sábado, 7 de janeiro de 2017

Temores

De acordo com o que ouve, se vê ou se imagina, estamos cada vez mais a ser reféns dos nossos temores, que são cada vez mais imprevisíveis e inverosímeis. Se até há algum tempo a vida era uma linha vermelha que não se atravessava, para nós próprios e para os outros, agora ela é desprezada por outros valores " maiores", incluindo a nossa própria vida. Morre-se não de doença, por amor ou por velhice. Morre-se por uma ideologia, por mais disparatada que seja, morre-se porque alguém nos obriga, por um impulso de vingança, para retaliar algo que se passou há muitos anos a muitos quilómetros de distância, que nem sabemos se aconteceu. A vida tornou-se assim numa arma que se arremessa sobre os outros, que nem sabemos quem é, e de que forma nos tocou. Os temores vêm muito desse desconhecido que podemos vir a conhecer, desse acontecimento que não está previsto e cuja probabilidade é baixa. A ideia é criar o medo, não se estar bem em nenhum lugar, para que nenhum lugar nos pareça seguro. A ideia é não ter qualquer ideia que não seja guiada pelo instinto do animal que mora dentro de nós. O nosso medo agora não é racional é puro instinto de defesa.

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