terça-feira, 30 de outubro de 2018

Agora que me lembro do mar

Esta foto foi tirada no dia dos meus anos. Mera coincidência ! Alguém a obteve por mim, e permite-me agora recordar o mar que nessa altura não vi. Ou melhor vi, mas não com este azul que só o Algarve permite. Dias de chuva estão vindo, o frio deixa me "entenguido" e só apetece mesmo "amalhofar-me" junto da lareira que ainda está apagada. Isto só me faz "alembrar" os dias de praia que não tive, os passeios junto ao mar que perdi, os mergulhos no mar que não dei, as horas passadas esticado na areia, que na realidade foram passadas a fazer contas de cabeça. Como se diz por aqui "açordas são sopas de fraqueza" e eu passei este Verão a comer açorda.... em sentido figurado "of course" !!!  A cada um o seu destino. Fica a foto do mar tirada no dia dos meus anos por mera coincidência e os meus agradecimentos a quem não seguiu o meu exemplo.

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Sardines... bye bye !!!

De entre as prendas que recebi neste aniversário destaca-se este prato, talvez comprado na Feira de Luz. Dirão, estranha prenda para um homem !!! De facto, muito estranha, mas se disser que foi oferecido pelas filhas, ou uma delas nunca sei, pois tudo fazem em conjunto, já se percebe melhor que há ali um "significado" que ultrapassa o "significante". Explicando melhor, este ano tenho comentado que apanhei uma "barrigada" de sardinhas. Nunca como este ano as comi em quantidade e até qualidade. Ainda a semana passada comi e ainda boas. Sempre com tomate, que este ano até me ofereceram, pepino e o indigesto pimento. Desta forma as pequenas quiseram me dizer o quanto apreciaram eu ter tido esse gosto, e incentivam a comer ainda mais.. agora "acomodadas" no pratinho amarelo. Mas para isso era preciso que ainda houvesse das boas, mas parece que não. "Bye my lovely sardines" e para o ano cá nos encontramos... se esse prazer não nos for retirado pelos biólogos encartados... "não gosto disto" !!!

terça-feira, 9 de outubro de 2018

Gaivota

Esta bonita foto de gaivota que percorre a areia votando os humanos à indiferença, e aquele mar de luz só me recordam, como lisboeta de gema, as palavras "Se uma gaivota viesse trazer-me o céu de Lisboa num desenho que fizesse, nesse céu onde o olhar é uma asa que não voa, esmorece e cai no mar  Que perfeito coração no meu peito bateria...  "  Palavras do poeta Alexandre O'Neil, feitas para a voz de Amália Rodrigues nos anos 60. Claro que o meu coração não é tão perfeito assim, pois basicamente foi preso com arames ao osso, e depois isolado com silicone, trabalho de canalizador ! Agora o poeta, meu preferido, e o poema, é o melhor de sempre escrito sobre gaivotas em lingua portuguesa. E se lermos até ao fim não fala só ... das gaivotas.

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Sessenta e seis primaveras... ou serão outonos ?

Terminaram as "festividades" das minhas sessenta e seis primaveras, ou serão outonos, com uma festinha na Unidade, a que correspondi com uns docinhos que eram bons para comemorações, e o inevitável champagne que nunca dispenso, faz parte dos meus hábitos vinícolas. Naturalmente tive de apagar velas de novo, e ouvir o sempre presente nestas ocasiões, "parabéns a vc, and so on". Confesso que me emocionei, mas eu sou aquele rapaz que se "emociona por tudo e por nada" coração de manteiga, mas gosto de ser assim. Detesto a frieza, a indiferença, a ausência de sentimentos, a "desemoção", a insensibilidade, o desprezo, o passar de lado, prefiro ser assim incontinente emocional. Um sorriso não faz mal, um abraço não contagia nada, um aperto de mão é mais que uma formalidade. Senti-me bem com aquelas pessoas, a maioria nem conheço, a maioria nem me conhece. Estes momento são algo mais que uma fatia de bolo. São afecto.

terça-feira, 2 de outubro de 2018

Fora da estrada


Domingo retomei percursos que já há algum tempo abandonara para conhecer um pouco mais do chamado Alentejo profundo. Agora decidi munir-me de uma ajuda que durante muito tempo esqueci que existia, o GPS. Assim a minha auto confiança reforçou e o risco de me perder ficou reduzido a zero, ou quase. Para ter sucesso nestas odisseias o primeiro factor é ter um objectivo, algo que procurar. Como se dizia nos meus velhos tempo da "fábrica", " se não sabes aonde queres ir é normal que não encontres o caminho". Assim fui andando e descobrindo sempre com o apoio daquele pontinho azul que no GPS me dizia aonde estava, e apenas uma vez fui no caminho errado e quase estava encostado à linha do comboio, mas rápido corrigi. E descobri paisagens que parecem iguais e são tão diferentes. Diziam me agora que por aquelas bandas passava imensa gente, a maioria a pedir ajuda, pão para matar a fominha que no passado era grande por estas bandas. Agora não se vê vivalma. Apenas bichos. Deu para respirar, observar e pensar. No final descobri o meu objectivo, e assim podemos dizer, "prova superada" !!!

domingo, 30 de setembro de 2018

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

A arte da aparência

" O ter tem-se sobreposto ao ser. E recentemente parece que nem faz falta ter, basta parecer !" Mais um pequeno extrato do livro de Luis Portela, para quem não sabe foi o grande patrão da Bial. Mais uma verdade que parecendo universal, assim uma do senhor de La Palisse, nos interpela. Sim o ter tem-se sobreposto ao ser, mas ter é também uma necessidade, sobretudo para quem tem pouco e passa o mês esticando o seu magro pecúlio. Muitas vezes "são" mas não "têm" o que mereceriam para uma vida com dignidade. Não é desses que estamos a falar, mas de quem já tem que lhe chegue, e persegue a ganância do quanto mais e mais e mais, sem ponta de estrutura solidária, na permanente procura de por todos os meios obter aquilo a que não teria direito pelo contributo que dá. Os que se aproveitam dos cargos, lugares de relevo, influência, acesso à informação previlegiada, e até da desgraça, como agora vemos nos casos que se suspeita em Pedrogão ! Mas tem pior, a ascenção do parecer, onde tudo vale pela imagem, desde falsificar curriculos, teses académicas, como se tem visto recentemente, até se rodear dos "melhores fatos italianos" e das "gravatas de seda Lanvin", que começam nos 200 euros, e dos amigos bem posicionados. Não "é", não "tem" mas "parece" !! Estão a ver de quem estou a falar... aquele que foi o "ultimo preso político" em Portugal.... ou será que foi apenas um "político preso" ??? Um verdadeiro mestre na "arte da aparência"...

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

T de Tancos

Então não é normal a PJ investigar ? É ! Mas tem ali um concorrente quando se trata de "magalas", a PJM, uma coisa que parece que se destina a "desinvestigar", a fazer fé nas noticias que nos chegam. É sabido que os "botas da tropa" não gostam nada que a "sociedade à civil" se meta nos seus assuntos privados. E muitos têm sido os casos de coisas muito pouco transparentes na esfera militar. Agora parece que trataram de proteger quem retirou as armas de Tancos, e depois organizaram a sua devolução tendo até chamado a GNR de Loulé, para ir buscar umas armas na Chamusca , como se aí não houvesse GNR. Enfim bizarrias que cheiram a corrupção e ajuste de contas, "alegadamente" com a passividade ( no minimo) da tal PJM. Um verdadeiro vespeiro de interesses, que espalha lama no ventilador. Parece coisa de "terceiro mundo", ficção de baixa qualidade. Que mais irá acontecer, pois já nada nos surpreende neste filme. Até sugiro um nome, "T de Tancos" !!!

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Bicicleta

"As palavras correctas geralmente não são agradáveis, as palavras agradáveis geralmente não são correctas". Este é um dos ensinamentos de Lao Tsé, citado por Luis Portela no seu livro. E que bom seria pensarmos bem nesta pequena lição quando ouvimos certos oradores, políticos ou não, quando lemos algumas "citações" de gurus na net, ou mesmo no nosso dia a dia, quando esperamos dos outros ou quando se lhe dirigimos. Esperamos o zumbido dos anjos ou que nos digam a "verdade" ? Dizemos o que convém que se ouça, ou o que deve ser ouvido ? Não estou a defender a má educação, a agressividade ou mesmo a simples vontade de chatear o próximo, que deriva de muita coisa sem sentido que ouvimos. Digo apenas que devemos exigir o que é agradável ou o que é certo ? Quando comunicamos uma doença, um estado de espirito, uma situação relativa a uma pessoa, uma entidade, uma relação. E estamos preparados para o que é certo ou apenas para o que é agradável ? Será que queremos casar ou andar de bicicleta... decidam-se !

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Recanto

O mar, o promontório instável e a capela. Praia de um e de outro lado. Relembro bem aqueles muros de onde se observava o infinito. Fi-lo muitas vezes naqueles anos, sentado sobre aquelas falésias que parecem sempre em risco de ruína. Alguns momentos bons, alguns momentos dos piores que vivi. A felicidade saborosa de passar as pernas na beira da água, mas também as noites em que o coração disparava até alguma coisa  o fazer parar e retomar juizo. E falo do coração na sua versão física, do músculo, não da versão emocional e "romântica". Dessa prefiro não falar. O mar, o promontório e a capela, de novo o meu pensamento parte para o passado, quando me devia perguntar o que vale esta imagem daqui para a frente. Apenas uma imagem bonita, de um local onde parte da vida foi perdida, outra foi ganha. Como sucede sempre, todos os minutos, todas as horas, em todos os locais. Adoro este local e agradeço a quem o registou.

domingo, 23 de setembro de 2018

Tiros nos pés

Sou um cliente da Uber quando vou a Lisboa e preciso de táxi. Porquê ? Porque usei uma vez e a partir daí já não quero outra coisa. Agora puxemos pela cabecinha !!! Os taxistas estão de greve há 4 dias. Não havendo táxis as pessoas tentam utilizar a Uber instalando a respectiva app no telemóvel. Todos os dias 1000, 2000 novos utilizadores. Quando estes começarem a usar o serviço vão ver a qualidade, o atendimento, o pagamento simples com cartão de crédito sem gorgetas ou alcavalas. Esses já não vão querer voltar aos "fogareiros"... Todos os dias serão milhares de clientes perdidos. Então digam me lá se não é a greve que está a destruir o "sector do táxi" ? Óbviamente que sim !

sábado, 22 de setembro de 2018

Mar de Outono

Hoje começa o Outono, mas por estes lados o Verão permanece com aquela brisa quente que nos abafa. Adoro o mar, mas o mar para mim é pouco mais do que uma miragem, sonho ou recordação. Razões prosaicas afastaram-me dele e desta imagem que parece vinda do paraíso e que me fizeram chegar hoje mesmo, imagens frescas, transparentes, parece que estou a respirar aquele ar. O interior do Alentejo tem destas coisas, acaba por nos fazer valorizar o mar que não temos, ou está um pouco longe. Por mim acabei preso numa assembleia um pouco  tóxica, onde parece que a nossa energia se esgota, e a nossa vontade de ajudar é sugada por discussões de "ponto e virgula". Serão importantes talvez, mas não é coisa para mim. Esta foto foi "a coisa boa do dia", diz me que o mar está para além dos egos dos homens, é mais transparente que eles, afirma-se por si próprio e é bem simples. O homem só complica...

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

A complexidade da gestão

No eco de uma conversa daquelas que nem chegam a ser alguém disse, "não quero que gostem de mim". Curiosa a frase dita por alguém de quem a maioria das pessoas gosta. Estranho não é ? Quem tem de mexer com pessoas há muito aprendeu que ser "amado" não é o mesmo que ser respeitado. E quem tem de mexer com pessoas precisa de ser respeitado. Claro para isso tem de saber fazer-se respeitar. Para isso a chave é a explicita e correcta exemplaridade. Assim todos sabem com o que contam e vale a máxima "follow the leader". O relacional corre bem, até para os prevaricadores e laxistas que não estranharão. Amor e amizade necessitamos na nossa vida pessoal, até podemos ser amigos dos nossos colegas, sem problema, mas sempre no foro pessoal. Separar as águas, criar bom ambiente, procurar as sinergias, o espirito de grupo e de pertença, tudo isso reforça as pessoas. Obter isso sem jamais aceitar ser o "Chefe", o "Boss", e outras idioteiras é a "complexidade da gestão".

O centro das atenções

Conhecemos um tipo de pessoas que vão visitar um Museu, o Louvre por exemplo, e a primeira intenção que têm é tirar uma selfie junto da Gioconda. Se deixassem... Vão a um concerto e o mais importante é obter uma selfie com o artista, vão ver uma exposição do Picasso e a primeira coisa é uma foto ao lado da Guernica.  Aí devem queixar-se, pois Picasso fez a obra demasiado grande e até um gigante ali sente-se pequeno. Quer isto dizer que estas pessoas gostam da arte ? Sim gostam  Mas ainda gostam mais de si próprias, e para elas o centro do mundo é mesmo o seu umbigo o que as rodeia é apenas um pretexto para mostrarem o seu ego sempre superior a qualquer das obras. Não admira que sentindo-se assim tão "enormes" tudo desvalorizem ao seu redor, e se faltar essa gasolina que lhes alimenta o ego, a vitimização é o caminho, a culpabilização dos ingratos o objectivo, a vingançazinha a ferramenta. Nasceram para ser o centro das atenções. As estrelas. Os "special one" !

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

IC 17

Lisboa é Lisboa com os seus arredores. Aqui o ar é outro, o movimento do trânsito encharca-nos de cheiro a escape, e a construção junta as residências desordenadas, com os prédios modernos e bem equipados. Diziam-me que por aqui nada custa menos de 300 000 euros, até o mais simples T2, mesmo em zonas já fora da cidade, caso do local da foto que foi tirada na varanda do centro comercial Strada, em Odivelas Oeste, com vista para a Encosta da Luz e para o trânsito que circula em permanência fazendo ruído e poluindo. Quem está habituado a vida no campo, estranha, mesmo sendo um inveterado lisboeta nativo. Começamos logo a pensar na autoestrada do Sul, e no caminho para as vastas planícies. No outro dia disseram-me com muita graça que "ovelha não nasceu para o mato", querendo dizer que cada um é para o local que lhe foi destinado. O problema é quando temos dois destinos, quando se é ovelha e cabra ao mesmo tempo, quando a cabeça aponta para o prado, e o coração para as estevas. Ficamos divididos, claro !!!

Prece

Ontem as passadas levaram-me até à Praça de Londres, em Lisboa, por ali teria mais uma consulta médica do meu rol de rotinas a que o meu estado obriga. Deixei o carro no parque, subi na superfície e por ali aquele local que desperta em mim as lembranças dos meus tempos no Técnico, em que a Praça de Londres era nosso pouso ou ponto de fuga, a Mexicana, entre outros, o porto de abrigo. Passei na frente das escadarias da Igreja de S. João de Brito e senti uma enorme força que  puxava para entrar. Por ali as igrejas ainda estão abertas e no interior o silêncio era total, o ar acolhedor, facilitava a introspeção. Tinha um pouco de tempo e por ali estive sentado, não sei se pedi ou agradeci, mas nós não entramos num local daqueles para exigir dádivas ou pagar promessas. Eu, que sou pouco crente nem isso ousaria, mas lembrei das coisas que vão precisar de uma mãozinha de Deus, e pedi sim, que Ele não esquecesse que tem gente que precisa do viver, tem pessoas que recebem tão pouco, e mesmo assim aceitam, pedi também porque há pessoas que precisam que Ele as ilumine nas decisões que tomam, pessoas que precisam das suas indicações, apesar do tal livre-arbítrio que tantas vezes as leva a fazer asneiras. Eu próprio, uma pessoa com tantas limitações, mas com um peso demasiado que aceitei com boa cara, quando me pedem ajuda, ou não pedem mas eu sei que ela fazia falta, não me deixe desanimar ou desistir. Outros que respeito dependem da minha capacidade ou da falta dela para viverem dignamente. É um peso que tenho de compartilhar, e cada vez tenho menos com quem o fazer, e ali pareceu me que alguém ouvia, ou seria o eco do meu pensamento ?

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Id Lib

Estranho nome para uma cidade. Fica na Síria país que é o que todos temos vindo a saber. Aparentemente nesta cidade têm confluído os restos de todos os insurgentes que são contra Bashar Al Assad, desde os restos do dito Estado Islâmico, da Al Nusra até aos terroristas da Al Quaeda, entre outros e a estes junta-se uma população usada como escudo protector por todos aqueles. Todos serão cerca de três milhões, dois quais existe uma grande percentagem de crianças. Aparentemente é o único grande foco de resistência ao governante, e tudo leva a crer que este e seus aliados russos preparam uma ação de grande porte visando a destruição desse foco, como fizeram em Alepo. Assim mais uma tragédia vem a caminho e segundo o secretário geral da ONU pode ser a pior de todas que já se viveram naquele resto de país. Ali não há culpados ou inocentes, apenas as populações civis estão isentas de culpas, mas sempre serão as primeiras a pagar. Para onde vão as cabeças dos seres humanos ? O "Sapiens" de que fala Harare no seu famoso livro, será que entrou em definitivo numa estratégia de auto destruição?

Regresso

Duplo regresso. Ao blog que não acompanhei como devia, ao Alentejo que não vivi como queria nestes últimos dias. Estive fora, e por fora me ia desanimando com as paisagens suburbanas. Regressei hoje e aproveitei começando a minha reintegração nos ares alentejanos. Vamos por partes, comecei a comer o cozido no Canal Caveira, onde não entrava há vários anos. Um clássico, não tanto do Alentejo, mas do inicio e fim de férias. Continuava bom, "clean", o que pra mim recomenda-se, e atento no que ao serviço toca. Depois fui descendo e ao entrar no concelho optei por uma estrada secundária por Panóias, para espreitar algo que jamais encontraria por mim. Mas caí nessa boa linguagem "cá da terra". Um cruzamento para um local apelidado de "Coito Grande". Tirei a foto da praxe, mas o caminho parece levar a lado nenhum daqueles que começam na estrada e vão se perdendo pelos campos e parecem destinados a nos conduzir à imensidão. Vi no dicionário e "coito" é o que é. Mas "couto" já seria uma terra protegida, isolada para impedir a entrada. Ali fiquei na dúvida. Daquilo que procurava achar seria agulha em palheiro. Acabei por virar pela Barragem que está uma tristeza. Acabei em Garvão onde matei algumas saudades. Tão pouco tempo e parece que não via aquela gente há mais de um mês. Parece que os locais se colam a nós e depois, não tem como descolar ???

sábado, 15 de setembro de 2018

Nesga de sol

Final da tarde no meu terraço, uma vista sobre a vila. Vista daqui apenas um grupo de casas, onde vivem pessoas, e apesar de se encontrarem numa zona mais baixa uma nesga de sol consegue penetrar e trazer luz e calor. Um prenúncio do Outono que se aproxima, o sol está quase a pôr-se e ilumina aquela pequena encosta. Por aqui a sombra. A minha casa entra na sombra a partir do fim da manhã pois está virada a nascente, embora também beneficie de um pouco de sol no fim do dia, na traseira e na entrada, onde o sol acaba por bater nas plantas que estiveram quase todo o dia na sombra. Por mim nem saí à rua. Nem pretexto nem necessidade.

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Gratidão

Tenho lido por aqui muitos posts de gente que fala em gratidão, sentir se agradecido, agradecer, agradecimento, entre outras variantes da mesma palavra, da mesma atitude, da mesma postura. Tudo acompanhado por passarinhos, flores, borboletas, entre outros adornos. Devo dizer que uma das "pechas" do mundo actual é que já não se usa dizer "obrigado", o mesmo para "com licença" e idem aspas para "se faz favor". É tudo tu cá tu lá, tudo é obrigação, tudo se esquece, tudo o que se recebe é porque "merecemos" ou "temos direito", "direitos adquiridos", ou porque estão em dívida para connosco. Depois vêm encher a boca com a gratidão, depois de dar dois pontapés nas "graças recebidas" (como se diz nessa linguarejar), e desprezar "quem as concedeu". Frases feitas, lugares comuns, balelas. O mundo, em particular o virtual em que nos movemos está cheio delas. É citado quem nunca disse nada, vangloriado um guru que jamais existiu, e de resto siga em frente para receber outras "graças". De preferência "de graça". Acho "graça"!!!

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Vale a pena ?

Por vezes questiono o que seria de algumas pessoas, nomeadamente idosos, se não tivessem acesso aos apoios sociais de entidades como aquela com que colaboro. Por isso sempre que pergunto se vale a pena passar por muitas "penas e castigos", receber "mimos", ou "simples incompreensões" acabo sempre por pensar que sim. Tudo isso junto vale zero quando se compara com o acréscimo de conforto, paz, tranquilidade, companhia, que aquelas pessoas recebem, e que seguramente de outra forma seriam privados. Não podemos generalizar, sei que muitos familiares são atentos, e que muitos idosos tornam a vida dificil a quem os apoia, sei bem disso. Mas quando vejo pessoas a diambular, apoiados em pessoas, pessoas que nas suas casa recebem apoios que jamais receberiam, quando hoje me sentei e fiz um curto caminho em cadeira de rodas para saber como se vê a vida a partir de lá, e me lembrei dos sessenta e seis que se aproximam percebi algumas coisas. Percebi que não estamos livres de amanhã estarmos por ali... por isso deixemos a arrogância, o ego, ajustes de contas, saber quem tem razão. Tudo isso vale tão pouco como sei até por experiência própria

A vida parou

Mais uma morte violenta de alguém que decidiu pôr termo à vida. Traz me de novo à cabeça a prevalência destas situações aqui no Alentejo onde temos a maior taxa. Muito triste, mas ninguém tem explicação plausível, pois em todo o país há pessoas cuja vida lhes pesa como um fardo, mas resistem. Será uma questão social ou apenas temos de encarar estes casos como decisões individuais que na realidade são. A tristeza, a solidão, a falta de interlocução positiva, a falta de saúde, de dinheiro, o abandono. Mas temos situações em que nada disso está presente. Talvez sejam mais, pois para tomar uma decisão destas é preciso alguma preponderância sobre os outros, capacidade de decidir, capacidade de pensar e sobretudo capacidade de executar não compaginável com pessoas mergulhadas na depressão, a menos que de uma forma patológica, o que muitas vezes não é o caso. Não conhecia a pessoa embora conheça familiares, e fico muito impressionado com o que muito provavelmente sofrem, pois muitas vezes o acto praticado é virado contra eles que permanecem impotentes e sem saber onde falharam. A vida não devia ser assim. Mas o ser humano é insondável nos seus designios.

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Amizades

Existe gente que acha que amigo é aquele que lhe diz aquilo que gosta de ouvir, ou que corresponde sem hesitar aos seus intentos, quaisquer que sejam. Por isso essa gente vive rodeada de apaniguados, que os bajulam, mas que se mudam quando não vêm interesse nisso, ou quando o bajulado "cai em desgraça". É triste ser verdadeiro amigo dessas pessoas, pois vai sempre haver o momento em que vemos que afinal apenas fomos utilizados, pois não correspondemos a esse estranho conceito de amizade, e como tal somos descartados pois já não servimos os seus interesses. Isto é verdade. Isto existe, todos sabemos que sim. Não que eu conheça alguém assim, nem pensar, pois todos os que considero meus amigos, pessoas com as quais até tenho pouco contacto, não são assim. De qualquer forma tenho medo dessas pessoas, capazes de fazer mal aos outros para se servirem deles, sem depois serem capazes darem qualquer retorno saudável. Medo pelo mal que fazem, medo pela sua ausência de escrúpulos, medo pela sua total falta de principios, medo porque são imprevisíveis, medo pela sua total falta de capacidade de auto critica. E para mim um dos maiores defeitos de uma pessoa é ela não ser capaz de se avaliar e disso tirar consequências. Cá está de novo a filosofia barata, mas melhor pensar bem nestas palavras...

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

"Impossible n'est pas français"

Não gosto nada de queixumes, carpir mágoas ou criar impossibilidades. Pelos vistos estou a dar de mim uma imagem diferente. Uma pose pessimista que devo afastar por não corresponder à minha forma de estar na vida. Até já  amigos me têm ligado alertados para este estar que não corresponde ao homem que conhecem. É verdade que este último ano me trouxe alguns dissabores, assumidos e jamais revertidos para responsabilidade de terceiros. É verdade que muitas vezes tenho ultrapassado aquilo que me parece serem os limites da sensatez, para me "atirar" ás coisas impossíveis. É verdade que já me tinham alertado para o comportamento das pessoas, mas não para o de "certas" pessoas. Por isso nada tenho de que apresentar fatura, pois esses alertas foram ignorados em consciência. Quando assim é as ações ficam com quem as pratica, e nada mais a acrescentar. Não esperem, no entanto, que assista sentado á destruição do pouco que se construiu. Não dei parte do meu tempo, saúde e boa disposição para serem queimados na fogueira das vaidades e dos egos sempre prontos a pedir o escalpe do "indio" que oferece o corpo ás balas. E digo como Napoleão "impossible n'est pas français"

sábado, 8 de setembro de 2018

Bichos e pessoas

Para a minha neta Francisca não há bicho nem pessoa. Bicho e pessoa são ambos merecedores da sua atenção, afecto e partilha. Por isso dorme com os bichos na sua própria cama, que é o chão ! Claro, bicho na cama dela não, que a mamãe não deixa ! Mas de resto o seu sucesso junto da bicharada é tratá-los como iguais, dar iguais oportunidades de brincadeira, e no fim partilhar o repouso. A minha neta Francisca é de facto uma rapariga especial. Tem um dom que lhe permite penetrar no coração das pessoas, e até no coração dos bichos. E lá permanecer. Quem dera ao seu avô partilhar esse dom junto das pessoas !!! (ah! ah! ah!)  Mas todos os avôs não dirão o mesmo ? E Deus não pode dar a todos...

Magia do silêncio

Ontem concerto da Mahler Chamber Orchestra, dirigida pelo conceituado maestro Gustavo Dudamel, na Gulbenkien. Dudamel, de 37 anos, venezuelano, para além de um maestro de projeção mundial, foi também um dos inspiradores do El Sistema, programa de educação musical que há anos tráz para a música clássica muitos jovens de bairros pobres de Caracas, com extenção em Portugal na Orquestra Geração, constituida por jovens de todas as classes sociais ( aliás na passada quarta feira Dudamel aproveitou a vinda a Portugal para um grande ensaio com essa orquestra).
Mas voltando ao Concerto de ontem, tocava-se a 3ª Sinfonia de Shubert, e a 4ª Sinfonia de Mahler, obras de um reportório romântico. Fazendo o foco na 4ª Sinfonia de Mahler, obra escrita entre 1899 e 1900, a obra musical tem quatro andamentos, sendo o último cantado, neste caso pela cantora lirica Golda Schultz. A obra tem cerca de uma hora, e a música alterna momentos de grande dramatismo e intensidade com longos períodos calmos e mágicos. Mahler não é um autor fácil de seguir e exige muita concentração e introspeção. No último andamento interveio a cantora lírica que referi. Para o final a música vai-se estendendo como a água do mar rebentando suave numa praia, intercalada com golpes orquestrais, mas a suavidade vai ganhando espaço até que a música se extingue. Aí o maestro, a cantora e os músicos ficam estáticos como estátuas, na mesma posição durante mais de três minutos. O público nem mexe. Silêncio total, profundo e intenso. A tensão está na batuta de Dudamel, e todos a respeitam. Até que o maestro deixa cair a batuta, e todos respiram finalmente. O público irrompe num imenso aplauso que durará cerca de quinze minutos, em que o maestro e a diva regressam várias vezes ao palco. Mas ninguém lhes arrancou nem uma nota mais. O trabalho estava feito. Mágico.

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Medidas de auto proteção

Há pessoas que acreditam em coisas mesmo que todas as evidências as contrariem. Nem sei como classificá-las, acreditam de tal forma em si que correm o risco da arrogância, ou tão pouco confiantes na sua verdade que correm o risco de ser ingénuas. Ainda assim parece que prefiro as segundas. Isto porque acho a arrogância insuportável, e vejo-me muitas vezes rodeado dela por todos os lados. Penso que a ingenuidade é mais leve, e deixa-nos campo para acreditar mesmo nas coisas impossíveis. Pode até vencer as barreiras que as pessoas colocam há sua volta para as proteger de um mundo que as faz sofrer. É aquilo que aqui já chamei "a campânula". Eu próprio por vezes estou dentro de uma também. O problema é que as barreiras também pode ferir. Mas essas medidas de autoproteção apenas nos dão uma ilusão, pois na realidade há sempre forma de nos levar a fazer o que não queremos. Basta que não nos digam a verdade, ou que a ignoremos... que nos pintem um lindo cenário, e já agora que confiemos nas pessoas erradas. Acontece !!! Estar com as pessoas certas é o que nos protege. Mas como saber quem são elas !!!

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Amigos

Temos amigos. Amigos dos amigos. Amigos dos amigos dos nossos amigos. Na verdade estamos quase sozinhos.

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Estar cansado

Tem sido o meu estado de espirito nos ultimos tempos. Uma sensação de não saber se vale a pena. Por um lado levanto-me cedo com energia e vontade de viver. Mas o dia derruba-me. Os contratempos são muitos e manifestamente não tenho muito com quem os partilhar. O peso do meu corpo como que dispara, e as pernas começam a não querer levantar o resto do corpo. E uma fragilidade toma conta de mim. A isto chama-se estar cansado. Claro o calor nada ajuda, e as minhas ocupações só atrapalham. Mas entendo que neste momento as soluções dos problemas passam por cima do meu corpo, e deixam marcas. Já tempo demais a dar o corpo às balas, e estas vêm donde não se espera. Apoios são poucos e acabo mergulhado num "inferno particular". Eu, que sou por natureza um optimista, mergulho na descrença, e a saúde acompanha. Estado fisico e emocional desatinam, zangam-se um com o outro, "guerreiam", como se diz aqui nesta terra de "Guerreiros", e claro, ambos saem a perder. Procuro corrigir mas não há correção. Pessoas que me interessam não se interessam por mim, e o tempo começa a ser curto. No próximo mês chega os sessenta e seis anos e a contagem prossegue. É como se estivesse num beco sem saída. E com uma pesada bola de ferro presa num pé. Este o meu "Tratado sobre o  pessimismo", vindo desta pessoa positiva que sou. Ou represento ?

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Museu Nacional do Brasil

Aconteceu aquilo que é uma grande desgraça para um país. Neste caso para dois, ou para muitos mais. O incêncio no Museu do Brasil consumiu muito do que é testemunho da História do Brasil, e também da de Portugal que ali se uniam num terno abraço. Visitei em 1995 aquando da minha primeira visita ao Brasil, e posso constatar a importância documental e patrimonial. Residência oficial de quatro reis de Portugal, fundado por um deles D.João VI. O edificio é muito parecido com o Palácio da Ajuda, que visitámos em Abril deste ano, e foi projectado pelo mesmo arquitecto. Não ficou pedra sobre pedra, para além de uma ruína que será quase impossivel recuperar. São séculos de História que se vão. Isto serve também para pensar acerca do sub financeamento da cultura, no Brasil e em Portugal. Segundo relatado o estado do Museu do Brasil era de grande degradação a precisar de obras urgentes, como acontece a muitos em Portugal. Quando assim é, brincamos com o fogo, e depois queimamo-nos.

domingo, 2 de setembro de 2018

Domingo "by night" ...

Muitas vezes temos uma estranha sensação de que a casa é demasiado pequena. E sendo grande, só pode ter acontecido duas coisas: as paredes reduziram-se e o espaço agora livre é menor, ou nós aumentamos de tamanho o que pode suceder fora do domínio físico. Fácil de entender, mas tudo isto que parece ficção, é bem real em certos momentos, quando a solidão nos aperta a alma, ou a rejeição nos entristece o coração. Em qualquer dos casos há que deitar a cabeça de fora e respirar, o oxigénio que nos faz falta e de que se carece, nem está assim tão disponível, ou melhor está, mas nós não lhe temos acesso. Ou porque o procuramos e não nos é dado, ou porque nem sempre o procuramos no melhor local. Quem diz local diz pessoa, pois é de pessoas que falo. Mas adiante que a conversa está demasiado hermética para o meu gosto. É bem um post de domingo à noite...

sábado, 1 de setembro de 2018

Só nós três

A relação da minha neta Francisca e seus amigos caninos tornou-se umbilical. Onde ela vai eles vão atrás, onde eles estão ela está no meio. Acompanhada de carícias, lambidelas, sestas e outras brincadeiras, está sempre ao abrigo da proteção dos animais, o Elvis e o Pongo. A empatia é clara, e nem parece que afinal estes bichos nem são dela, são da tia e do Martim, e não vivem todos os dias com ela. Ela gosta de gostar deles, e eles retribuem. Na foto a Francisca após surripiar o "tablet" de alguém mais descuidado, está instalada, fazendo dos seus amigos braços de um sofá animal. Bem instalada e bem protegida. Os animais aproveitam a folga para uma sestinha e ficam a aguardar ordens.

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Tarde para aprender

Dia de receber, dia importante, em que se cumpre ou se fica com um peso de muitas toneladas. Uma enorme responsabilidade, um compromisso, e eu sou uma pessoa péssima com os compromissos. Faltar a um compromisso para mim é mortal. Felizmente "desaconteceu". Graças a Deus. Saber que pessoas aguardam este dia com ansiedade, que da nossa decisão depende o futuro imediato de gente que ganha muito pouco, que tem também compromissos, gente para alimentar. Nada que mais deteste do que falhar, nada que mais exerça pressão sobre os meus ombros. A minha relação com os compromissos é doentia e jamais deveria ter de os aceitar. Mas as coisas são o que são. Agora para mim é um peso demasiado, e nem sei como a minha vida se enredou num novelo assim, em que tudo se espera e pouco se reconhece. Entrou na rotina. A coisa "até corre bem" e ninguém está preparado para que corra mal. No entanto o risco de correr mal mantém-se, e cada vez os meus ombros são menores para aguentar tal responsabilidade, que poucos partilham, poucos apreciam e quase nenhuns reconhecem. É imenso o sentimento de solidão, quando nos vemos perante uma parede que avança para nós, e nos vemos sem ajudas, sem apoios, sem seguranças, sem margem de manobra, sem planos B, sem alternativas, sem mão onde agarrar, e ainda suportar com as incompreensões, exigências  e idiotices de alguns. De facto a vida prega-nos partidas que não se anteviam. Confiar nas pessoas tornou-se fatal, quase tanto como o "vírus ébola". E sobretudo lido mal com a palavra "não". O problema é que não sei desconfiar, ser opaco, ter várias caras. E agora é tarde para aprender.

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Perfeito vazio

Tem dias assim. Queremos fazer exercício e não podemos, ou podemos mas com grande esforço e sempre as pernas muito aquém da cabeça. Queremos falar com uma pessoa e ela não se disponibiliza para nós. Queremos pagar uma quantia mas não temos saldo. Queremos deslocar para ir buscar um papel mas as escadas fazem pensar se não será melhor ficar para depois. Queremos depositar um cheque mas a quantia estava errada. Queremos aproximar de alguém mas esse alguém ignora-nos. Felizmente em casa fiz o almoço que queria e o corpo repousou numa tarde de sono profundo. Tomara nem acordar desse sono. Tem dias  assim. São apenas dias e nada mais. Dias.

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Entre pedras e pedrinhas

Esta manhã no ATL fiz a última sessão deste Verão. Desta vez fui poupado pois a minha energia também se descarrega, e apenas porque gosto muito vou sempre participando, mas cada vez menos tempo. Tudo acaba por ter um final, e tenho tanta coisa que me espreme a energia positiva que ainda vou tendo !  Mas o ATL é algo que faço com gosto. Em frente, contra o muro das lamentações. Fico a pensar quando observo algum dos pequenos e noto que o ensino artistico podia fazer deles outra coisa, ou ajudar a serem melhores. Um dos pequenos deste ATL manifestamente supera-se. Começa a fazer algo que nós não entendemos o que seja, mas sente-se que não quer ser ajudado e na cabeça dele já está alguma coisa projectada. Demora a arrancar mas aos poucos começa a ver-se ali uma ideia, bem definida, bem executada, e com um toque pessoal. É arte a nascer, ou como quisermos chamar. Mas certo que nele algo fervilha que se exprime desta forma. No final o resultado é sempre inesperado, e diferente do que se previa ou sugeriu. É a ideia dele materializada. Fora deste contexto nem conheço a criança, não sei se é bom ou mau aluno, empenhado ou preguiçoso, mas sei que as artes podiam fazer alguma coisa por ele, ou ele pelas artes !

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Foto do dia

Recebi uma foto da minha neta na piscina, metida na sua bóia na maior expressão de gozo e prazer que tenho visto nos últimos tempos, mostrando o quanto delira com a "sua piscina", o quanto retira da sua curta vida. Dois anos e picos e vibra com a vida como se se esgotasse tudo num minuto. Como se tudo fosse feito para ser desfrutado. E comprovo que o faz de uma forma que contagia. Sem querer começo a pensar nos sessenta e tal anos, e aquilo que perdemos, a incapacidade de projectar um futuro feito de bem estar e felicidade. As crianças bem nos tentam ensinar mas, burro que sou, não aprendo. Talvez porque permitimos que outros nos imponham a sua vontade, e na verdade somos impotentes para imaginar uma vida para ser vivida ao minuto, tirando partido dele como se não tivessemos mais nenhum. Não, o futuro faz nos pensar e impede-nos de viver livres, o passado das histórias de vida, bem ou mal passadas, interfere, constrange e limita, e o receio impede-nos de arriscar. E o contador vai marcando o tempo desprezado.

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Fim de festa

Vou á vila de Garvão várias vezes por semana, há vários meses, ao longo de alguns anos. Aulas de pintura, ATL, apoios pontuais quando me pedem, outros menos pontuais quando a cabeça me impõe, mas em geral de boa vontade. Agora houve as festas da terra, mas mantive-me afastado. Por um lado o meu caracter anti social vem ao de cima, na realidade nem teria companhia, e festa é coisa para se fazer em conjunto, por outro chego-me pouco nas "mines", ainda menos nas "litrosas", arraiais chateiam-me, e touros gosto muito muito, mas é vê-los ao longe a comer a erva dos campos, nas praças ou nas ruas não contam comigo. Assim a imagem que mais gosto é mesmo a que acompanha este post. O fim de festa. Gosto muito desse momento em que se arreiam os andores, as bandeirinhas e as flores de papel  ficam espalhadas "como calha" finalmente livres para irem para onde quiserem. Estéticamente detesto a organização... embora não possa viver sem ela.

domingo, 26 de agosto de 2018

Barriga cheia

Este fim de semana foi da minha neta. Veio de visita e ficou sábado e domingo, enchendo-se de avô e o avô dela. Pulou, saltou, dormiu, brincou com o seu avô e o avô com ela, com muita intensidade e afecto. É uma relação bonita, mais uma incondicional, cheia de pele, em que é manifesto a apelo do sangue. Irriqueta, enérgica, brincalhona, adora os adultos na medida em que estes são o seu brinquedo preferido. O pequeno diabo encanta pela sua graça, pelos seus olhos negros, e pela forma sempre forte como todos envolve, ao avô em particular. Fiquei de barriga cheia, mas também absolutamente de rastos, pois a minha energia já não acompanha a sua energia. Claro nem dou parte de fraco, mas muitas vezes ultrapassa-me e pede mais que aquilo que poderia dar. Não importa, quando o meu afecto é desprezado por outros, ainda bem que existes Maria Francisca para me compensar.

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Falar prós seus sapatos

Habitualmente coloco os meus posts no Facebook, a partir de coisas que escrevo, ou fotos que tiro, e em geral com base no blog. Isso permite "gerar tráfego" no blog, coisa que, sem me preocupar grandemente, vou acompanhando com frequência, Toda a gente gosta de saber que não está a falar sozinho ou como se diz em bom português "pró boneco". Claro que há posts que guardo apenas no blog e não partilho, por conterem assuntso mais intimos, que pouco interessam aos outros, ou falarem de política, que é assunto meu, ou por manifestamente não terem interesse no grande público dos meus "amigos" do Face, que é grupo heterógeneo, e formado por pessoas que algumas nem conheço pessoalmente, apesar de não aceitar amizades sem uma análise minima. Tenho assim noção do que as pessoas gostam de ver, falo em pessoas mas estou no grupo limitado daquelas que têm amizade no Face. E o que gostam é de fotografias de pessoas, em primeiro lugar, esse é o assunto que gera mais likes e mais contactos. Depois tudo o que tenha a ver com o lugar onde estamos, desde que acompanhado da fotografia da ordem. Sem foto não há movimento, ou apenas muito pouco. Finalmente assuntos que começaram a desinteressar o meu grupo, os temas culturais, livros, música e filmes. Há algum tempo ainda tinham alguma aceitação, mas agora caminha para o zero absoluto. Nota-se a progressão da ileteracia, da incultura e da fútilidade. Depois temos aquilo a que chamo as frases feitas tipo "miss mundo", são frases que toda a gente concorda de banais que são, mas temos de imaginar que nos tempo actuais muita gente é a coisa mais elaborada que consegue ler, e muitas pautam as suas vidas por essa citações, muitas vezes falsas, de pessoas algumas inexistentes, e que repetidas e postadas mil vezes se tornam filosofia de vida, barata, banal e vulgar. Muita gente daí não passa. Esta a minha experiência e decerto muitos concordarão. Caminhamos para um mundo de iletrados especialistas, que pode saber muito de muito pouco, mas não cruzam conhecimentos, ideias ou sentimentos. Triste, mas é assim e não podemos mudar. Só mesmo para pior. Sad !!!

Um livro para férias no campo ou na praia, pois passa-se num poço onde mulheres se afogam

Acabei de ler "Escrito na Água" aquele livro esperado pelos que apreciaram "A Rapariga do Comboio", de Paula Hawkins, sendo esse o meu caso. Não penso que esteja no mesmo nível, mas para mim é bom para uma leitura de férias, e como o "senhor Carlos" está sempre de férias, farta-se de ler, tudo lê desde jornais, livros, rótulos de iogurtes, facturas, sendo esta a menos preferida. Mas "voltando à vaca fria", hoje já se usa pouco a leitura tradicional, pena, mas este será um bom livro para retomar o contacto. Mostra este livro que afinal as situações misticas, lendas, adivinhações funestas, declínio, determinismo, destinos marcados, acabam sempre por ter explicação bem mais prosaica, e no caso de terem por consequência a morte criminosa, estará sempre presente uma das três motivações criminosas de ser humano, o dinheiro, o sexo e a maldade humana pura e simples. É o caso, e afinal escrito na água, na pedra, no papel, no tablet, seja onde fôr, crime é crime, e caímos sempre num dos três motivos anteriormente citados. "Quod erat demonstratum" !!!

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Revista

Como algumas pessoas sabem, ou deveriam saber, o processo muitas vezes vale mais do que o resultado. Não que o resultado seja apoucado, mas toda a actividade que se estruturou para o obter tem muito valor e muitas vezes esse valor nem se reflecte como merece. Lá está de novo o "senhor Carlos" com o seu pendor para a filosofia barata. Pois é verdade, mas não é por acaso que há muitos anos atrás me chamavam "engenheiro psicólogo", talvez porque nada sabia nem de uma coisa nem doutra !!! . Passemos à frente. Esta conversa vem a propósito da simples revistinha que o meninos e meninas do ATL fizeram. O resultado ficou bonito, mas mais bonito é o envolvimento de todos para que esse resultado seja obtido, e principalmente os seus autores. A maneira como tratamos as crianças deveria ser a melhor forma de chegar aos pais, e de os sensibilizar para a importância de certas causas sociais que muitas vezes desprezam. Mas nem todos são iguais, se se chegar a um em dez, já estaremos bem. Ficam para já os pequenos trabalhos que fizeram, as visitas, as saídas, um conjunto de actividades que proporcionam uns dias diferentes a todos. Por isso julgo que vale a pena, e serei sempre um defensor de nos envolvermos e patrocinarmos dentro do possivel esta ocupação de tempos livres.

terça-feira, 21 de agosto de 2018

Raizes

Recebi uma foto simpática de uma das minha filhas que eu chamaria visita às raízes. A foto foi tirada na cidade serrana de Manteigas de onde é originária a família da mãe, e mostra-a á porta dos avós já falecidos há cerca de vinte anos, nem posso precisar. Acontece que os filhos se organizaram para manter a pequena casa em pé, mesmo no centro da cidade, e poderem assim visitar quando entenderem, extensivo aos netos que acarinharam a ideia. Por vezes a casa é utilizada para férias, ou apenas para encontrar uma recordação das raízes, pois parte da sua origem está ligada aquela terra e áquela casa em particular. Mostra que a descendência, que é vasta, reconhece ali parte de si. Penso que num tempo em que estamos muitas vezes urbanizados, em casas impessoais, rodeados de estranhos, é bom ter sempre um referência. afinal ter o seu "quadrado". Não é que ela sirva de rectaguarda fisica, nem pensar, mas saber de onde viemos ajuda a saber para onde queremos ir. Claro falo assim, embora resida agora num local onde esses problemas nem se põem, pois aqui a família tem uma presença forte na vida das pessoas, a estrutura familiar ainda permanece em muitos casos unida, onde quase todos têm familiares próximo. Embora com os riscos de se viver em grupo, coisa que não aceitaria para mim, essa estrutura é positiva e o apoio dela é uma mais valia. Infelizmente é rede a que pouco posso recorrer. Sou mais do tipo anti-social, e nada fácil para mim "puxar palavra" com alguém. É preciso querer muito ...

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Interior

Estou colaborando numa pequena instituição que possui uma unidade de cuidados de saúde. Tem um pequeno defeito que lhe deita tudo a perder. Está no interior, diria mesmo, no interior do interior. É que muito se fala agora de Pedrogão, Castanheira de Pêra, Figueiró dos Vinhos, Pampilhosa. Todos os ministros, lideres políticos, primeiro ministro, presidente, se desdobram em visitas, planos, projectos, infelizmente por razões tristes, estes locais acabam por estar na moda. Mas como diz o povo "há mais Marias na terra". Sendo um alfacinha de gema, vejo com pena a dificuldade que é fazer alguma coisa no interior de BA, onde tudo é dificil, envelhecimento, desertificação, pouca instrução, nem diria pouca formação, pois cursos de formação não faltam a quem se quer tornar em profissional deles. Agora nesta pequena instituição submetida ás mesmas regras de funcionamento de uma situada em Almada ou em Sintra, entra gente sai gente, poucos ficam, poucos se fixam, excepto aqueles que são naturais da terra, e mesmo esses ! Permanentemente com o credo na boca com medo de perder as pessoas, a quem, diga-se de passagem, não se pode pagar muito, para compensar o esforço de estar num local como este. Qualquer assistência necessária é prestada mal, à pressa e custa uma fortuna só em deslocações. Vou dizer uma coisa estúpida, mas nem tem árvores para arder. Assim o ministro não vem, e o abandono é sempre o que paira no horizonte. Talvez se o ministro viesse acabasse tudo na mesma.

domingo, 19 de agosto de 2018

Pessoas

Pela nossa vida passam pessoas, pessoas e pessoas. Umas deixam-nos uma imensa carga, um peso de más experiências, e cada minuto que passámos com elas pareceu horas. Infelizmente quando nos apercebemos disso já muito foi soterrado debaixo dessa carga, e o que da vida poderia ter sido prazer e felicidade sucumbiu sob um mundo de exigências, pressupostos, imposições, para não dizer pior. Laços desfizeram-se por sua intransigência, redes que foram desmanteladas e agora nos fazem falta, vinculos desfeitos, amizades perdidas. Há uma máxima que deveriamos aplicar mas que sempre esquecemos e que é "nunca gostes de alguém que não gosta das pessoas de que tu gostas". Sempre achamos que a ligação com essa pessoa será mais forte e tudo compensará. Errado ! Depois temos pessoas que passam como raios de luz. Tudo foi muito rápido, leve mas muito luminoso, quando pensamos o que fazer com tanta luz, esta apaga-se e fica-se na escuridão. Temos ainda pessoas que nos dão a confiança e a solidez, e estão disponíveis sem se imporem nem pedirem nada em troca, apenas porque estão bem no ambiente que lhes criamos, e geram para nós um ambiente que nos faz sentir tranquilos. Com essas pessoas entramos em portas diferentes de um enorme centro comercial e sempre nos encontramos pois os nossos passos nos conduzem ao encontro. Não estou aqui a falar de frases feitas, como aquelas banalidades com que sempre tropeçamos na internet. Falo de experiência própria pois já encontrei todos estes tipos de pessoas e talvez outras aqui não descritas. Vivi com elas e ainda hoje carrego algumas das dores dessas ligações. Por muito que queiramos o passado não se apaga com o botão "delete", e não é para apagar, pois é uma riqueza e não um fardo. Há no entanto que o domesticar, e colocá-lo onde deve ser posto, a pasta dos processos arquivados. Nalguns casos passar primeiro no triturador de papel...

sábado, 18 de agosto de 2018

Amor incondicional

Para quem tem filhas como eu tenho, e se tenha habituado com o tempo à sua companhia, mesmo que à distância, sabe do que falo. Aquele sentimento de permanente e imensa cumplicidade capaz de tudo aceitar e tudo perdoar. É o chamado amor incondicional, aquele que aceita sempre um copo meio vazio como um copo quase cheio. Ilusão de pai para quem as filhas são como que "eternas namoradas". E nós acabamos sendo "eternos heróis". Acabamos mesmo convencendo-nos de que incondicional quer dizer exclusivo. Errado ! Escaldados pelos trambulhões emocionais, pelas experiências de falhanços e quedas, de voltar a levantar, parece que ali, junto daquelas raparigas, encontramos porto seguro. Ora elas também têm os seus trambulhões e nem sempre representam a estabilidade. Além de que todo o ser humano quer ter a sua vida com tudo a que tem direito, Quem quer ter uma criança tem criança, e aqui falo daquela coisinha fofa em que penso todos os dias, a neta, quem prefere ter cão tem cão. O amor esse permanece incondicional. Mas por mais que se dê voltas, ninguém merece a nossa exclusividade. A vida é uma estrada que tem várias ramificações, a ciência está em conseguir seguir os melhores caminhos. Muitas vezes nem acertamos. Na foto podemos ver os meus "amores incondicionais", as filhas do "senhor Carlos", agora em formato "cerimónia 4.0", e a prova de que o justificam plenamente.

Antigo ??

Andava procurando uma capa para o meu "smartphone", que a minha já se desfaz, ali para os lados de Castro, e decidi ir a uma loja Phone House  num centro comercial, daqueles que nem cheiram muito bem, e cheio de gente na esplanada, gordos, falando alto, enfim um bom ambiente urbano para gente rural. A menina era de enorme simpatia, apetecia mesmo comprar-lhe qualquer coisa... Ao ver o meu aparelho diz ela "Para estes telemóveis antigos já não tenho capas, e será dificil encontrar!" Parece que estavamos a falar de um telemóvel tijolo, dos primórdios da comunicação sem fios, arcaico e sem funções daquelas que não servem pra nada ! Mas na realidade o meu ainda nem fez três anos (faz em Outubro como o seu dono...), e já merece o epíteto de "antigo". Mas que noção do tempo existe agora neste comércio modernaço. Para a simpática criatura eu deveria comprar um novo e aproveitava e levava a capa também. Mas é isto a sociedade do desperdício, incutido pelos interesses comercias nas cabecinhas ocas destas jovens. Um telemóvel de três anos deve durar mais três, no meu modo de ver, se calhar o meu modo de ver é que é antigo, a menos que seja verdade que a sua morte esteja logo programada à partida, como parece ser a prática da Apple. Apetecia-me comprar qualquer coisa à jovem vendedora, pela sua simpatia, mas acabei apenas por trazer umas revistinhas para ver as "fantásticas" promoções e logo decidir. Decidir que não vou decidir claro ! E o telefone "esperto" que se aguente na sua capa miserável, pelo menos mais três anos. A menos que a morte já lhe esteja ditada.

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Aceitar

Os últimos dias têm sido de arrasar. Mistura de sentimentos contraditórios, contradições, dúvidas, falsas certezas, rejeição e afastamento. Depois caiu tudo quando a presença de outra pessoa, a mãe, só complica. A paciência vai-se, o tempo é devorado em tarefas do quotidiano, e a saúde afinal nem ajuda. Finalmente no meio de tudo isto a minha organização esvai-se, o tempo contrai-se, a vida esboroa, e tudo aponta para a espiral depressiva. O calor também chateia, e o que poderia ser um belo dia de praia, é apenas um pretexto para a sombra, para a retração e para o inchaço. A questão é sempre a mesma, a solidão de quem põe o braço fora da água, e não sente a presença de qualquer embarcação. Complicado, sim, mas nada que o tempo não acabe por ajudar a resolver. A questão é que tudo foi demasiado rápido, demasiado imprevisivel, demasiado para alguém com principios de vida sólidos, e uma ética estupidamente obsoleta. Claro aceito tudo como mais uma dádiva, mais uma experiência, mais uma prova de resistência que Deus está-me proporcionando. E já foram tantas que nem teria de me admirar. Estou a aproximar os sessenta e seis, e se as estatisticas fossem a lei de Deus só teria mais cinco anos de vida. Felizmente ou não, as estatisticas são apenas estatisticas e Deus está-se nas tintas para elas. Veja-se o meu amigo Vitor, qual seria a probabilidade de morrer aos 64 ? E desde ontem ele lá está, chamado à Sua presença. Vamos aceitar e esperar. Deus tudo vê e tudo aprecia.

Vida de reformado

Não sei se repararam que ultimamente se tem falado muito em acabar com a reforma compulsiva aos setenta anos. Isto é uma pessoa poder trabalhar para o Estado ou instituições públicas até ao fim da vida no caso de o desejar. No privado isso já sucede. Graças a Deus. Eu detesto decisões compulsivas, o ser obrigado a, provoca em mim um desejo imediato de contrariar, de contornar ou desobedecer. E vejo como homens de grande nível são obrigados a parar, e o Estado e o povão a perderem o contributo de pessoas que queriam contribuir com muito préstimo. Temos vários casos mas talvez o que disparou a discussão foi o do grande cirurgião Manuel Antunes, obrigado a reformar-se, ou do Prof. José Fragata, o homem que me salvou da ruína e da morte, a caminhar também para lá. Agora até eu sou reformado também, embora ainda nem tivesse chegado à idade, e levo essa célebre vida de reformado, em que se joga ás cartas, em que se está a polir bancos do jardim, no caso dos homens, ou a lamber os netos no caso das mulheres. A isto se adiciona no Alentejo ter por perto umas "mines". Mas a minha vida de reformado é um pouco diferente. Pus me a pensar que hoje levantei pelas sete horas, depois de aprontar café da manhã para dois, eu a mãe, saí para ir ao banco tratar de assuntos alheios, depois para outro multibanco onde paguei contas que não eram minhas, aí fui ao Pingo, a mania de comer sardinhas ao sábado, depois fui tratar de comprar um cartão para o telefone, pensei que as sardinhas e outro peixe não gostariam da manhã na mala do carro, passei por casa a amanhar e congelar o que disso precisava, depois fiz quinze quilómetros de carro, era preciso passar na unidade para tratar de papéis, a propósito de papéis, faltavam folhas para fotocopiadora, pelo que fiz mais quinze para vir ao Pingo de novo e outros quinze para regressar, mais umas decisões e umas conversas, aí veio o almoço, desta não tinha do fazer, e tive companhia, ufff, após o que regressei a casa, outros quinze, e no total sessenta quilómetros. Cheguei a casa pelas quinze e só mesmo a cama me chamava. Quais "mines", quais cartas, quais banco do jardim. Á minha medida, nada de comparar com os grandes homens que atrás citei, quem corre por gosto... A isto se chama uma bela vida de reformado... Já lá diziam os outros "arbeit macht frei". Teriam razão ? (para quem não saiba falo da célebre máxima nazi "o trabalho liberta", afixada nos portões dos campos de concentração, libertação num local daqueles... nem a brincar)

A morte saiu à rua

Esta música no título era uma música que gostávamos, mas no dia de hoje tem outro sentido. Refiro aqui a morte de um amigo meu de infância que ocorreu hoje e de que tomei conhecimento agora mesmo na internet. Era Vitor Reia Batista de seu nome, era professor na Universidade do Algarve, doutorado em Comunicação por imagem, especialista em Cinema, e dirigia o curso de Ciências da Comunicação. A doença já o tinha afastado do ensino há alguns meses, tinha 64 anos, menos um ano que eu. Conhecemo-nos em 1968, ele com 14 e eu com 16 anos, e até 1973 partilhamos gostos, experiências, escrevemos coisas em conjunto, até uma peça de teatro que nunca subiu em cena nenhuma, poesia de que era eu mais dotado, pois até publiquei, mas também muitos dias de praia na Costa da Caparica, onde morávamos, só não partilhámos namoradas, nessa altura não se usava, e os hábitos eram mais contidos. Ainda andamos em conjunto em Engenharia no Técnico, mas em 1972 o meu amigo decidiu sair para a Suécia, num dia de Agosto em que começou a pedir boleia na Rotunda do Relógio, e de boleia em boleia chegou á Suécia onde pediu exílio ás autoridades. Não esquecer que estavamos em plena guerra colonial para a qual seriamos arrastados a qualquer momento. Ainda estive com ele em Lund na Suécia em Setembro de 1973 a ver no que dava, mas como não tinha risco de incorporação militar, regressei e o Vitor ficou, voltando em 1975, para integrar o Verão quente. Tinha estudado Comunicação e Cinema na Suécia, e dado o arranque da Universidade do Algarve e ausência de licenciados nessa área, antes do 25 de Abril certos cursos estavam proibidos, como jornalismo, sociologia, cinema, etç etç. E ficou por lá. Ainda nos visitamos algumas vezes poucas, e mais recentemente tinha-me prometido uma visita quando se livrasse "desta porcaria". Referia se ao cancro. Não se livrou e a visita ficou adiada "ad eternum". Era um rapaz de esquerda como eu, mas desalinhado e sem esquerda definida, como eu, mais de causas do que de politicas, como eu ! É já o segundo amigo de infância que me morre. Se calhar eu estive mais perto da morte, mas Deus terá gostado mais do Vitor por isso o chamou. Vitor agora vais ter de comunicar mais com Deus. Que a tua alma agitada encontre repouso. Fiquei muito triste.

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

I say a little prayer for you

Foi a notícia do dia, aos 76 anos morreu Aretha Franklin. Uma voz e uma vida que cantou no funeral de Martin Luther King, e na tomada de posse da Barack Obama, tal a dimensão do seu talento. Nos meus dezasete anos em que juntava tostões para comprar uns discos, "Aretha Now" foi o segundo LP que comprei na vida, por influência de uma correspondente belga (quem se lembra das correspondentes...na era do whatsapp ). Boa escolha que fiz e aí conheci melhor o soul, e a voz e interpretação de Aretha. Demorou uns meses a juntar os 180 escudos que custou. Lá dentro entre as doze canções de um LP vinha "I say a little prayer for you", uma das canções mais bonitas de sempre. E a sua voz empolgava. Sabia também o seu envolvimento na luta pelos direitos cívicos, e a sua voz destacada nessa batalha pela igualdade de direitos para os negros. Não sabia que iria evocar esta música no dia da sua morte. Vinha também "Respect", já popularizada por Otis Redding, ligada com essa luta pelo respeito pelo Homem. Recentemente adquiri um conjunto dos cinco CD mais importantes dela, e lá estava a versãp digital de "Aretha Now". Calou-se a voz, ficam os registos para continuar a ouvir . Talvez outros presidentes americanos precisem ! (Na foto a capa desse disco de 1968 )

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Ganhar e perder

Todos os dias se ganham pequenas batalhas todos os dias se perdem pequenas batalhas. Mas nem todos os dias se ganham amizades ou se perdem amizades. Não é todos os dias que se conhecem pessoas amigas, mas quando as perdemos fica sempre um vazio. E se as perdemos sem saber que já as tinhamos perdido e qual a razão, esse vazio transforma-se em decepção e em mágoa. Acontece na vida, e temos de aceitar. Os outros têm razões que desconhecemos e se, ao ser-lhes perguntado, não respondem, fica margem para toda a efabulação. Tenta-se perceber, perceber, perceber, e nada. Tenta-se usar a lógica, a matemática, a psicologia, as ferramentas que permitem compreender a alma humana e nada ! Continuamos sem perceber. Aí só nos resta aceitar o desprezo, ler os sinais, compreender os indícios, sem mostrar arrependimento, ou frustração, digerindo a dor, agradecendo o que foi recebido, e procurando colmatar o vazio. Claro, uma pessoa não substitui outra, e a ingratidão destrói. Prova-se assim do mesmo veneno. Se calhar estava mesmo a pedi-las.

terça-feira, 14 de agosto de 2018

Como lidar com a vida quando a vida não nos quer ?

Assisti a algo que não pensava assistir. E felizmente desviei o olhar. Uma criança que vai ser entregue a uma instituição a despedir-se do seu familiar mais próximo. Era mesmo a despedida e por algum tempo uma efectiva separação. Claro casos destes não podem ter boas soluções, apenas as menos más. E no caso esta a menos má. Acontece que não estamos preparados, e aqui tiro o chapéu aos técnicos que lidam com estes casos mantendo o sangue frio e procurando no meio do drama o caminho da vida. Não seria para mim... Acontece que quando a vida nos rejeita como lidar com ela ? Quando a família falha, pais falham ou não podem acorrer pela sua situação concreta, a própria criança falha pois não conseguiu integrar a sua diferença, nem fazer se aceitar, há apenas uma solução que é a sociedade não falhar. Mas conhecendo a situação em concreto não consigo imaginar o que será o futuro para crianças como estas, o que as espera na curva da estrada. Claro ali houve choro e a consciência de que seria um longo adeus. Um adeus sem regresso, mas que se pode transformar numa luz no fundo do túnel, assim a sociedade e as suas instituições não falhem. O problema é que falham muitas vezes. Terminando com um olhar pessoal, eu mesmo algumas vezes sinto necessidade de responder à pergunta que formulo no título deste post, pois essa sensação de não ser querido pela vida faz muitas vezes parte da minha própria vivência. E como lidar então com a rejeição ? Sobretudo como lidar sózinho com a rejeição ? Isso é para Homens superiores. Que traçam caminhos, percorrem, e vão até ao fim independentemente dos outros e das suas contrariedades. É para fortes, não é o caso de uma criança sem defesas ou de um "velhote adoentado"... Melhor esquecer, melhor ultrapassar, melhor julgar-se mesmo um homem superior !!!

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Simplesmente... um pic nic

Hoje na Associação realizaram um pic nic. De manhã pela fresca, o município cedeu o autocarro, a Barragem da Rocha cedeu o local, o sol cedeu o calor, a brisa cedeu o fresco, os meninos e meninas do ATL cederam a sua presença, os idosos de Centro de Dia também, e depois há aqueles que cederam a sua vontade e força para colocar toda esta gente dentro do autocarro. E destes precisa de se falar, pois temos de imaginar como colocar uma pessoa de cadeira de rodas num veículo sem acesso para pessoas com dificuldade de mobilidade, pegar em peso, fazer subir uma escada e sentar, bem como o movimento inverso. Pior ainda será convencer a pessoa que está em segurança, e que no meio não haverá nenhum percalce. Coisas para pessoas especiais, que decerto deram o melhor de si. São coisas do dia a dia. Um pic nic, bahhh, que vulgaridade, como pode ser notícia ? Mas para cada pessoa colocada na sombra das árvores um mundo de vontades tem de se reunir. Tudo simples, tudo certo, mas tudo dificil. Já agora a ideia de misturar os jovens do ATL com os idosos é algo mais do que uma boa ideia. É uma boa maneira de estar na vida.

domingo, 12 de agosto de 2018

O passado e o presente

Assim têm sido os ultimos dias com a permanência da mãe na minha casa. Para passar alguns dias das férias da pessoa que a costuma "acompanhar". Um mergulho no passado, como se esse passado fizesse parte do presente. As situações vividas há mais de cinquenta anos entram na "conversa" como se fossem factos de ontem. Assim se estivermos a falar do medicamento que está a tomar agora para as dores, dirá que sim, que o fulano de tal, tomava isto ou aquilo, e isso é que era bom,  sendo que esse fulano terá falecido há 50 anos. É curioso como a memória de factos passados se apruma, enquanto a do presente próximo se torna difusa, imprecisa, e sem rigor. Talvez a quantidade de factos que ocorrem no presente leve a nada reter, tudo baralhar e tudo confundir. Sobre factos passados já foi feita uma seleção natural e apenas muito poucos factos permanecem retidos, mas estes com precisão. Assim no presente temos quantidade, no passado temos qualidade. Agora para o paciente interlocutor (o filho...) é de rasgar as vestes ! Não será má vontade mas é dificil manter conversa, e conversa é o que mais quer, uma vez que leva a vida sozinha. O problema é que o "senhor Carlos" também. E de repente ser transportado do presente ao passado, e linguarejar em tempos tão diferentes, acerca de pessoas que nunca conheci, acerca de factos banais, como se fossem realidade do dia, é um exercício inacessível a um solitário inveterado, habituado a outro tipo de "diálogos". So help me God !!!

Domingo de Alarcón

Quem me conhece bem, e muito poucos incluo neste grupo restrito, sabe que gosto muito de ciclismo, eu próprio dei umas pedaladas em BTT, quando nos anos noventa esta modalidade chegou a Portugal, e havia na Renault onde trabalhava, um grande grupo de amigos que todos os domingos se juntava para fazer uns passeios na Arrábida, nos trilhos até Sesimbra e regressava, cheios de fome, poeira mas de alma limpa. Ali não se distinguia chefes, subordinados, engenheiros ou operários, era tudo gente das duas rodas. Lembro com saudade o colega Cara Nova, nosso mentor, de quem eu era chefe lá na fábrica, mas ali tinha-lhe respeitinho, pois era ele quem decidia o melhor para o grupo. Penso que terá falecido já. Eu próprio acabei por ter um enfarte montado em bicicleta, mas isso são contas de outro rosário. Sempre apreciei este desporto feito de superação, sofrimento e alegria. Vem tudo isto acerca da Volta a Portugal, que assisto sempre na televisão, e a admiração que tenho por aquela gente que se dedica por tostões, pois ali todos são profissionais, e atiram-se à estrada e às montanhas num esforço diário, num desgaste permanente, dando um exemplo de luta, superação e humildade. Este ano, como no ano passado, Raul Alarcón domina. E não se esconde atrás dos companheiros para estes o levarem ao colo. Tem tido uma posição relevante ganha à custa de trabalho e dedicação. Sendo espanhol, corre por uma equipa portuguesa, o FCP. E dá um exemplo às primadonas do futebol, cheias de mimo, embirrentas logo na primeira contrariedade, exigindo sempre muito dinheiro e um par de botas. Hoje termina, o desfecho é incerto, mas Alarcón já ganhou pela sua força, persistência e capacidade de trabalho. Ainda bem que há desportos que se vencem no terreno e não na secretaria, ou melhor na "tesouraria".