terça-feira, 16 de maio de 2017

Fátima (1979-2016)

Livro de fotografias do fotógrafo António Pedro Ferreira, do Expresso, com textos de Clara Ferreira Alves, recebi agora a um preço quase simbólico editado pelo Expresso. As fotos cobrem o período indicado, cerca de uma centena, e são extraordinárias, recomendo mesmo, para quem gosta de fotografia, sendo que todas as imagens foram obtidas no Santuário aos longo de quase quarenta anos. Mostra bem de uma forma expressionista o fenómeno de Fátima como raramente o vemos, o grande povo que expressa a sua fé no limite das suas forças, um povo sem esperança, despojado pelas elites que ali encontra a relação directa com o espiritual. O tal catolicismo popular, a esperança dos pobres e deserdados. Dos que acreditam contra tudo, Como diz D. Manuel Clemete "em Fátima cabem todos, mesmo os que não querem caber em lado nenhum". A qualidade das fotografias deixa-nos em silencia a vê-las e a meditar no sentido que têm. É especial.

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Galo na telha

Não se trata de uma nova receita equivalente à célebre "fataça na telha", mas de apenas usar uma telha como suporte para a pintura deste vistoso animal. Mais um produto do atelier na Aldeia, e este até foi rápido e o resultado não desilude. Colorido e alegre como convém a um animal que canta. Ninguém mais pensa na panela.

domingo, 14 de maio de 2017

Alentejo à Janela

Durante o fim de semana da Feira de Garvão fiz no local esta janela, a partir de um modelo que está na Messejana. Ficou colorida, luminosa e bonita, para mim. Tem 54x65 e ninguém se importaria de espreitar à janela através deste cortinado. Tem também uma ferragem que permite apoiar os braços e deixarmo-nos estar a ver o que passa. E por ali não se passa, fica-se.


Salvador salva o Festival

Já vai o tempo em que seguia o Festival, o de cá e o de lá, quando lá cantavam o Tordo, o Paulo Carvalho, a Simone, entre outos, e quando lá fora sabíamos que nada era possível, era a "política", como se dizia, Portugal era perseguido pela sua politica colonial, e mesmo quando se fez representar por um negro nada mudou. Depois do 25 de Abril, passou-se para uma fase contrária, com alguns de esquerda a serem também ostracizados, talvez porque a sua mensagem era inoportuna, num Festival musical com intuitos comerciais. Então se era de comércio que se tratava vamos por aí, e durante anos Portugal esteve presente com musicas feitas por medida, tirando excepções, mas mesmo assim "o azar persegue-nos esconde-se à espera". Nessa fase eu pessoalmente não acompanhava nem cá nem lá, e sobretudo lá assistíamos a todas a piruetas, luzes, fogos de artifícios, e até uma cantora de barba tivemos. Nada feito! Agora em 2017 o Festival de cá começou por ser diferente com o convite a diversos músicos de reconhecido mérito, compositores que prezam fazer bem as coisas, e tudo parecia indicar que se iria "cair" numa música complicada, com conteúdo pensado e pesado, uma música elaborada para "não ganhar" pois ganhar já seria piroso. E apareceram os manos, a Luisa com créditos firmados, percurso a partir do jazz, e algumas produções comercialmente rentáveis, mas sempre no meio de boas prestações. O Salvador, menos conhecido, eu apenas lembrava o percurso de qualidade que teve nos Ídolos acabou por dar uma voz e imagem inesperadas. Senti que ali havia algo, uma letra de uma simplicidade tocante, uma música que remete para os grandes clássicos americanos, e uma linha melódica reconhecível sem ser "orelhuda". E afinal haveria interesse em saber qual o destino desta música icónica, pelo que o Festival para mim teve interesse cá e lá. Claro que o de lá apontei para ouvir o Salvador, e a votação, tudo o resto não tinha interesse, com gorilas em palco, cantoras deitadas no chão, ou falsos solos de saxofone, do pouco que vi. Para mim este rapaz salvou o Festival, e curioso, o público europeu recusou a intoxicação. Ele há coisas !

sábado, 13 de maio de 2017

Periferias

Numa das suas homilias de ontem o Papa referiu que percorremos todos os caminhos rumo a todas as periferias. Estou a citar de cor, mas ao contrário dos lideres mundiais este homem procura as periferias, como se nelas estivesse o seu destino. De facto estas periferias são os locais físicos ou espirituais onde é mais difícil estar, onde ninguém quer estar, onde estar não traz conforto, reconhecimento ou retorno pessoal, que não o retorno de tentar mudar. Os lideres preferem as centralidades, o Papa recomenda as periferias, onde estão os deserdados, os excluídos, as guerras, a violência, os carecidos de tudo. Daí se perceber o roteiro deste Papa e a razão pela qual talvez Fátima não fosse para ele uma prioridade. Prefere os locais onde o sofrimento se expõe, onde a desigualdade se afirma como lei, onde a vida é desprezada e a morte é o alívio, tal a dimensão da indiferença. Mais uma vez crentes ou não crentes, homens de boa vontade seguem-no, mas, muitos dos poderosos não acompanham. Atrair a tenção para as periferias, preferir o caminho das pedras. Uma lição para quem não quer aprender.

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Luz e trevas

Não sou na verdade um crente, mas a relação com o "não sei quê" não me deixa indiferente, por isso não fico de fora de fenómenos inexplicáveis, daqueles que mesmo mentes mais maquiavélicas teriam dificuldade em inventar. Assim as caminhadas até Fátima, como outras no mundo, de gente simples e que responde a um chamado fascina-me. E pensem bem, a fuga dos refugiados é algo que pode ser associado. Com as devidas distâncias assistimos em qualquer dos casos a uma fuga das trevas rumo à luz protetora. As pessoas hoje sentem um enorme perigo que se aproxima e que pode pôr em causa a própria Humanidade. A ascenção da violência como religião, a indiferença face ao sofrimento humano, a cultura do lucro ganancioso, a validação de politicas tenebrosas, que excluem o ser humano e o tornam simples marionete de líderes boçais, ignorantes e violentos, sejam os Trumps, os Maduros, os Erdogans, os Putins, os Le Pens, os Kim Jung Il, todos os dias vemos as trevas avançar e o refugio na luz é a esperança. Não há coincidências, sei por experiência própria, ainda hoje não compreendo porque estou vivo, e só estou porque certas pessoas certas, estavam na hora certa no local certo, e esse local foi luminoso para mim. Por isso aceito os peregrinos, aceito com simplicidade os que acreditam, mais do que eu, acreditam, se bem que talvez eu tivesse ainda mais razões para acreditar. Também eu conquistei a luz, ou melhor, esta foi-me ofertada por uma mão misteriosa, também eu tenho a minha relação especial com o "não sei quê"

Feira de Garvão

Também por lá tenho algumas coisas expostas este fim de semana, sempre para o mesmo fim. Qualquer dia o meu nome poderá ser "carlinhos da feiras", fazendo jus a um conhecido político entretanto retirado. Mas isso não interessa, pois sinto bem os meus trabalhos nestes ambientes um pouco mais populares. Neste caso no meio de alguns pequenos presentes entretanto feitos por mãos de idosos utentes do Centro de Dia. Quem quiser ver pode passar por lá.

terça-feira, 9 de maio de 2017

Montinho

A Dona Perpétua já fez montinhos para toda a família. Este era especial para um dia desta semana e suponho que a ideia era fazer oferta. E cumpriu, dentro das suas reais capacidades, monte terminado e entrega feita dentro do prazo previsto, Como diria nos meus tempos de indústria "just in time" com o cliente decerto satisfeito pelo  esforço. Bem haja.

domingo, 7 de maio de 2017

Juventude Odemirense

Pude fotografar a passagem da banda filarmónica nas Festas, e confirmei aquilo que já me parecia uma realidade. o interesse manifesto dos jovens poe estas forma de expressão, às vezes pouco acarinhada ou tida como "careta" ou atrasada. Nada disso a Banda Filarmónica de Odemira, que está na foto tem uma participação esmagadora de jovens, e sabemos que muitos destes jovens fazem da Banda uma escola, aparecendo mais tarde nos Conservatórios, ou em orquestras ou concursos de música. Para mim as vantagens da formação artística são muitas e num mundo formatado, em que todos parece que fazem a mesma coisa, as opiniões estão balizadas pelos algoritmos das redes sociais a formação nas artes ajuda a criar diversidade, educa pela liberdade que proporciona. Achei interessante tantos  jovens numa banda de música e pensei afinal nada está definitivamente perdido, basta procurar que se encontra uma ajuda contra o isolamento do interior e essa pode até estar nas actividades artisticas.

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Works

Trabalhos que fiz ou acabei durante a Festas de Maio das Amoreiras Gare, onde estive no passado fim de semana, Algumas das capelas do BA interior, sempre brancas debroadas com o azul ou o amarelo ocre tipico. Um registo artesanal ingénuo e colorido e céus de final de tarde, num Alentejo simples e encantado.