quinta-feira, 5 de novembro de 2015

S. Salvador da Bahía

Continuo a minha rota por cidades que visitei e onde algo se passou que recordo, pois terá deixado uma marca indelével. S.Salvador ou se quisermos, a Bahía, como se lhe chama também, é talvez a cidade mais encantadora que visitei, pois ao visitar encontramos nela um pouco da nossa cidade de Lisboa, uma luz extraordinária, um património que tem tudo a ver connosco e que mostra como os portugueses por ali viveram, construiram, deixaram marca na paisagem. Esta a grande cidade de Jorge Amado, para mim o maior escritor da lingua portuguesa, mas ali encontramos a mistura, entre a Europa e a África, entre o negro, o mulato e o branco, e recordo essa miscigenia patente nas ruas, nas lojas, no mercado, onde os cheiros e as cores das frutas nos enchem de aromas. Ali estamos em casa, mas vemos que alguém reinventou a "nossa casa". Visitei em 1995, já lá vão vinte anos, e recordo os sons da musica sempre no ar, que nos contagia, mesmo a mim, um rapaz pouco de se deixar entusiasmar, acabei a dar por mim a dançar numa das muitas festas populares que todos os dias estão por toda a cidade, e nestas festas ninguém te afasta, tudo te atrai, as pessoas são afectuosas, e a cerveja escorre com muita facilidade, as noites são quentes, o clima suave, tudo convida ao romance, à diversão, ao mistico.

Entre muito do que adorei na cidade está a Igreja do Senhor do Bonfim, onde sentimos uma mistica fabulosa. A igreja, pequena, está sobranceira sobre o mar, lá se compram as pequenas pulseiras de fita, que devem ser usadas até se rasgarem, para nos dar sorte, lá estão milhares de ex-votos que "atestam" as curas miravculosas do Senhor, sente-se fé, até um ateu empedernido ali se converte, por pouco tempo que seja acredita. Fomos para lá de autocarro e assim voltámos, a viagem ela mesma um espectáculo, a velha carripana ginga por todo o lado, o samba e a musica axé soa aos berros, e tudo segue o balanço, o ar entra pelas janelas, algumas sem vidros, o que permite que o transporte se funda com o exterior nas ruas onde as gentes se apertam, as baianas circulam com seus fatos brancos e os balangandans pendurados, e vendem na rua tudo o que se pode vender, da fruta aos pastéis, peixe e acessórios para colocar sobre o corpo, tudo é afecto, tudo e maravilha, tudo é mistico, tudo é santo, tudo é sol, tudo cheira bem, aquele cheiro tropical intenso. É sem dúvida uma das maravilhas da lusofonia, A ir uma vez na vida, e a perder-se no meio das gentes, sem circuitos turisticos obrigatórios.

1 comentário:

  1. Maravilhoso! Também está na minha lista (interminável) de locais a visitar. Um abraço.

    P.S- novo post alentejano lá no blog. Cuidado com o colesterol e diabetes (hehe)!

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