terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Neue Herz

Há seis anos estava a acordar de um dos maiores sonos transformadores da minha vida. Adormeci na véspera pelas nove da noite a acordei cedo com uma prenda de Natal tardio dentro do peito, um novo coração, novo, quer dizer, usado em bom estado. Relembro que de todos os orificios naturais do corpo humano saíam fios e tubos, de todos menos um, mas em contrapartida alguns  orificios foram abertos para colocar mais e mais fios, sondas e cateteres, pois os naturais não chregavam. Rodeado de máquinas que falavam entre si e com o pessoal hospital uma linguagem zipada, de plins e plums, de grandes bastidores onde toda a fieirada dava entrada, para de acordo com a informação decidiam a cada minutos quantos minutos de vida me concediam. O pessoal entrava e saía mascarado com fatos de proteção, luvas. máscaras e dentro do isolamento em que estava o ar era rarefeiro, a pressão alta e tudo era assético e perfeito, numa pesadelo climatizado, ventilado e ligeiramente aquecido. Abri os olhos e as máquinas conversavam comigo, numa linguagem que não entendia, assim como o título deste post. Até que alguém mascarado se aproximou e disse, "bom dia, benvindo à vida" de novo.

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