terça-feira, 1 de agosto de 2017

Aquarius

Quem não viu que veja, eu não tinha visto. Um filme brasileiro que nos enche, sobretudo a nós que estamos a viver aquele momento da vida em que damos já mais valor às memórias que a muitas realizações, e que ainda queremos a partir delas realizar bem os dez ou quinze anos de vida que nos faltam, antes da queda definitiva. Aquarius é um filme que se baseia na ideia simples de uma sexagenária pretender manter a casa onde sempre viveu, foi feliz numas coisa infeliz noutras, amou, teve e criou seus filhos, ouviu as suas músicas, e pretende morrer. Contra esta ideia simples e razoável, a ganância de uma imobiliária do progresso, que quer derrubar o prédio para construir uma torre de habitação de luxo. Mas para além desta história vamos desdobrando as memórias, relendo a sua relação amorosa, a sua relação com o cancro, ela é mastectomizada, e a sua relação com filhos, aquilo que lhe resta depois de anos de vida preenchida com as coisas do costume. Sónia Braga, faz aqui de Clara e penso que também de Sónia Braga ela mesmo, também vitima do cancro da mama. Faz pensar muito a quem deu muito, e no momento de se recolher não tem direito às suas memórias.

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