sábado, 14 de novembro de 2015

"O dia mais feliz da minha vida"

Esta semana, turismo de saúde, S.Marta e outras consultas, e aproveitei para umas voltas. Em vez de visitar um museu decidi visitar o "zoo humano" (como diria Desmond Morris), e ver coisas que há muito não via, onde o humano é o centro de atenção. por exemplo andar de metro em Lisboa, caminhar (ou arrastar-me...) na Avenida, visitar o Colombo, e dentro do centro comercial ver a FNAC, a loja, pois em geral compro na FNAC via net, e finalmente a Primark, onde jamais tinha entrado, embora já me tenham oferecido roupas lá compradas. Recordo que quando da abertura da Primark em Matosinhos, foi feita uma reportagem televisiva, onde milhares de pessoas dos bairros sociais se apinhavam à porta, e uma delas qualificou esse dia como o "dia mais feliz da sua vida", daí o meu título. É bem pior do que eu pensava, pois julgava a loja pelas roupas oferecidas, que foram escolhidas a dedo !  Mas afinal o que é a Primark ? É uma enorme loja de roupas de uma cadeia irlandesa, assim como a "Ryanair da roupa", É o "low cost" da gama baixa da roupa, expositores a perder de vista, milhares de pessoas, que não escolhem roupa, "colhem" a roupa, como se estivessem a apanhar maçãs, sempre mais de uma peça de cada, pois os preços são a nível da feira dos ciganos, 2, 3 euros, por camisas, 1 euro por uma duzia de meias, no ar o cheiro intenso das fibras de péssima qualidade, e toda a gente de saco na mão, como se estivessem a comprar batatas, a peso e não à unidade. Um verdadeiro fresco acerca do consumo para a classe mais modesta, roupa que nem vale a pena lavar, compra-se usa-se e quando tiver o cheiro insuportáveçl do suor e do surrado deita-se ao lixo. É o que se chama "um novo paradigma". E para completar a indignidade esta roupa é feita no Bangla-desh, India, Birmânia, Indonésia, Filipinas, naquelas fábrica que desabam e deixam milhares de "escravos" pagos a um dólar por mês, debaixo dos destroços. Este foi de facto "o dia mais feliz da minha vida". como dizia a Soraia Marlene, moradora no Aldoar, no dia da inauguração de mais uma catedral do "low cost" textil... este o zoo humano que devemos apreciar !

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