos cerca de oitenta anos há um estatuto que temos de assumir, e quem somos nós para dizer que está bem ou mal, melhor ou pior, quando quem o fez usou toda a sabedoria acumulada, que podia dispensar qualquer forma de aprendizagem de algo de novo, mas ainda assim se disponibiliza para fazer coisas que nunca fez, na sua longa vida, e não está ali em processo "ocupacional" mas com vontade de brindar as pessoas com coisas da sua lavra. Será que seremos capazes de o fazer aos sessenta, não me parece, pois muitas pessoas não aceitam expor-se aos outros, como acontece sempre quando mostramos algo que veio de dentro. Mais um trabalho da Perpétua, que tem um estilo próprio, e com a qual por vezes a comunicação é difícil, por surdez, pelo que deve ser a pessoa do grupo que menos influencio-

domingo, 29 de novembro de 2015

Foto de familia

Hoje foi domingo de família, um daqueles raros dias em que a família se junta, raro devido à dispersão das pessoas, não por sermos muitos, mas calhou e tive também uma noticia inesperada. Houve cozido de grão, enfim alentejanices, tarte de requeijão passeio ao sol, e o cão aproveitou para obter novos registos na sua enciclopédia de odores. No final acabou com a foto da ordem, uma selfie do conjunto num enquadramento de janelas pintadas pelo próprio. Um dia que não esperava. Fica o registo para memória futura.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Sofrimento

É de morrer a rir ! Um dos argumentos dados por uma das recém deputadas BE para acabar com os exames do 1º ciclo, é "acabar com o sofrimento inútil das nossas crianças". Até entendo, que parece que vamos entrar num ciclo em que o Parlamento "burguês" (como lhe chamava nos tempos da extrema esquerda) quer decidir tudo, desde a hora do nascer do sol ao tamanho das saias, e portanto a senhora deputada deve achar-se uma "autoridade" em educação, coisa que não é. Quem tem de propor estas decisões são os especialistas e não os políticos. Sobre o "sofrimento" toda a gente sabe que a vida não é o canto de sereias que o BE pensa, e julgo útil que as crianças mais cedo que tarde saibam o que é avaliar, prestar contas, preparar-se para um exame, muitos fará na vida, para que o trabalho do dia a dia culmine numa decisão que foi preparada. Outra questão é saber se avaliar apenas com exames é correcto. Não, não é, mas ninguém quer isso, pois no actual sistema o exame só conta com 30% da nota final. Já que estão numa fúria anti exames (e o PS não tuge nem muge,  pois quer salvaguardar o seu poder), aproveitem e acabem com os exames de condução, os exames de admissão na polícia, os exames na magistratura, para juízes, e aproveitem acabem com alguns exames médicos que causam tanto sofrimento... mas que idiotice !

Assembleia

Penso que a nossa maioria de esquerda começa mal. Numa ânsia infantil de revanche, vai aprovando diplomas avulso só para alterar decisões isoladas do anterior Governo, justas ou não. Sem projecto, fora de qualquer contexto, parece que lha falta o ar, e não há tempo a perder, acabam-se com provas, sem substituir por nada, cortam-se taxas, reverte-se concessões ou tenta-se, tudo à pressa, mostrando bem a falta de consensos sobre o longo prazo e previlegiando consensos em volta de detalhes da governação, sobre os quais há acordo mínimo. Parece que querem aproveitar agora que tem maioria pois podem perdê~la. Que falta de senso ! Se calhar amanhã aprovam a mudança da hora do nascer do sol, o peso do quilograma, ou o comprimento do metro linear. Só há uma palavra, é infantil !

Cante

Faz hoje um ano que o cante alentejano foi considerado Património Imaterial da Humanidade. Hoje aqui pela terra comemora-se com a inauguração de um monumento, aliás bem conseguido, e com um espectáculo à noite. Quanto a outras consequências não estou à altura de avaliar não sei se de facto a projeção deste cantar aumentou, se teve mais impacto no ensino, na economia ou noutras áreas. Afinal podemos apenas concluir que foi uma decisão justa, e que se calhar com ela não há muito mais a fazer do que salvar de uma extinção ou desmotivação esta forma de cantar enraizada no povo. E já não será pouco.

Manhã

Ainda estamos no Outono, mas os campos apresentam já um colorido típico de Inverno. Hoje de manhã aproveitei o sol e fui para os campos de Castro, cheguei a um local de nome Ameixeira. Uma seta apontava afinal para coisa nenhuma, alguma coisa, mas em ruínas. Um caminho apontava para um monte abandonado, uma chaminé que não vê fumo nem fogo decerto há alguns anos, mas uma cor amarela está por todo lado, são pequenas flores que formam um imenso tapete que apetece fotografar. É o Alentejo profundo, aquele que me inspira, assim tivesse talento para o passar à tela. Bem tento !  Fica uma foto dessa incursão pelos campos largos e verdes, ou não estivessemos em Castro Verde. Um passeio pelo silêncio, mas um silêncio que fala.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Imperfeito 4

Pois após muitas voltas trabalho terminado após várias horas passadas. Para já, pois muitas vezes regresso  a telas com meses ou até anos para fazer alterações. Pode-se perguntar porquê ? Ou para quê ? O que move para se dedicar tantas horas a algo que muitas vezes não sai como quero, que ninguém vê, ou partilha ? Pois para encurtar razões, começo por tudo fazer para mim, para me dar prazer, para dar expressão aos meus sentimentos, à minha razão, mesmo que seja uma pedra pintada, uma tela pequena ou grande. Mesmo que outros não gostei, não faz mal, eu sou o meu próprio "cliente", e um cliente insatisfeito, que não se conforma com, podendo fazer melhor, não o fazer. Este o meu motor, a minha energia para fazer as coisa que faço, nmão têm de ser perfeitas, nem excelentes, mesmo nem boas pinturas, pois jamais me considero pintor, detesto mesmo essa desiganção que tem de ser guardada para os verdadeiros artistas, os Van Gogh, Picassos, Pomar ou outros que o são. Sou apenas um artesão, que gosta de ocupar as mãos e passar à tela aquilo que sente ou melhor o que sente acerca do que vê.

Gira Sóis

A encomenda era um mural na parede de uma sala, composto por girassóis, na Associação Futuro, da vila de Garvão. Acedi ao pedido com a disponibilidade de sempre, pois para mim estes trabalhos não são trabalho são prazer. Fazer coisas que por certo não faria por minha iniciativa. Um desafio afinal. Meti mãos à obra e ao fim de quatro manhãs ficou pronto, espero que do agrado do "cliente". Decidi introduzir dois bicharocos muitos comuns por cá (agora ausentes) para dar um ar mais completo a esta "certidão" tirada da planície alentejana. Nunca tinha feito um trabalho tão grande, pois falamos de cerca de quatro metros por metro e meio de altura. Gostei do resultado e penso que quem viu gostou. É algo que se só pode fazer com amor, e isso deve ser entendido pelo "cliente", disso  não estou totalmente certo.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Joana

Sempre teve este ar doce, tem onde o ir buscar. Sempre teve sardas desenhadas na cara, e uma mancha no lado direito do rosto, tem muito onde as ir buscar. Determinada e com sentido prático da vida, fascinada por uma boa aventura. A imagem de uma criança alegre, cooperante e afectuosa está sempre presente na minha cabeça. Nesta foto encontro bem presente a imagem que tenho dela. Na realidade um segundo filho tem sempre o "problema" do efeito novidade se atenuar e as recordações dos detalhes já estão menos presentes pois muitas coisas já se tornaram rotinas bem oleadas. Este o rosto que uma memória tem agora, para lá dos olhos que vemos, estão os olhos de sempre.

O 25 dos outros

Hoje é dia 25 de Novembro uma data que dirá pouco ou nada a muita gente. Eu diria que cada um tem o seu 25, alguns têm os dois, outros nenhum, muitos mudaram de 25. Para mim se voar até à minha juventude, na altura tinha 23 anos, bigode, fumava uns cigarritos ( só tabaco ) e tinha casado há pouco mais de um mês, diria que este foi "o 25 dos outros", daqueles que estavam no outro lado da barricada. Recém casados, erámos os dois militantes da UDP, a nossa actividade centrava-se no nosso local de trabalho, que era nos CTT no Terreiro do Paço, a praça que era o local de todas as manifs, rivalizava com o Rossio, vendas de jornais, lembro-me de estar a vender a "Voz do Povo", na porta que hoje se chama Pátio da Galé, e discussões políticas acaloradas, pois a venda da chamada "imprensa revolucionária" era sobretudo um pretexto para "agitprop". Sentia-se no ar que o chamado PREC se encaminhava para uma mudança qualitativa, e apesar de tudo tenho de reconhecer que não acreditava a cem por cento na possibilidade de uma mudança para o que na altura chamava-mos "poder popular". No dia 25, ía mudar coisas na vida, era o primeiro dia de um curso que faria a minha mudança para "técnico de exploração", como se chamava, e apresentei-me nos Restauradores para começar esse curso, e ouviu-se durante a manhã alguns disparos de obuses, que ocorreram, saberiamos depois, na Calçada da Ajuda. Nós da extrema esquerda éramos cautelosos, pois como se dizia "entre fascistas e social-fascistas não havia escolha", e para nós o golpe começou por ser da "esquerda militar" afecta ao PCP, a que se seguiu a reacção dos militares afectos ao "grupo dos  nove". Não era o nosso 25, era o dos outros. Hoje reconheço que não estaria do lado certo, mas tudo tem o seu tempo. Aquele era o tempo de sermos "revolucionários", o tempo de acreditar, o tempo do coração.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Governo

Finalmente há Governo ! Não sou contra !  Penso que é melhor assim face ao impasse em que viviamos e tenho de reconhecer bons nomes. Vamos ver até quando a esquerda mais radical, nas mãos de quem está refém, o deixam governar. Para mim dou-lhe um ano de vida, espero enganar-me ! O caminho é estreito e basta algum percalço que implique medidas mais impopulares, e de imediato o PCP salta fora, e o BE também. Não são forças politicas para assumir compromissos quando não estão a controlar. Não têm vocação de governo, e priveligiam o protesto. Por isso Costa que se cuide.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Inês


Deixo uma foto muito boa da minha filha Inês, parece que o tempo não passa por ela, quando passa por mim e de que maneira. É normal os pais questionarem-se, pois todos imaginamos aquele tempo em que com um só braço metido no meio das pernitas a metia na água tépida para lhe dar banho, ou aplicava o Halibut, após a mudança de fralda. E de repente estamos assim a olhar para a imagem viva da passagem do tempo.

Agitação

Hoje na Aldeia estava tudo muito agitado, com sessão de fotografias e video, entrevista e mais coisas a que o marketing social obriga. Não gosto mas compreendo, afinal vivemos num mundo onde  é preciso dar a conhecer os projectos, pois sem isso vive-se no isolamento e o acesso a fundos é bem mais complicado, e sem dinheiro não há projecto que se aguente. Por outro lado hoje estava de rastos em termos de saúde, tem dias assim, dias em que não devemos sair de casa. Mas isso não irei fazer, por muito que custe saio e procuro mexer-me para "não dar o corpo à moleza". Os trabalhos chegaram a pontos em que as pessoas precisam de ajuda para avançar e aí requer muita disponibilidade, coisa em que a agitação não ajudou. Bom, paciência próxima semana será melhor.

domingo, 22 de novembro de 2015

Imperfeito 3

Dirão que nunca mais está despachado, mas é mesmo assim. Vamos alterando o que nos parece que deve ser alterado, e vamos também estragando, quer dizer introduzindo "defeitos" que procuram cortar com o aspecto artificial que a tela começa a ter. depois de tudo ser muito desenhado. Um traço aqui ou acolá, um pouco mais de informalidade. mesmo quando estamos longe da realidade. Pois para ter imagens da realidade temos a fotografia e não a pintura ! Mais ainda não está pronto...

sábado, 21 de novembro de 2015

Imperfeito 2

Continua a minha odisseia por campos alentejanos, pois foi para aí que a minha mão se encaminhou. Hoje optei por colocar arbustos na parte inferior, bem como simular algum restolho. Duas árvores bem cá da terra completam o cenário, e começa tudo a fazer mais sentido, com mais umas horas de dedicação, talvez umas 4 horas o que somado com as 6 já investidas vai para dez horas de trabalho. Enfim coisa pouca, pois isto requer muita camada sobre camada, muita paciência e tempo, sempre ao som de uma música, clássica ou outra, Dos Gipsy King a Beethoven, tudo pode acompanhar menos o silêncio, esse não me estimula. A tela ainda não está pronta, agora ainda falta "estragar" !

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Diferente

A Graciete está a fazer uma tela um pouco diferente do que temos feito usualmente, é um figurativo mas com traço de mancha e penso que não é fácil. Quanto mais nos afastamos do registo naturalista mais dificuldade em nos encontrarmos com a realidade se a queremos manter. Acho que vai ficar muito bem. É uma cópia mas que deve ir mais longe do que o original. E atenção aos detalhes, pois neles fazem a diferença.

Jogos Florais

Um Parlamento desocupado é um perigo, pois ao não ter nada para fazer dedica-se a jogos florais, discussões inúteis, propostas revanchistas, acusações, e iniciativas sem sentido, perante os problemas reais do país. Isto adicionado a uma dose de preguiça... Vejamos, para que serve a ptroposta de comemorar o 25 de Novembro na Assembleia, numa fase em que PS e PCP têm um acordo de incidência parlamentar ? Apenas para gerar divisão, celeuma, obrigar o PS a encostar à esquerda, pois toda a gente sabe que estes dois partidos foram os grandes contendores do 25 de Novembro com vitória do PS e derrota do PCP e esquerda militar. Para quê perderem agora tempo a criar mais divisões. Outra é a proposta de retirar a taxa moderadora na IVG, no valor de 7 euros e picos. Faz sentido? Não faz, pois o que deve neste caso prevalecer a condição económica da mulher. Se pode pagar porquê isentar ? Aplica-se à IVG o que se aplica a qualquer cirurgia, e assim devia continuar. Mais uma das muitas propostas revanchistas, apenas para entrar nos jogos de poder. Assim se perde tempo no nosso Parlamento. Mas como o tempo dos inúteis é inesgotável, cá temos a explicação.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Imperfeito 1

Pois após uma tarde de dedicação já evoluiu um pouco. Aqui é possível comparar e ver que o céu começou a tomar forma, a ter nuvens e volume, os campos começam a ter um pouco mais de vida e variedade de côr e os campos verdes começam a ser mesmo verdes. Ainda a procissão vai no adro...

E agora ?

Tenho sido contra a atitude de Costa ao querer transformar a sua derrota em vitória, e tenho expriamido os meus receios sobre o futuro de acordos oportunistas contra natura. Mas o mal que era para fazer está feito. O Governo foi derrubado, objectivo numero um, mas agora há que avançar, e não entendo o que espera Cavaco para chamar Costa e meter-lhe na mão a "batata quente" ? Quem precisa mais de ouvir, os vendedores de castanhas ? os professores de dança '? os pintores de paredes ? Quem chama a isto manobras dilatórias tem razão, Cavaco até parece advogado, como se sabe são os especialistas destas manobras. Eu sei  que vou nomear Costa, só não sei quando, parece dizer, parafraseando Durão Barroso há uns anos. Agora tem de cerrar os dentes e nomear Costa para que este prove que a sua "geringonça", como diz o outro, funciona.  "Só nos podem causar dano esperas", como dizia a canção.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Imperfeito

Pois acabei uma discussão sobre a perfeição, e eis que pensei que não gosto de estar a pintar sozinho, então porque não partilhar o que fiz hoje ? E o que é ? Não sei, para já estou na fase de "fazer", tenho uma ideia mas essa está indefinida e é apenas um "work in progress", vai-se construindo, aos poucos. Para já cheguei a estas cores e estes "desenhos", parece um campo, mas também pode ser uma estrada, ou um arco iris, ou uma praia, uma ilha no horizonte, ou um horizonte sem ilha nenhuma. Será o que quiser que seja. A ver cenas dos próximos capítulos.

Amigos antibióticos

Hoje é o dia europeu do antibiótico, e já vimos que há dias europeus para tudo. Aproveitam este dia médicos, enfermeiros, técnicos da saúde e outros comentadores encartados falarem "contra" oa antibióticos, para mais  ser o dia contra os ditos, pois todos falam do seu uso excessivo, imprudente e inadequado. Quem sou eu para rebater. um leigo, nem me parece correcto fazê-lo pois sei que esses alertas têm razão de ser. Agora como individuo que pertence à tribo dos imunodeprimidos, e esta "depressão" não se trata com Prozac, os antibióticos estão para mim, como o Valium para os psicóticos... Assim tenho de resgatar aqui a honra perdida dos tais, que se não existissem meia humanidade teria desaparecido, como aconteceu na primeira guerra mundial, durante a qual se amputava, cortava e morria por qualquer infeção agora considerada banal, pois a penicilina só foi descoberta por Fleming em 1928, exactamente como sintese da experiência adquirida durante a guerra. Não digo que me tenham salvado a vida, mas já muitas vezes me aliviaram de situações que a complicarem-se teriam consequências, no meu caso, imprevisíveis. Ora que vivam os antibióticos !

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Estranha paisagem

Uma paisagem onde estão muitas nuvens, a planicie, um monte a perder-se no horizonte e até a lua, não deixa de ser estranha, e julgo que as cores não combinam bem, As nuvens são dificeis de fazer e nem sempre traduzem aquilo que queremos. Afinal a mão é livre a cabeça pensa mas ela não obedece. Pretendia uma paisagem quase de Inverno mas saiu uma dia estranho e sem alma como são muitos dos dias cinzentos-

Nevoeiro

Amanheceu com nevoeiro cerrado logo muito cedinho, quando abri a portada do terraço, nada se via, mas eis que rapidamente o esplendor do sol alentejano rompeu. Na foto desta manhã ainda podemos ver o nevoeiro a retirar pela direita baixa e a luminosidade a tomar conta de tudo, o verde a tomar conta de tudo, e a planicie a meter-se pelas minhas janelas a dentro. Nem parece que estamos no mesmo mundo dos atentados.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

O Estado

Vivemos agora os ecos dos atentados de Paris. Terminou a fase "operacional", fica o medo, aquilo que os terroristas mais desejam, entramos na fase da retaliação, ainda assim limitada, passamos para a "celebração", com muitas declarações, minutos de silêncio, bandeiras a meia haste, estado de emergência, passaremos depois às "medidas concretas", e aí já se percebeu que nem todos pensam o mesmo, pois os interesses de cada estado sobrepõem-se, e enquanto os terroristas preparam o próximo golpe, o acordo vai sendo protelado, até próximo do esquecimento, até que nova carnificina nos acorde de espanto, e recordaremos nessa altura a sexta feira treze de Novembro, como agora recordamos o Charlie Hebdo. O problema é que estes terroristas são especiais !!! Constituem um auto proclamado Estado, maior que o Reino Unido, e que tem uma ambição expansionista testemunhada na foto, têm uma estrutura de poder, um "presidente", o califa, dois primeiros ministros (para a Síria e para o Iraque), governos, fundos que lhes vêm das contribuições dos "estados amigos" que os há no Golfo, do petróleo e do seu tráfico, das vendas de raridades arqueológicas, entre outras, Estado que é posto ao serviço de uma prática ultra radical, que preconiza o regresso à era medieval, ao puro Islão, à Sharia, tendo como filosofia a crueldade absoluta, o terror e o medo sobre os seus e os outros, num gesto de purificação, servido por hordas de gente radical, que ganhou os valores da crueldade sanguinária, muitos são jovens europeus convertidos pela ausência de alternativas mobilizadoras dispostos a por ao dispôr deste "Estado" os seus conhecimentos adquiridos nas escolas ocidentais. Combater esta realidade, é dificil, e compatibilizar com interesses contraditórios ainda mais. Assim, quando eliminamos lideres ditatoriais, como Saddam, Kadafhi ou Bashar, estamos a abrir as portas a formas ainda mais brutais de poder. Aí a solução passará por combater um estado com as armas dos outros estados, que a ele se opõem, e em simultâneo travar a radicalização forçada de jovens, sobretudo as segundas gerações dos emigrantes muçulmanos. Tempos complicados aí vêm, mas se nada se fizer o, medo pode tomar conta de nós e estimular "estados fortes" na Europa, com a ascenção dos extremos politicos, coisa que já estamos a assistir.

domingo, 15 de novembro de 2015

Horizonte

Um casario na linha do horizonte, agora refeito, de uma aldeia que para mim é a mais bonita do concelho. Não digo qual é para não gerar invejas. Tenho receio de não lhe ter feito justiça mas quem dá o que tem... É uma tela pequena que até já estava feita, mas como acontece muitas vezes algum tempo depois tenta-se melhorar o que parece poder ser melhorado. Hoje a vista não estava particularmente bem, mas tentei inspirar-me no horizonte que se avista na direção nascente. Consegui não consegui, há sempre margem de melhoria.

Amores perfeitos

Não sei se serão tão perfeitos assim, ou mesmo se serão amores perfeitos, Apenas sei que despertaram a minha atenção hoje enquanto fazia o meu passeio matinal no jardim. O sol estava quente, sem exagerar, e o estado de degradação geral do jardim, chamou a minha atenção para estas flores pequeninas e tão perfeitas. Um regalo para a vista no meio de tanta erva por cortar, plantas entregues á sua sorte, e ramos secos. Enfim um oásis mo meio do deserto de abandono e mau cuidado. Jardineiro precisa-se, ou então um reforço de verba, pois regar só não chega.

sábado, 14 de novembro de 2015

"O dia mais feliz da minha vida"

Esta semana, turismo de saúde, S.Marta e outras consultas, e aproveitei para umas voltas. Em vez de visitar um museu decidi visitar o "zoo humano" (como diria Desmond Morris), e ver coisas que há muito não via, onde o humano é o centro de atenção. por exemplo andar de metro em Lisboa, caminhar (ou arrastar-me...) na Avenida, visitar o Colombo, e dentro do centro comercial ver a FNAC, a loja, pois em geral compro na FNAC via net, e finalmente a Primark, onde jamais tinha entrado, embora já me tenham oferecido roupas lá compradas. Recordo que quando da abertura da Primark em Matosinhos, foi feita uma reportagem televisiva, onde milhares de pessoas dos bairros sociais se apinhavam à porta, e uma delas qualificou esse dia como o "dia mais feliz da sua vida", daí o meu título. É bem pior do que eu pensava, pois julgava a loja pelas roupas oferecidas, que foram escolhidas a dedo !  Mas afinal o que é a Primark ? É uma enorme loja de roupas de uma cadeia irlandesa, assim como a "Ryanair da roupa", É o "low cost" da gama baixa da roupa, expositores a perder de vista, milhares de pessoas, que não escolhem roupa, "colhem" a roupa, como se estivessem a apanhar maçãs, sempre mais de uma peça de cada, pois os preços são a nível da feira dos ciganos, 2, 3 euros, por camisas, 1 euro por uma duzia de meias, no ar o cheiro intenso das fibras de péssima qualidade, e toda a gente de saco na mão, como se estivessem a comprar batatas, a peso e não à unidade. Um verdadeiro fresco acerca do consumo para a classe mais modesta, roupa que nem vale a pena lavar, compra-se usa-se e quando tiver o cheiro insuportáveçl do suor e do surrado deita-se ao lixo. É o que se chama "um novo paradigma". E para completar a indignidade esta roupa é feita no Bangla-desh, India, Birmânia, Indonésia, Filipinas, naquelas fábrica que desabam e deixam milhares de "escravos" pagos a um dólar por mês, debaixo dos destroços. Este foi de facto "o dia mais feliz da minha vida". como dizia a Soraia Marlene, moradora no Aldoar, no dia da inauguração de mais uma catedral do "low cost" textil... este o zoo humano que devemos apreciar !

Raminhos

Fui ver ontem o actor, "stand-up" praticante, ou apenas um contador de histórias. Quem esperava ir lá rir à gargalhada frustou-se um pouco, pois Raminhos decidiu contar a história da sua curta experiência de pai, num registo de anti-pai herói. Resultou, embora o espectáculo tenha sido demasiado longo, e por vezes um pouco chato, pois não havia necessidade de tanto "detalhe". Tocou os mitos do pai, do marido, do amigo, e os lugares comuns que alimentamos acerca das crianças, aproveitando para isso a "experiências" das próprias filhas, participantes involuntárias no show, aquilo a que noutros contextos chamaríamos "exploração de trabalho infantil". Não vamos por aí, pois o registo afectuoso e "babado" abre a porta de tudo ter sido feito "por amor" paternal. Decerto a maioria não estaria à espera destas "Marias", embora a linguagem forte e agressiva, tenha arrancado alguns risos, mas raros, pois não estamos perante um "show" verdadeiramente humorístico. Um espectáculo do quotidiano, contado num tom pessoal. Fica um grande esforço de quase duas horas de ininterrupto monólogo, e algum improviso.

Sangue

Não esperava ter de escrever acerca de Paris, tão breve e de forma tão triste, acerca da cidade luz, que ilumina a cultura europeia, que é a capital de uma Europa de liberdade, de tolerância e de multiculturalismo. O atentados de ontem, promovidos já se sabe, pelos mesmo que em nome de uma fé, aceitável, praticam as maiores atrocidades, mesmo sobre aqueles que partilham da sua mesma fé. Mas aqui a fé é outra. Essa gente só conhece a linguagem da vingança, do olho por olho, onde maior a liberdade mais dela tiram partido para os seus fins, que são destruir essa liberdade, destruir uma cultura que se opõe ao seu fanatismo que faz frente com a indiferença e a aceitação á sua sede de sangue, unica forma de, segundo eles, purificar as ofensas ao seu Deus, que também é o nosso afinal, ofensas essas que passam pelo simples facto de existirmos e vivermos de acordo com os nossos principios de respeito e aceitação dos outros. Mas o mais interessante é que muito provavelmente, estes atentados terão sido perpetrados por cidadãos europeus, treinados na Europa, por europeus. Temos então de nos questionar sobre o que fizemos de errado, para que estes europeus tenham optado pelo fanatismo contra a moderação, pelo radicalismo extremista, contra o respeito pelas opções dos outros, pela imposiçoo da sua fé aos outros, pelo sangue inocente que em lado algum a sua fé preconiza. Não esperava que tal se passasse na mais bela cidade do mundo, onde em vez de usufruir do que ela tem para dar se actue com indiferença para com esses valores e destrua, vidas, património, cultura, humanidade. Paris não merece.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Rio de Janeiro

Majestosa paisagem do Corcovado, de cortar a respiração
Se quero fazer um percurso sentimental pelas minhas cidades de eleição, esta não estando em primeiro, aí está Paris, mas está em segundo. A chamada "cidade maravilhosa", é mesmo  maravilhosa. Porque tem monumentos, não tem. Porque tem património, não tem. Porque tem museus, arte, artistas na rua, não tem. Porque tem ruelas carregadas de séculos de história, não tem. Porque tem gente bem vestida, lojas de primeira água, perfumarias, comércio onde apetece estar, centros comerciais, não tem. Afinal o que é que tem ?  Tem "punch" !!! e o que é isso, não sei ! Vamos descrever algumas coisas que tem e que são adoráveis. Tem caos no transito, tem tunel velho, tem lagoa no meio da cidade, tem samba aos berros, tem bom restaurante, tem floresta tropical ao lado das avenidas, tem morro, tem favela gigante ao lado do prédios da burguesia, tem ladrão a espreitar ocasião, tem praia, calçadão, leblon, tem elevador, tem teleférico velho e assustador, tem pão mas de açúcar, tem cristo redentor, corcovado e bondinho, tem hotel com AC avariado, tem preto, tem mulata, tem branco, tem  coco gelado, chop, e pastel de siriri, tem gente amável, tem no passeio centro comercial a céu aberto, tem sambódromo, tem velhos onibus, que fazem corridas nas avenidas, tem bikini, bumda e marginal "de olho", tem guarda na porta do prédio, assaltante, tem montanha alpina ali na mão, tem abacaxi a um real, tem camisa regata, tem amor em cada janela, olhar em cada esquina, e uma alegria permanente feita a partir do nada, optimismo feito a partir da miséria, espirito positivo que contagia. Passados oito dias já somos meio cariocas.
Secreto desejo de ir ao Carnaval do Rio já está dado por perdido
Visitei em 1995 e 1999, duas viagens bem diferentes, perdidas no tempo da recordação, mas tenho saudade do Rio, cidade onde já não voltarei. Falta um visto na minha lista de locais a visitar, o Carnaval do Rio, esse visto vou morrer sem o obter.

É a democracia, estúpido !

Se não entendes como é que um líder politico derrotado se torna primeiro ministro, como é que partidos de menos de 10% de votos, põem o país à espera das suas decisões, como é que partidos para quem a democracia é "instrumental" (ou seja apenas uma etapa por onde se tem de passar, a chamada democracia burguesa, para atingir mais altos níveis de "democracia" popular), agora enchem a boca, se não entendes como é que partidos que defendem projectos contraditórios, estão unidos só porque são contra alguma coisa, se não entendes mesmo porque é que um líder perdedor chega à AR cheio de si e nem se dá ao luxo de falar, reservando-se para um momento em que já ninguém lhe pode fazer perguntas, se não entendes porque é que partidos que não se entendem numa única moção para derrubar um governo, acham que se vão-se entender para tomar medidas difíceis, se não entendes como é um líder credível pode acreditar que governar é distribuir leite, mel e rosas, num país meio falido por culpa da sua área politica, se não entendes mesmo nada disto, e eu também não, é fácil de explicar... É a democracia, estúpido !!!

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Santiago de Compostela

Em Santiago de Compostela no ano 2000
Na minha "peregrinação pessoal" pelas cidades da vida cabe hoje recordar Santiago de Compostela, onde fui por duas vezes, em 1997 e no ano 2000, nunca a pé, pois não sou homem para essas aventuras, mas sempre bem instalado de carro. A cidade é conhecida por ser um dos locais de peregrinação mais importantes da Europa, afecto à imagem do apóstolo Tiago, que ali se encontra sepultado, ou é suposto ali estar. A cidade, vulgar nas suas imediações, detém um centro histórico medieval onde a pedra é rainha, e os monumentos históricos abundam. E desde logo o maior de todos, a Catedral centro de todas as atenções, e local de grande tráfego de visitantes, entre peregrinos, turistas e arrivistas que ali aportam.
A cerimónia do Botafumeiro
Os rituais são interessantes, desde a oração com os dedos metidos num buraco e a cabeça encostada num dos pilares que seguram a majestosa catedral, a visita ao túmulo do apóstolo onde se pode deixar um papelinho com um desejo, um pedido a Santiago, que com grande probabilidade será realizado, e o climax a cerimonia do "Botafumeiro", todos os dias realizada pelas 11h00, e que pode ser entendida como uma benção de acolhimento a todos os que visitam a cidade, impressionante, pela música que a acompanha, pela enorme dimensão de cadinho onde se encontra aquilo que se queima, incenso, e a dimensão em altura da cúpula onde balança como um pêndulo o enorme vaso que lança fumo sobre a cabeça dos visitantes. A cerimónia demora cerca de meia hora, e senda uma actividade religiosa ela cala fundo mesmo dentro daqueles que têm uma fé mais ténue. Fiquei impressionado das duas vezes que assisti. Ali vivemos a nossa pequenez, e ninguém vem de lá igual. Depois temos toda a actividade social da cidade, a boa comida galega, as filas infindáveis de peregrinos que vêm de todo o mundo, e que dão à cidade um ar cosmopolita, mas com moderada dimensão. è uma cidade a que se deseja regressar, pois acolhe bem, tudo está preparado para receber, pois disso vive e disso se alimenta.

Colorir

A côr faz parte da nossa vida, pode mesmo contrastar com a nossa vida. De uma época de problemas em que nos apetece mais esconder-nos no cinzento ou no negro, a côr que exprimimos compensa o nosso estado de espírito e ajuda a puxar em contraciclo com aquilo que a nossa alma nos quer ditar. Aqui mais duas telas ainda não concluídas, que repõem a côr, a vontade de representar a realidade para além do mais óbvio. Quando a côr parece não querer nada connosco eis que explode por outros caminhos.

Não está pronto, prima ...

Hoje mais um dia de arte e artistas sénior, como agora se diz, no politicamente correto. Mas a tela da senhora Maria Domingas não está pronta, mostro agora para ver a diferença entre o que está e o que vai ficar no final, depois de colocar os detalhes, os acabamentos para tornar tudo menos artificial. Hoje a concentração estava no máximo, a vontade de fazer bonito era unânime, e nenhuma resistência ao aperfeiçoamento. Falava-se também na apanha da "zétona" para quem tem oliveiras, e muitas das artistas têm, e não querem deixar o precioso fruto ao abandono. Entretanto se a pintura estivar "almariada" vamos melhorar, certo ?

domingo, 8 de novembro de 2015

Olhos

Se os olhos são as janelas da alma. as janelas são os olhos das casa, por isso gosto delas. Por aqui em Ourique e arredores há muitas que me têm servido de modelo e inspiração. Esta uma delas não está em grande estado e julgo que já a mostrei aqui, os anos passaram por elas, como muitas cabeças ali espreitaram, muitos olhos procuraram passar o olhar através das cortinas, onde muitas moscas pousaram., que muitas mãos abriram e muitas mãos fecharam, muitos segredos esconderam, muitos casos mostraram. Fica na rua aqui em cima, no ponto mais alto da vila.

Sol

Mais um bom dia de Outono, domingo, sol, ar quente e "acentuado arrefecimento nocturno". Aproveitei para um passeio no jardim, para por as pernas a funcionar, fazer algumas compras, e bater umas chapas. Claro que onde há sol há sombra, e não resisti ao lugar comum de tirar foto da própria sombra. ficou um auto retrato sombrio, mais rápido que a própria sombra.

sábado, 7 de novembro de 2015

Promessas

Geralmente é na campanha que se fazem promessas, pois para Costa a campanha continua ! Ele é descongelar, aumentar, reduzir taxas, dar livros, mexer no IRS no IMI, reverter as privatizações sempre a aumentar despesa e a reduzir receita. Ás promessas próprias, junta as do BE e do PCP, e faz-se um "programa de governo", que começamos a ver onde vai parar, a menos que a "mão de Deus"(agora na moda), pare os seus "desígnios demoníacos", para manter a linguagem. Habituados nos ultimos anos a contar todos os tostões, desconfia-se da esmola desmesurada, e é agora fácil de perceber que para financear esta rota tresloucada, ou se aumenta receita ou dívida, pois nos primeiros tempos não haverá problema, basta "despejar  os cofres", mas daqui a uns meses quando os juros forem insuportáveis, e já não houver cofres a que recorrer, qual a solução ? A do costume ...

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Camping

Hoje de tarde fui usufruir de um final de tarde quente junto da Barragem, e dei por mim a constatar algo que me tem escapado, que abriu finalmente (desde Maio vim a saber) um espaço de camping e um espaço de restauração, embora ainda um pouco tímido nas margens da barragem num local onde existia uma construção de um camping parado há alguns anos. Penso que muito falta fazer, mas é um autêntico desperdício que um espaço daqueles estivesse fechado com a bela paisagem mesmo à frente, que se pode ver na foto. Pelos menos dá para usufruir de um pouco de ar do campo, e de tarde a esplanada tem uma bela sombra. Claro que é preciso lá ir de propósito mas por vezes até falta pretexto para sair. O espaço é generoso, mas o comércio ali ainda está muito à defesa, pois a oferta é quase só de bebidas. Melhor que nada.

Companhia

Na minha ocupação diária aqui no meu refúgio alentejano, enquanto faço alguma coisa que me enche o coração, tenho de combater a solidão com algumas ferramentas. Na ausência das filhas, das "esposas", do cão, do gato, dos amigos, das certezas, das arrogantes impertinências, das pessoas que querem comandar as vidas dos outros, das formigas, dos biombos, das depressões, fico pela minha companhia preferida, ou companhias se quisermos, e que jamais me decepcionam e que resumo na foto que apresento, assim se combate o silêncio,  não o que está dentro de nós, pois esse eu aprecio, mas o silêncio da ausência de ideias, das imagens postiças ou das citações de Einstein, que ele nunca disse, e que pululam no Facebook como verdades absolutas, aquilo a que eu chamo o "paulocoelhismo" militante, cheio de idiotice, lugares comuns, gatinhos a fazer o pino e "verdades" que são apenas a vulgaridade elevada ao nível do discurso directo. Prefiro ouvir, ouvir e ler, ler e pintar, pintar e se calhar destruir a seguir.

Paris 2

Foto tirada no terceiro andar da Torre Eiffel a mais de 300m de altura
Pois neste meu roteiro pelas cidades que visitei teria de regressar a Paris, mais cedo do que tarde. E regresso ao dia 23 de Abril de 1990, a foto tem a data marcada por isso a precisão. Bonito é visitar a cidade luz, conhecer os seus meandros. mas mais bonito é servir de cicerone improvisado para quem a visita pela primeira vez. Foi o caso. No quadro de uma visita em trabalho éramos um grupo de quatro que fomos visitar vários locais da empresa em que trabalhávamos, todos em França, visando procurar copiar modelos de trabalho, coisa que fizemos, com a interajuda que sempre caracterizou o trabalho nessa empresa, nomedamente no Departamento que coordenava. Como sempre fazia-se um pouco de turismo, e eis que surgiu a oportunidade do grupo visitar o local mais emblemático da cidade, exactamente a Torre Eiffel, local onde esta foto foi tirada, e no seu ultimo andar à noite, de onde a vista é arrasadora no seus 300 metros de altura. O frio apertava, como se pode depreender do casacão que transportava sobre mim, que me foi emprestado, e do sobretudo da colega e amiga Isabel, hoje se calhar já avó, pois tudo se passou há 25 anos atrás. Esta visita ficou-nos na memória, pois a um trabalho que nos arrasou, juntou-se um programa turístico "after hours" em que não ficou pedra sobre pedra. Paris no seu melhor correspondeu e de que maneira.
Fábrica Boulogne-Billancout uma ilha no Sena, onde a marca nasceu. Os carros fabricados saiam de barco...
Várias coisas ocorreram nesta viajem, nomeadamente assistirmos ao anuncio ao vivo de encerramento da fábrica Renault de Boulogne-Billancourt, por Raymond Levy, na altura PDG da empresa, no dia em que fomos visitar a fábrica, a mais antiga do grupo, onde em directo se assistiu ao despedimento de vários milhares de trabalhadores. Ainda me recordo de assistir ao anuncio na garagem dos autocarros da fábrica, em postos de TV interna, e em estado de choque. Escusado será falar da cara dos atingidos, fulminados por um raio... Recordo que esta era a fábrica emblemática do grupo, onde os sindicatos eram reis e senhores, situada numa ilha no rio Sena, a Ile de Séguin, era como um barco navegando no rio. Hoje 25 anos depois nem sei o que lhe aconteceu, mas foi ali pertinho que Louis Renault tinha a oficina onde criou a famigerada marca francesa, para a qual trabalhei mais de 15 anos. Mais uma velha recordação duma cidade onde ainda espero ir antes de morrer, nem que vá de rastos.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Vergonha

Acho vergonhoso alguém valer uma reforma de 30000 euros mensais. Ou seja 60 salários minimos. Certo que se trata de um fundo privado, e a Segurança social nada tem a ver. Mas acho triplamente vergonhoso alguém receber 90000 euros mensais de reforma. Em qualquer caso. Mas no caso de alguém, ou "alguns", que causaram o maior dano ao país, à sua empresa, aos accionistas, aos clientes, que foram enganados, assumidamente enganados e espoliados das suas poupanças, e que o seu lugar deveria ser a prisão sem admitir caução, o caso ainda é mais grave. Costuma-se dizer, não é que lhe deseje mal, mas neste caso desejo mesmo que lhe aconteça o pior, pois pessoas destas devem ser banidas da sociedade e condenadas ao impropério público, pois não hesitaram em tudo fazer para à custa de cidadãos trabalhadores construirem impérios pessoais de que só podem ser despojados.

O outro lado

Geralmente costumo aqui mostrar o resultado, melhor ou pior, do meu hobby preferido, mas para dar origem a resultados de boa ou medíocre qualidade, é preciso passar por esta fase, ou seja pelo outro lado, em que bisnagas destapadas, agua suja, pincéis pestilentos, papel que parece saído  de uma latrina, roupa que se suja, mãos besuntadas, móveis protegidos por plásticos mas que muitas vezes se desprotegem e acabam também pintalgados. Não se pode andar à chuva sem a gente se molhar. Agora mandei arranjar a minha cadeira de baloiço onde gosto de estar sentado enquanto pinto, sim pois não consigo pintar de pé, para além de alguns minutos. Fica aqui a pálida imagem desse recanto bafiento...

S. Salvador da Bahía

Continuo a minha rota por cidades que visitei e onde algo se passou que recordo, pois terá deixado uma marca indelével. S.Salvador ou se quisermos, a Bahía, como se lhe chama também, é talvez a cidade mais encantadora que visitei, pois ao visitar encontramos nela um pouco da nossa cidade de Lisboa, uma luz extraordinária, um património que tem tudo a ver connosco e que mostra como os portugueses por ali viveram, construiram, deixaram marca na paisagem. Esta a grande cidade de Jorge Amado, para mim o maior escritor da lingua portuguesa, mas ali encontramos a mistura, entre a Europa e a África, entre o negro, o mulato e o branco, e recordo essa miscigenia patente nas ruas, nas lojas, no mercado, onde os cheiros e as cores das frutas nos enchem de aromas. Ali estamos em casa, mas vemos que alguém reinventou a "nossa casa". Visitei em 1995, já lá vão vinte anos, e recordo os sons da musica sempre no ar, que nos contagia, mesmo a mim, um rapaz pouco de se deixar entusiasmar, acabei a dar por mim a dançar numa das muitas festas populares que todos os dias estão por toda a cidade, e nestas festas ninguém te afasta, tudo te atrai, as pessoas são afectuosas, e a cerveja escorre com muita facilidade, as noites são quentes, o clima suave, tudo convida ao romance, à diversão, ao mistico.

Entre muito do que adorei na cidade está a Igreja do Senhor do Bonfim, onde sentimos uma mistica fabulosa. A igreja, pequena, está sobranceira sobre o mar, lá se compram as pequenas pulseiras de fita, que devem ser usadas até se rasgarem, para nos dar sorte, lá estão milhares de ex-votos que "atestam" as curas miravculosas do Senhor, sente-se fé, até um ateu empedernido ali se converte, por pouco tempo que seja acredita. Fomos para lá de autocarro e assim voltámos, a viagem ela mesma um espectáculo, a velha carripana ginga por todo o lado, o samba e a musica axé soa aos berros, e tudo segue o balanço, o ar entra pelas janelas, algumas sem vidros, o que permite que o transporte se funda com o exterior nas ruas onde as gentes se apertam, as baianas circulam com seus fatos brancos e os balangandans pendurados, e vendem na rua tudo o que se pode vender, da fruta aos pastéis, peixe e acessórios para colocar sobre o corpo, tudo é afecto, tudo e maravilha, tudo é mistico, tudo é santo, tudo é sol, tudo cheira bem, aquele cheiro tropical intenso. É sem dúvida uma das maravilhas da lusofonia, A ir uma vez na vida, e a perder-se no meio das gentes, sem circuitos turisticos obrigatórios.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Ambição

A notícia de que a DBRS pode descer o rating da Portugal, a concretizar-se, é a antecâmara de um segundo resgate, e pela segunda vez em menos de 5 anos o PS pode conduzir o país à catastrofe. E neste caso apenas para alimentar a ambição política de Costa, e permitir manter-se a flutuar nas águas da política, nem que para isso conduza o país ao desastre. O que custaria Costa portar-se de forma séria, deixar governar quem ganhou, abster-se no Orçamento, e negociar caso a caso e assim fazer valer o seu poder de leader da oposição? Para um país debilitado e a sair dos "cuidados intensivos" essa seria a solução que melhor servia o país e reforçaria a confiança fundamental para a recuperação. Assim não pensa Costa, e se não o detiverem vai conduzir de novo o país à bancarrota ( pelas medidas que se anunciam já sabemos que tudo não passará de fogo de vista, e a prazo o dinheiro não chegará e as taxas de juro não permitirão acesso aos mercados). A experiência do seu "amigo" Sócrates, de quem tanto se quis afastar mostra bem como é o "trajecto" para o abismo.

Paisagem

Parecida com uma que aqui mostrei em papel, aqui apresento em tela, acrílico, 30x40, em técnica mista, ou seja, á pintura acresce a colagem para formar uma base mais irregular. A inspiração vem de mais um dia invernoso no Baixo Alentejo, com a visão da planície nos seus tons de Inverno, e a visão de dois pequenos montinhos, que quase não se distinguem na paisagem, mas estão lá. As nuvens também não prometem nada de bom.